Quinta-feira, 25 de Abril de 2002 (Privada/Telefone)
Participantes: Mary (Michael) e Carla (Jilliane)
Tradução: Amadeu Duarte
Elias chega às 11:50 da manhã. (Tempo de chegada é de 23 segundos.)
ELIAS: Bom dia!
CARLA: Bom dia!
ELIAS: Ah ah ah! De que modo vamos prosseguir, hoje?
CARLA: Muitas perguntas!
ELIAS: Muito bem.
CARLA: Montes de mudanças, Elias, montes de mudanças na minha vida neste exacto momento, desde que conversamos, em Agosto passado. Penso que quero tocar no... Bom, nós estamos a vender a nossa casa neste momento, o que não é propriamente algo com que eu entre em conflito. Só estou em conflito por causa da forma como o processo está a decorrer. Não estou verdadeiramente certa daquilo que estou a tentar conseguir, aqui. Eu quero uma mudança, só que me estou a direccionar no sentido dela de um modo drástico.
Nós vendemos a nossa casa e o meu marido e as crianças mudaram para Minneapolis, que era uma coisa que não queria mas de qualquer maneira... Não sei se será necessário; contudo, eu compreendo. Gostava de saber se poderias fazer algum comentário sobre o que estou exactamente a fazer neste momento.
ELIAS: Especifica a natureza do Conflito que estás a sentir.
CARLA: Nós vendemos a casa, todavia estou a gastar o meu precioso tempo com o acondicionamento de tudo e a mudança. O maior conflito que sinto prende-se com o facto de não ter a certeza quanto ao local para onde quero ir. Não quero mudar-me para Minneapolis, e já tive ocasião de referir isso duma forma inequívoca. O conflito tem que ver com o facto de não saber para onde quero ir.
ELIAS: Muito bem, desse modo estás a dar expressão àquilo que não queres; Agora dá ouvidos a ti própria e àquilo que comunicas a ti própria. Permite-te acalmar-te e dar ouvidos àquilo que comunicas a ti própria, e desse modo identifica aquilo que queres.
CARLA: Estou neste instante ciente de que com a venda da casa e a deslocação que ela implica faz parte daquilo que quero.
ELIAS: Exacto.
CARLA: Mas isso só nos conduz até este ponto, mas que será que quero a seguir a isso?
ELIAS: Deixa, antes de mais, que te diga que estás a sugerir a ti própria imagens e notificações relativas àquilo que não desejas, que se podem plasmar numa expressão de não desejar deslocares-te para uma localidade específica, mas não é nisso que reside aquilo que estás a comunicar a ti própria.
Agora; com isso, passemos a examinar juntos a presente situação. Esta é a razão porque não estás necessariamente a apresentar a ti própria uma identificação daquilo que queres em relação à deslocação para uma área física, por isso não consistir na questão do que comunicas a ti própria.
Bom; já me expressaste que a tua família se mudou para essa cidade e o facto de já teres procedido à notificação de ti própria no sentido de não pretenderes necessariamente deslocar-te para essa cidade.
Agora; vamos tentar identificar aquilo que está a ocorrer neste cenário, aquilo que estás a experimentar, de modo a podermos examinar a natureza do comunicado?
CARLA: Eu sei aquilo que estou a fazer, só não o consigo descrever por palavras. Não me sinto alarmada pelo facto simplesmente por ter consciência disso, por ter noção daquilo que estou a fazer, mas encontro-me impossibilitada de o descrever verbalmente. Não é que esteja a deixar de ter confiança em mim própria em relação a este percurso.
ELIAS: Tu não estás a deixar de confiar em ti no que...
CARLA: Naquilo que estou a criar. É por isso que não me sinto alarmada. Não existe qualquer resíduo de medo, nem sombra de preocupação, por ser do género: “Para onde é que quero ir?” Mas isso não é avassalador.
ELIAS: Eu estou a compreender. Aquilo que te estou a transmitir é uma oportunidade de perceberes com uma maior clareza aquilo que estás efectivamente a gerar. Lembra-te que as imagens objectivas são bastante abstractas; por isso a deslocação física efectiva para uma localidade não representa o cerne da preocupação.
CARLA: Muito bem, é irrelevante.
ELIAS: De certo modo, é. Porque aquilo que estás a criar proporciona-te uma expressão de energia exterior e uma notificação, e nesse contexto tu experimentas a percepção de não te estão a dar ouvidos. Por isso, segundo a percepção que tens, a atenção dos outros não está a ser dirigida para ti nem para a confirmação daquilo que estás a comunicar.
Agora; isso é significativo. Não é em relação à localidade física que te estás a preocupar nem o que está a provocar-te o conflito. É a expressão no teu íntimo de falta de reconhecimento da parte dos outros.
Ora bem; conforme estás ciente, isso também refere o que pode ser designado como uma expressão superficial e também uma imagem objectiva, a qual, uma vez mais, é abstracta. Consequentemente, à medida que continuas com a tua investigação, aquilo que estás a expressar a ti própria através do sentimento – o qual consta do sinal dado pela emoção – poderás passar a identificar o facto de estares a experimentar um sentimento de frustração, ao qual estás a responder através do desafio e da protelação.
Também estás a gerar um sinal que indica um sentimento de desapontamento, e com isso aquilo que estás a comunicar a ti própria é o facto de nesta altura actual estares a gerar alguma confusão nos teus movimentos e a criar uma percepção de que os outros estejam a deixar de prestar atenção e estejam a deixar de te dar ouvidos; consequentemente, estás a passar ao lado sem seres escutada nem receberes o devido reconhecimento, e isso é um reflexo do descrédito de ti própria.
Agora; isso não está a ser gerado em relação a um temor nem em relação ao descrédito da capacidade que tens mas antes em relação ao movimento que empreendes em conjugação com esta mudança que a consciência atravessa. À medida que começas a avançar para uma maior expressão de prestar atenção a ti própria, falando em termos figurados, tu estás a avançar para o passo seguinte.
O imaginário que representa a deslocação física é abstracto. A deslocação concreta para essa cidade consiste no imaginário abstracto da deslocação física para uma área estranha e como tal a passagem para uma expressão nova, o que provoca alguma excitação mas também é estranho.
Conforme referi, não é a deslocação física que tem importância, porque não é nela que reside a questão. A questão é que interiormente tu estás a gerar um movimento novo no sentido de te familiarizares contigo própria e de prestares atenção a ti própria e estás a começar a permitir-te gerar aquilo que queres e a expressar-te com liberdade em relação ao que queres. Mas essa atitude é estranha, porque as crenças que influenciam as restrições de tal acção são muito vigorosas em relação às funções e às formas de interacção presentes entre os membros duma família.
CARLA: Existem papéis que nós desempenhamos, e actualmente o meu marido está a desempenhar as funções de mãe, e eu não estou absolutamente segura de querer esse papel de volta. Eu quero, mas só não estou certa de o querer nos moldes convencionais.
ELIAS: Eu estou a compreender, e existem tremendas formas de julgamento que podem ser expressadas relativamente a essas crenças. Nessa medida, aquilo que estás a questionar e a que te estás a dirigir é a uma permissão da tua parte para te expressares com liberdade naquilo que queres e de o fazeres no sentido de propores a tua expressão sem restrições e sem a condenares intimamente.
Tu deslocas a percepção e a tua atenção a fim de as concentrares nos outros ao invés de prestares atenção ao que estás a gerar em ti própria, e desse modo preocupas-te com as percepções dos outros e aquilo que percebes ser as expectativas que eles tenham em relação aos papéis – não apenas ao papel da mãe ou do pai associado à criança mas igualmente em associação com o teu companheiro e o papel que expressas no âmbito das crenças que albergas na área do que DEVES fazer.
Mas ao passares a conceder uma expressão de maior permissão a ti própria – o que na realidade se move bastante em conjugação com esta mudança de consciência e traduz a questão – na realidade estás a expandir a consciência que tens. Com essa expressão de expandires a consciência que tens, estás a começar a examinar-te e a gerar um relacionamento contigo própria, e a reconhecer que essa é a acção mais significativa que podes empregar.
Nisto revela-se uma hesitação e uma certa relutância em te moveres nessa nova expressão, por gerares expectativas em relação a ti própria e juízo crítico em relação àquilo que realmente queres e o que expressas enquadrado nas crenças que albergas relativas ao que DEVIAS querer. Mesmo naquilo que me transmites nota-se uma formidável hesitação na tua energia inerente à formulação exterior verbal: “O meu companheiro assumiu o papel de mãe enquanto eu não tenho a certeza se quero voltar a desempenhar esse papel”; mas habilitas-te a isso na crítica que teces: “Mas eu desejo-o, só não tenho a certeza, mas desejo desempenhá-LO.” Mesmo na relação que estás a ter comigo - que não te condeno seja qual for a escolha que proponhas e que não te estendo nenhuma outra expressão para além da aceitação, o julgamento que revelas (em relação a ti própria) é acentuado.
CARLA: Eu sei que apresento uma grande quantidade de juízo crítico em relação a isto e que tenho sentido bastante receio. Na nossa última conversa, a ansiedade dominou a conversa toda e eu fiquei fora de mim por causa disso. Foi horrível, mas pelo menos desta vez não me deixei envolver pelo temor.
ELIAS: Não, e eu devo dizer-te que, contrariamente ao que declaraste, tu não estás a gerar uma expressão de receio por aí além.
CARLA: Eu deparo-me com uma tarefa imensa, que é o protelamento sistemático que faço, o evitar do que é mundano. Tenho um monte de papelada a verificar e um monte de contas a confirmar e um monte de coisas que vão precisar de atenção e mais não sei o quê. Já tentei todas as manhãs; a primeira coisa em que penso é: “Hoje é que me vou dedicar àquilo.” E já o repeti umas cento e cinquenta vezes...
ELIAS: Jilliane! Presta atenção àquilo que estás a escolher. Este aspecto de ti propõe-te um considerável volume de informação em relação àquilo que queres – não ao que tu PENSAS querer, mas àquilo que genuinamente queres. O adiamento, a protelação, não significa necessariamente uma expressão negativa. As pessoas geram essa acção naquilo que comunicam a si próprias, tal como tu estás a gerar.
Tu dizes-me a mim: “Eu encaro estas tarefas todos os dias,” mas, e que é que expressas? “Escolho não lhes dar atenção,” e isso é exactamente o que fazes. Isso representa aquilo que tu FAZES: escolhes não enfrentar essas tarefas. Dizes a ti própria, “Eu devia resolver estas tarefas; preciso resolvê-las,” mas escolhes não as resolver.
Agora; diz-me cá, que necessidade tens de te envolveres com essas tarefas?
CARLA: Isso é a pergunta que coloco a mim própria. Que necessidade tenho?
ELIAS: Que coisa acontecerá caso tu deixes de enfrentar essas tarefas?
CARLA: Se eu lhes der atenção passarei a saber quais as facturas que estão por pagar, em vez de esperar que o cobrador me venha cortar a luz! (Ri) Eu não sou a única pessoa a passar por isto. Já reparei num monte de pessoas que passam pela experiência duma atitude igualmente destituída de brilho em relação a estas coisas.
ELIAS: Se deixares de satisfazer essas acções, mais ninguém o fará?
CARLA: Se eu não satisfizer essas acções?
ELIAS: Sim. Se optares por não dar atenção a essas tarefas, que será que impedirá outra pessoa de o fazer?
CARLA: Referes-te a fazer isso em meu lugar? Não estou certa do que pretendes dizer.
ELIAS: De certo modo, não é necessário que Tu o faças.
CARLA: Já sei o que estás a referir – que impedirá essas tarefas de serem satisfeitas...
ELIAS: Exacto, e que será que te impedirá de dizer a uma outra pessoa ou ao teu companheiro que preferes não dar atenção a essas tarefas, e que o não o vais fazer?
CARLA: Está bem, eu digo-te aquilo que me impede: “Que fazes o dia todo? És preguiçosa?” (Tanto o Elias como a Carla riem) Já podes ver no que isso vai dar.
ELIAS: Estou a compreender, mas lembra-te de que TU estás a criar isso. Consequentemente, Se expressares aceitação em relação às escolhas que elegeres e te permitires a liberdade de criares aquilo que queres e expressares as tuas próprias preferências com uma aceitação isenta de crítica, também deverás projectar um tipo diferente de energia e gerar uma resposta diferente.
CARLA: Geralmente tenho consciência daquilo que se passa comigo por causa das reacções que o meu marido tem. Ele é um excelente exemplo dum verdadeiro reflexo. Pareço estar a gerar um tipo qualquer de concessão pessoal de autoridade porque parece que estou a criar um maior à-vontade nas interacções que temos ultimamente.
ELIAS: Exacto, por estares a experimentar.
CARLA: Estarei?
ELIAS: Estás a empreender movimentos, conforme declaraste, aos poucos, rumo a uma permissão pessoal para expressares as tuas preferências e a liberdade da tua energia, a fim de criares aquilo que TU queres e de te expressares com liberdade e gerares uma maior clareza no relacionamento que tens contigo própria; uma maior aceitação. Se prosseguires com as experiências que fazes no âmbito dessa acção, validar-te-ás na relação que tens com o teu companheiro.
CARLA: Foi só desde que tomei conhecimento do teu material, não tanto do do Seth mas do teu material, que realmente comecei a notar isso. Quando o meu marido usa de invectivas ou se torna verdadeiramente aborrecido em relação a mim, eu viro costas, e em vez de reagir, questiono-me: “Carla, porque razão estás a criar isto?”
ELIAS: Estou a compreender, e isso para ti constitui um movimento significativo.
CARLA: Eu gostava de tocar num outro assunto, aqui. Desde que comecei a avançar e a atravessar todas estas coisas tenho vindo a obter imagens sob a forma de pneus furados. Eu estou continuamente a pisar coisas. Estou sempre a atropelar ciosas com a minha carrinha; estou sempre a passar por cima de tudo com o meu carro. Já só me resta um pneu que não tenha sofrido um furo. E não tenho bem a certeza do que estas imagens queiram dizer ou do que esteja a tentar transmitir a mim própria através delas. (Elias ri)
ELIAS: Ah ah ah! Isso, uma vez mais, representa um imaginário abstracto, e essas imagens que estás a apresentar a ti própria são idênticas às do protelamento. Estás a apresentar a ti própria um imaginário concreto e objectivo numa tentativa de sugerires a ti própria mensagens destinadas a levar-te a prestar mais atenção a ti própria, de modo a permitires-te avançar pelo que TU queres, sem ser necessariamente pelos ditames dos outros nem pelas expectativas que colocas sobre os teu ombros, relacionadas com o que DEVIAS fazer, proporcionando-te a liberdade de expressão e as preferências que almejas. Considera esse imaginário composto por pneus furados, e diz-me, que é que isso origina? Um abrandamento dos movimentos ou paragem, o que consiste unicamente numa outra expressão objectiva da mesma coisa...
CARLA: Ah, está bem! Tive muitas imagens ligadas aos semáforos do trânsito e á luz dos travões a piscar no tablier do carro, pelo que queres dizer que sejam imagens relativas a uma paragem?
ELIAS: Sim, o que poderás ver como um perfeito exemplo das muitas e muitas expressões inerentes às imagens objectivas que podes apresentar a ti própria e que são tudo expressões do mesmo tema.
CARLA: Jamais pensei nisso dessa forma. Isso faz imenso sentido, porque no início desta semana, logo após ter tido o último pneu furado, passei por cima duma garrafa! Parei de imediato e disse: “Caramba, Carla, é melhor que prestes atenção ao que andas a pensar em relação a ti própria!” Pelo menos consegui colocar essa parte da coisa, o prestar atenção, colocar isso em perspectiva.
ELIAS: Sim, não necessariamente a voltar a tua atenção na direcção do pensamento, apesar de poderes, mas a prestares atenção a ti e a prestares atenção ao que estás a criar, ao que estás a fazer. Porque o que estiveres a fazer equivale ao que estiveres a escolher.
CARLA: Para mim torna-se difícil estabelecer a diferença entre o pensar e o escolher e o fazer, tudo no mesmo instante. Mas, caramba, se isso faz sentido! Quero dizer, no caso das imagens da paragem obrigatória... porque era capaz de jurar que um desses sinais de stop e de cruzamento me estava a pregar partidas. Durante os últimos seis meses ou isso, sempre que me aproximava dele ele virava vermelho. Aproximo-me dele sozinha a altas horas da madrugada, sem que apresente qualquer razão aparente para que se torne vermelho, mas ele muda mesmo à minha chegada! É como se estivesse a dizer: “Olha a Carla a aproximar-se, é melhor ficar VERMELHO!” Isso já me aconteceu tantas vezes que já se tornou um absurdo. Certa vez, quando tentei atravessar o cruzamento do outro lado, na verdade tive que o atravessar à força, por não mudar para verde de maneira nenhuma! (Elias ri) Pensei em ti e interroguei-me se não estarias a divertir-me às minhas custas.
ELIAS: Não me credites essa acção a mim. Tu estás a gerar isso sozinha.
CARLA: Não duvido disso. Suponho que, como provoquei aquilo de furar os pneus, também terei provocado a acção dos semáforos.
Muito bem, Elias, tenho uma outra pergunta significativa! (Elias dá uma risada) Eu tenho problemas com a minha irmã. Tenho vindo a ter problemas com ela há uma década. A impressão que tenho é da existência duma acção congénere qualquer de reflexo ou paralela. Poderás validar-me isso?
ELIAS: Sim.
CARLA: Ao longo de todos estes anos de brigas e de discussões com ela e tudo o mais pelo que passamos, sabes, eu ainda dou por mim a deixar-me conduzir de volta para ela. Contudo, agora, criei uma situação em que finalmente sinto estar a pôr um travão nisso. Preferes que te exponha a situação?
ELIAS: Muito bem, continua.
CARLA: A Cari representa (do meu ponto de vista) a camuflagem e o engano. Daquilo que pude apurar depois de ter vasculhado as transcrições mais antigas, não creio que tenhas realmente abordado um problema como o da mentira patológica. Creio estar a apresentar a mim própria um reflexo da minha falta de confiança em mim própria, mas não consigo descobrir porque razão terei apresentado a mim própria uma versão tão exagerada disso. Poderás comentar sobre a razão dela ser assim? É que não é somente a minha impressão; muita outra gente compartilha essa mesma impressão.
ELIAS: Eu estou a compreender, mas não tem importância. O que tem significado é a TUA percepção e a razão por que apresentas isso a ti própria. Os outros podem apresentar uma percepção similar da expressão da energia que esse indivíduo gera e podem apresentar isso a si mesmos motivados pelas suas próprias razões, digamos assim.
Agora; o que é significativo nisto é o facto de TU apresentares isso a ti própria de modo a poderes examinar as crenças que abrigas relativamente aos absolutos e à honestidade – coisa que encaras como um factor absoluto e quase como uma verdade, o que não é – quando o que te poderá parecer a ti ser uma falsidade poderá parecer a ela como o contrário. Isso é o que apresentas a ti própria como um exemplo das diferenças de percepção e do modo como geras uma duplicidade automática em associação com a diferença. Conforme declarei previamente, as diferenças na vossa dimensão física provocam a ameaça, em associação com a duplicidade e as crenças que comportais; a semelhança gera conforto.
Bom; ao apresentares a ti própria as expressões desse indivíduo, TU estás a criar essa percepção e crias especificamente isso de modo a que te permita uma oportunidade de examinares as associações que estabeleces com os factores absolutos da percepção. Vós não conduzis a vós ninguém duma forma acidental nem numa altura casual ou como uma coincidência. (1) VÓS criais cada indivíduo com quem vos defrontais, e fazeis isso propositadamente a fim de oferecerdes a vós próprios uma oportunidade de esclarecimento em relação a vós próprios e uma oportunidade de examinardes as associações que gerais com cada manifestação, criação ou expressão. Não importa o que esse indivíduo possa expressar externamente porque o que tem significado é a percepção que tens disso.
CARLA: Isso faz sentido porque ela é tão persuasiva e tão inflexível em relação a determinadas coisas. É como se de facto acreditasse nisso. Ela acredita de verdade no que diz, não?
ELIAS: Acredita.
CARLA: Mesmo que ela diga algo que eu sei não ser verdade?
ELIAS: Ah, mas isso é a percepção que TU tens!
CARLA: Claro, claro! Mas não aconteceu!
ELIAS: Na TUA realidade!
CARLA: (Ri) Isso é um desafio. E faz muito tempo que me venho a colocar esse desafio.
ELIAS: Mas esse é o modo como a realidade opera. Posso-te dizer, minha amiga, sem sombra de dúvida, que tu podes permanecer no âmbito da mesma faixa de tempo e no mesmo ambiente e no mesmo local, e interagir com outro indivíduo, que poderás perceber a acção de uma forma enquanto ele há-de perceber essa acção de um modo completamente diferente.
CARLA: Eu obtive esta impressão em relação à minha irmã, certo dia em que ela estava sentada à mesa, e isso fez-me recordar o que disseste em relação à minha vizinha do lado, Alice, quando referiste que ela não se encontra no estado de transição mas constituía um exemplo que alguém que se foca fortemente em si mesmo. Eu obtive a mesma sensação em relação à Cari, a minha irmã. Estarei correcta? (2)
ELIAS: Estás.
CARLA: Então é isso, a correspondência que tracei entre ambas. Tal como no caso da minha vizinha, não se trata dum caso de transição mas duma focalização em si mesmo, que é o que a minha irmã faz.
ELIAS: É.
CARLA: Já tive discussões com ela em que disse: “Gira tudo ao teu redor, não é Cari? Tudo se reduz a ti!” E é, não é mesmo? (Ri)
ELIAS: Justamente.
CARLA: Ela focaliza-se mais nela própria do que eu me focalizo em mim, não é?
ELIAS: É, e isso é o que te provoca irritação. Por veres que ela expressa aquilo que querias expressar em ti própria.
CARLA: Claro, por não pretender dar importância, tal como ela faz e a Alice. A semelhança que noto entre elas é o facto de poderem berrar e gritar e fazer qualquer coisa em público. Elas chegam a fazer cenas que eu jamais seria capaz de me permitir fazer em público.
ELIAS: Deixa que te esclareça, minha amiga, que existe uma significativa diferença entre a falta de cuidado e a ausência de preocupação. É bastante diferente deixar de vos preocupar com as expressões dos outros ou com as escolhas que elegem ou com os comportamentos deles de deixar de sentir interesse. A atenção, a dedicação, consiste numa expressão natural da essência, por consistir no reconhecimento da ausência de separação.
Já a preocupação consiste numa expressão completamente diferente. Procupar-te com as expressões dos outros representa deslocares a tua atenção para fora de ti voltando-a na direcção do outro.
Por isso, posso-te indicar que esses indivíduos não estão a manifestar uma ausência de interesse mas tão só uma ausência de preocupação.
CARLA: Por se estarem a focar nelas próprias.
ELIAS: Exacto.
CARLA: Da última vez que falamos validaste-me o facto dela ser comum e de constituir um foco final, foram essas as impressões com que fiquei. Agora vou-te dar as impressões que tenho em relação à família dela e alinhamento: Sumari, Vold, Emocional.
ELIAS: Correcto.
CARLA: Caramba, esssa foi fácil! (Elias ri)
Só mais uma coisa – ela tirou-me dinheiro. Ela retirou dois cheques de um livro de cheques que não estava a uso, e eu não estou a assumir a postura de vítima nisso. Mas com respeito à percepção, eu não lhe endossei esses cheques, pelo menos não na minha realidade. Será que na realidade dela ela acredita que lhos tenha endossado?
ELIAS: Não.
CARLA: Muito bem. Eu não pensava que acreditasse. Bom, nós estamos a mover-lhe um processo de acusação. Não é por me sentir vitimizada, é por me sentir mesmo ZANGADA! Estou zangada comigo própria por ter deixado isto acontecer. Ela fez exactamente o que eu esperava que ela fizesse.
ELIAS: Ah, mas isso é significativo!
CARLA: A expectativa?
ELIAS: Sim. Por teres gerado uma expectativa associada à concentração que fazias em determinadas crenças.
Bom; devo dizer-te que estou ciente de que a questão da expectativa é confusa para muita gente. Porque, por vezes vós criais exactamente aquilo que esperais criar; noutras alturas não o fazeis. O que faz com que crieis exactamente aquilo que esperais são as crenças por que alinhais e em que vos concentrais.
Ora bem; como gerais determinadas crenças em associação com a verdade relativa à honestidade e ao facto absoluto que circunscreve e à falta de aceitação da diferença pela percepção, vós criais uma validação das vossas crenças e passais a criar exactamente aquilo que esperais.
CARLA: Recordo uma certa manhã em que pensava na possibilidade disso ocorrer, e disse para mim própria: “Não cries isso! Não provoques a ocorrência de tal coisa, Carla!” Descobri por essa altura que, quando me encontro a operar no modo medo/resistência, já fiz a coisa; já fiz com que isso acontecesse.
ELIAS: Absolutamente!
CARLA: Pelo que descobri, de que me servirá...? – já está feito!
ELIAS: E a expressão que geras por meio do pensamento só vai reforçar aquilo que já é do teu conhecimento.
CARLA: Bom, eu fiz algo que creio que ela não acredita que eu faria.
ELIAS: Mas de que te servirá fazeres uso dessa acção? Porque isso é significativo.
CARLA: Parar com aquilo, levá-lo um TERMO.
ELIAS: Ah, consequentemente, referes a ti própria que se fizeres uso dessa acção, isso vá alterar as escolhas e a conduta do outro indivíduo.
CARLA: Não, não creio que seja isso. É só que eu não quero mais fazer isso.
ELIAS: Muito bem. Nesse caso diz-me em que termos identificarás a motivação que tens para levares a cabo essa acção particular em prole do benefício que te traga, e da observação e do reconhecimento que fazes de ti própria, e de deixares de te preocupar...
CARLA: Eu sinto estar a gerar isso por me sentir chateada com ela. Já CHEGA! É raiva.
ELIAS: Mas, e em que consistirá a expressão da raiva?
CARLA: (Dá uma grande suspiro) Por vir de volta ao meu encontro.
ELIAS: Precisamente. A expressão da raiva consiste numa vitimização.
CARLA: Raiva, zangada comigo própria por não ter dado ouvidos a mim própria nem à comunicação inicial que transmiti a mim própria. Só dei uma atenção parcial e permiti que acontecesse, e é por isso que me sinto zangada.
ELIAS: A expressão da raiva representa uma incapacidade de escolha, coisa que significa vitimização.
CARLA: Nesse caso, mesmo que esteja a alegar o facto de não me sentir vítima, não estou a ser verdadeira em relação a isso?
ELIAS: Exacto.
CARLA: Mas tu estás a entender?
ELIAS: (Com firmeza) Eu estou a entender perfeitamente a expressão de energia que estás a empregar. Só te estou a estender uma oportunidade de passares genuinamente a examinar aquilo que estás a criar e de criares uma compreensão objectiva das tuas escolhas e do que te esteja a motivar tais escolhas, propondo-te desse modo uma via clara para passares a manipular a tua energia de um modo que se ache em conjunção com aquilo que queres.
No momento em que estiveres a concentrar a tua atenção nas acções ou escolhas dos outros, tu NÃO estás a prestar atenção a ti própria, e ao empreenderes determinadas acções em relação a outro indivíduo, sem prestares atenção às notificações que comunicas a ti própria, muitas vezes tentas alterar a expressão do outro, e isso representa uma tentativa de criar a sua realidade, coisa que não podes fazer.
CARLA: Eu ainda me voltei para a examinação de tudo o que sentia em relação àquilo.
ELIAS: (Prossegue firme e a realçar) Permite que te diga, minha amiga, que caso tu empreendesses essa mesma acção num envolvimento com outros indivíduos, como aqueles que percebes como autoridades, movida claramente por uma motivação de proporcionares a ti própria liberdade para interromperes tal expectativa e para proporcionares a ti própria clareza nos movimentos que empreendes rumo à aceitação de ti própria e confiança em criares o que queres na tua realidade sem te preocupares mais com as escolhas do outro mas permitindo-te uma liberdade renovada de aceitação, isso poderia gerar o tipo de resultado que querias genuinamente; mas se estiveres a empregar esse rumo motivada pela raiva, aquilo que estás a expressar e aquilo que estás a reforçar...
CARLA: É incapacidade de escolha.
ELIAS: Exacto. E apenas reforças a criação contínua desse tipo de expressão e de interacção, por estares a dar expressão, no teu íntimo, à falta de confiança. Estás a voltar a tua atenção na direcção do outro, e estás a gerar no teu íntimo, uma expressão de vítima, em meio à incapacidade de escolheres e à incapacidade de gerares uma escolha associada àquilo que queres, por estares a focar a tua atenção no outro e nas escolhas dele e nos comportamentos que assume.
CARLA: Não creio que mais ninguém serviria como um excelente exemplo disto. Durante todos estes anos, não tem havido ninguém em que tenha focado a minha atenção tanto, fora de mim, como ela. Estás a entender?
ELIAS: Estou, mas isso propicia-te um excelente desafio.
Agora; não te estou a querer dizer que este desafio não possa revelar-se difícil ou que não venhas a lutar com ele, por as crenças que expressas serem muito fortes; mas apresentas a ti própria um tremendo desafio, o que também proporciona uma tremenda oportunidade. Porque se aceitares esse desafio e te permitires examinar genuinamente e familiarizar-te com as motivações e as crenças que te impelem, e com o que percebes e com os alvos que te atraem a atenção, proverás a ti própria uma tremenda oportunidade para criares uma liberdade autêntica.
CARLA: Não ignoro as interacções que temos tido ao longo dos anos nem o que tenho apresentado a mim própria por intermédio dela. Por vezes tem sido confuso mas tem-se apresentado duma forma vigorosa e persistente. A razão porque estou a evocar isto deve-se ao facto de na minha mente sentir estar a tentar conduzir isso a um término. Eu não quero fazer isso.
ELIAS: Mas tu estás a experimentar.
CARLA: Porque envolver-me nessa acusação, é-me muito pouco familiar.
ELIAS: Justamente, mas devo dizer-te para não interpretares mal o que te transmiti. Não te estou a dizer que a escolha que elegeste no sentido dessa acção seja má ou errada ou erroneamente motivada. Estou unicamente a transmitir-te informação de modo a poderes permitir-te examinar a motivação que te impele nesse sentido.
Agora; tem igualmente consciência de que se inicialmente envolveres essa acção com a motivação de tentares alterar a expressão dela ou a realidade dela, isso não importa. Porque tu podes alterar o TEU rumo em qualquer altura: dá prosseguimento à acção física mas altera a motivação que te assiste. Não te achas confinada a uma situação meramente por estipulares uma determinada escolha num momento. Mesmo se deres prosseguimento a uma escolha específica e a um movimento específico, tu podes alterar a expressão do modo a dares prosseguimento a esse movimento.
CARLA: Eu sinto isso a ocorrer neste exacto momento.
ELIAS: Por estares a oferecer a ti própria uma maior informação, sem dúvida!
CARLA: Eu sinto isso porque inicialmente dei início a essa acção numa base de fúria, mas à medida que o tempo vai passando já não noto tanta malignidade por detrás dessa acção. Mas faço intenção de dar prosseguimento a essa acção por outras razões.
ELIAS: Por a tua percepção estar a sofrer uma alteração, por te estares a permitir integrar uma maior informação e desse modo estares a voltar a tua atenção para ti e estares a alterar a tua motivação, proporcionando a ti própria escolha, com consciência de abrigares crenças – enquanto expressas um reconhecimento dessas crenças sem as tentares eliminar, mas tão só admitindo a sua existência – mas com consciência igualmente de poderes escolher.
CARLA: Sinto que já me encontro tranquilizada com isto e já não me sinto tão reaccionária.
ELIAS: Eu estou a compreender.
CARLA: Ela parece-se com o projecto escolar mais importante que tenho e em que tenho vindo a trabalhar faz anos! Eu PERMITI que ela se tornasse na minha fonte de raiva e de frustração. Eu permiti mesmo que se tornasse na minha fonte de... (Elias ri) Não, ela não é A fonte...
ELIAS: Eu estou a compreender.
CARLA: Bom, creio ter aprendido muito.
ELIAS: Mas conforme referi, com este tremendo desafio também te está reservado o potencial duma formidável liberdade
CARLA: Será isso que eu estou a tentar conseguir?
ELIAS: É.
CARLA: Foi o que eu pensei, por me estar a envolver numa acção tão estranha.
ELIAS: Sim, tu estás a permitir-te examinar diferentes cenários e a participação que tens neles e desse modo estás a proporcionar a ti própria um novo reconhecimento da capacidade que tens, do poder que tens, das preferências e da liberdade que tens de gerar aquilo que queres.
CARLA: Eu devo estar mesmo no pináculo disso, por estar a criar tanta intensidade e todas estas mudanças que estou de momento a criar, neste exacto momento. Penso que quero mesmo avançar. Não quero mais ficar presa nisto.
ELIAS: Eu estou a entender, mas isso é uma expressão que está a acontecer pelo mundo todo. Está presentemente a dar-se uma formidável investida de energia, que resulta no facto das pessoas por todo o vosso mundo estarem a experimentar um tipo de exploração semelhante, e essa experiência está a aproximar-se do limiar duma consciência genuína de si mesmo e abono próprio.
CARLA: Mas isso gera tanta confusão e conflito por ser estranho. É por isso que gera tanta inquietação. O termo “mudança” refere mudança de coisas, inquietação, e torna-se bastante confuso. Não creio que as pessoas saibam como agir, ou então reagem por ser estranho e traumático.
ELIAS: Trata-se duma reconfiguração. Conforme declarei, a maioria, em qualquer que seja o quadro temporal da vossa dimensão tem uma orientação comum, e a expressão natural dos indivíduos da orientação comum é de se expressarem no exterior e como tal tornou-se num acto habitual os indivíduos com uma orientação comum manterem igualmente a sua atenção no exterior. Isso não consiste num movimento natural só que se tornou numa expressão habitual para a orientação comum, por a inclinação natural do movimento que exerce ser no sentido de expressar por meio duma manifestação exterior.
Bom; nessa medida, como a maioria das pessoas possui uma orientação comum, a maioria na vossa dimensão física expressa-se desse modo, e como tal isso torna-se num potencial para a ocorrência de trauma em associação com a presente mudança, porque um dos movimentos característicos desta mudança consiste na reconfiguração da energia da vossa dimensão física a partir da expressão externa, do intelecto, do masculino, rumo ao interior, ao intuitivo, ao feminino, e com isso voltar a intenção de cada indivíduo para si próprio de modo a permitir-vos passar a dirigir-vos duma forma objectiva e intencional. E nessa medida, a orientação comum não está tão familiarizada com essa acção, o que gera um enorme potencial para trauma.
CARLA: Bom, nós estamos a constatar isso! Todos os dias ocorrem coisas novas. Verifico isso todos os dias.
Eu tive um sonho há algum tempo em que me parecia que me encontrasse num museu com compartimentos separados devotados a diferentes épocas da história, e eu creio que tu ou uma projecção tua era um dos oradores que se encontravam nessas salas (Elias acena a confirmar) Bom, não me ocorreu até por aí uns dois dias depois que pudesses ter sido tu.
ELIAS: Uma projecção de energia, sim.
CARLA: A única razão porque decidi não esquecer esse sonho foi pelo facto do orador ser invulgar. Eu tive esse sonho lá pelos finais do ano transacto e o orador não parava de me fazer perguntas sobre coisas de há nove anos atrás “Como foi isto e aquilo” e coisas que não poderia conhecer a menos que me conhecesse há nove anos atrás. Agora, isso deve ter algo a ver com o material do Seth, não?
ELIAS: E que impressão tens?
CARLA: A de que tem.
ELIAS: Tem.
CARLA: A impressão que tenho é a de que há nove anos atrás eu estivesse subjectivamente envolvida contigo, mas me tenhas dirigido para o material do Seth por na altura isso ser mais útil.
ELIAS: Exacto.
CARLA: Uma outra razão porque terei pensado tratar-se duma projecção de energia da tua parte foi o facto de teres começado a dizer-me coisas com que me senti perturbada e que abandonei quase a meio da frase. Por uma razão qualquer voltei atrás e tu começaste exactamente onde tinhas terminado! (Elias sorri) Agora; quem mais terá feito isso? (Elias ri duma forma estrondosa) Só dois dias depois eu cheguei a descobrir a quem se assemelhava a projecção de energia!
Muito bem, esta coisa do Oscar Wilde: Eu jamais o li, e talvez algum dia...
ELIAS: Não tem importância!
CARLA: Mas eu conheço a aparência dele, mas porque razão se vestia como um membro do gang do filme A Laranja Mecânica? Agora; só eu seria capaz de associar tal coisa ao Beethoven! Eu vi esse filme inquietante quando estava com uns seis anos e não o recomendei a mais ninguém da minha idade! Só eu conheceria o simbolismo patente nesse filme entre o Beethoven e o personagem líder chamado Alex, e este pendor pela Nona Sinfonia do Beethoven.
ELIAS: Estás a proporcionar a ti própria um imaginário associado à projecção da minha energia, no extremo da intensidade a fim de te permitir uma identificação mais positiva.
CARLA: Não era positiva? Pensei que fosse divertida.
ELIAS: É. Não te estou a expressar “positiva” no contexto do positivo e negativo, mas antes positivo em termos de afirmativo.
CARLA: Agora estou a confiar mais nas impressões que tenho, desde que me apanhaste nessa primeira pergunta na primeira sessão. Perguntaste-me qual seria a impressão que tinha e eu entrei como que em choque, mas depois disso passei a relaxar mais e a confiar ao invés de me preocupar por saber se estaria errada ou não. (Elias ri)
Bom eu tinha uma outra pergunta relativa a focos. Eu ainda não consegui sintonizar nenhum foco do tipo famoso, mas queria evocar dois músicos com quem penso ter uma ligação qualquer. O primeiro é o Syd Barret da formação original da banda Pink Foyd e o outro é o Kurt Cobain da banda Nirvana. Estas impressões têm que ter alguma validade porque sinto fortes pressentimentos com relação a esses dois indivíduos desde há muito tempo.
ELIAS: São impressões válidas. Não são outros focos da tua essência, mas as tuas impressões são válidas pela semelhança da expressão de energia e tonalidade que apresentam com a tua essência.
CARLA: São ambos Vold? (Ri) Um deles é Vold, não?
ELIAS: Um é, sim.
CARLA: O Kurt Cobain é Vold.
ELIAS: É. Mas não é isso que te estou a transmitir.
CARLA: Então estou ligada ao mesmo tipo de expressão da energia?
ELIAS: Estás, o qual também expressas na tua essência, uma semelhança em certas qualidades e uma semelhança na energia que se plasma nas preferências.
CARLA: Nesse caso isso não deve ser tão incomum quanto isso, os casos em que nos sentimos atraídos para certos actores, músicos e certas bandas.
ELIAS: Exacto.
CARLA: Mas para mim isso só mitiga a coisa.
ELIAS: Mas qual era a expectativa que tinhas...
CARLA: Eu só pensava que fosse mais significativo que isso! (Ri)
ELIAS: Ah! Por haver genuínas...
CARLA: Eu estava a pensar, ah, descobri um foco famoso, sabes?! (Elias ri junto com a Carla)
Quero introduzir uma última pergunta. O Rei Henrique VIII – terei eu sido uma das mulheres dele ou conhecerei alguém que tenha um foco na pele desse rei?
ELIAS: Tu incluis o foco do filho na qualidade de essência em observação, durante todo o foco dele.
CARLA: Do Edward?
ELIAS: Sim.
CARLA: O filho doente, o que era adoentado? Eu era uma essência que observava o filho dele, daquele que ele teve com a terceira esposa, a Jane Seymor?
ELIAS: Sim.
CARLA: Essa não teria adivinhado – quero dizer, não teria obtido a menor impressão quanto a isso! (Elias ri alto)
Ah, Elias, não posso pressionar-te mais, ainda que me falte meia folha de perguntas por colocar! Obrigado, obrigado, muitíssimo obrigado! Provavelmente vou ter mais perguntas causadas por esta sessão também. (Elias ri)
Elias, desta vez terás notado alguma diferença na minha energia?
ELIAS: Notei, facto que confirmei anteriormente durante a nossa conversa.
CARLA: Anteriormente?
ELIAS: NESTA conversa.
CARLA: Estou muito mais relaxada.
ELIAS: Estás. Por isso, estende a ti própria um reconhecimento por esse facto, minha amiga.
CARLA: Bom, é tempo de partir.
ELIAS: Muito bem, e eu fico a antecipar o nosso próximo encontro e um relatório das tuas aventuras.
CARLA: Bom, considerando tudo o que ocorreu entre a nossa primeira sessão e esta... Nós somos sempre uma fonte de interesse para ti, não?
ELIAS: Absolutamente! Ah ah ah!
CARLA: Aposto que vou ter de sobra o que te reportar! Obrigado, Elias.
ELIAS: Não tens de quê, minha amiga. Estendo-te, como sempre, o meu encorajamento e o meu afecto, e endereço-te um, au revoir.
CARLA: Au revoir.
Elias parte às 1:29 da tarde.
©2004 Mary Ennis, Todos os Direitos Reservados
NOTAS DO TRADUTOR
(1) – A abordagem apresentada não é tão estranha nem distante que não nos permita divisar uma aplicação prática que nos ajude a atestar o sentido dos termos empregues para contrariar a mecânica da causação a que recorremos vulgarmente, de forma contraproducente.
Não tendemos a examinar e a pesar e a seleccionar e a classificar tudo, com base na acção da mente objectiva, movidos pelo afã inerente ao princípio de causa e efeito, que assevera que a toda uma acção corresponde uma reacção e que os meios conduzem aos fins propostos e correspondentes, desse modo encorajando directa ou indirectamente a atitude que caracteriza invariavelmente o percurso do sacrifício dos meios no “altar” dos fins prometidos, da negação dos instintos, do esforço, da separação e do sacrifício pessoal pelas premissas e pelos objectivos “mais elevados” como apanágio da família, pais, professores, etc., – e encorajado pela sociedade, mesmo que isso implique na negação dos impulsos direccionais e do desejo pessoal mais caros ao indivíduo? E grande tende a ser a quantidade de esforço que exercemos com vista a combater, prevenir ou limitar os incómodos e perigos representados pelo aparente acaso, nesta sociedade actual caracterizada substancialmente pela imitação, pela competição e pelo ajustamento.
Nada disso se faz necessário, todavia, porquanto a compreensão do momento encerra o começo o fim e os meios empregues, por o momento observado tudo conter. Não há por que tomar “atalhos”, nem como fugir à verdade do que somos e sentimos, quer a nossa actuação se compagine ou não com o que defendemos, se constatarmos as coisas com base no significado e não começarmos pelo que percebemos como o “mais elevado”, o produto final, se isso brota da projecção do que é percebido no exterior, nos outros, e do contraste ou oposição á nossa própria condição.
Se dermos ouvidos à nossa natureza, poderemos constatar que os axiomas defendidos pelas massas podem constituir mais excepção do que regra; se deixarmos essa “natureza agir”, poderemos ver como o aparente acaso pode interferir no processo e responder pelos “coincidências felizes” que se tende a buscar pelas práticas controvertidas da causação unilateral.
A abordagem da maturidade - não a do intelecto, nem a do frívolo, nem a do racionalista nem tampouco a do cismão hipocondríaco - que apraz aos afeitos a pensar e a meditar no que fazem e no que lhes acontece, que se enquadra na linha do autoconhecimento assenta verdadeiramente num princípio de correspondência em que os factores predominantes são a atitude e a percepção (consciência).
(2) – Essa vizinha chamada Alice foi mencionada numa sessão anterior em que a Carla pergunta em relação aos comportamentos for do normal que ela apresentava, ao que o Elias responde que:
“... ela apenas escolhe integrar diferentes aspectos da realidade convencional daqueles que são expressados pelas associações e crenças das massas. Há muita gente que prefere criar um tipo de expressão desses. Devo dizer-te existirem nesta altura mais indivíduos que se permitem expressar esse tipo de concessão do que em qualquer outra época da vossa história, por se permitirem usufruir dum vasto campo de liberdade na experiência da criação da sua realidade nesta dimensão física em associação com esta mudança na consciência. Conforme tive ocasião de referir a outros, para falar em termos figurados, aquilo que actualmente percebeis como loucura e normalidade podem bem ser invertidas nas suas expressões à medida que ides objectivando esta mudança na consciência. Ah ah.
CARLA: Talvez seja por isso que nós... Não sei bem, chamas a isso concessão? Não creio que devesse chamar a polícia por causa dela – ela não pegou fogo à própria casa – só é aborrecido, mas eu realmente sinto que não está certo fazer... Não sei bem.
Deixa igualmente que te diga, minha amiga, que a razão porque muitos de vós expressam aborrecimento em relação aos indivíduos que preferem criar a sua realidade de modo diferente do da realidade oficial convencionada, em parte deve-se ao facto de reconhecerdes que esses indivíduos estão efectivamente a autorizar-se para criarem genuinamente muitas das expressões que desejaríeis passar a criar.
CARLA: Eu não sinto vontade nenhuma de criar um monte de coisas que ela está a criar! E ela não parece muito encantada com aquilo que cria. É como se estivesse alguém dentro da cabeça dela e lhe esteja a causar dores nos ouvidos – ah, e eu estive a queimar-lhe o rosto há dois dias atrás.
ELIAS: Eu compreendo que não desejes passar a criar um tipo semelhante de imaginário, mas esse indivíduo detém claramente a sua atenção no momento e expressa um espantoso foco de atenção nela própria.
CARLA: Expressa? É uma daquelas coisas – eu vivi nove anos ao lado dela – e que realmente sinto ter ignorado e que talvez devesse passar a considerar um pouco mais. Quero dizer, ela está diante de mim, por isso...
ELIAS: Justamente, mas não tem importância que possas escolher diferentes expressões de imagens objectivas. Existem outras expressões. Existem conceitos que estão a alcançar expressão na realidade desse indivíduo que alinha bastante por esta informação.
CARLA: Eu compreendo isso, em certa medida, entendo. Mas sempre foi uma questão de realmente não saber o que fazer com ela. Já obtive suficiente informação deste tipo para pelo menos me deter e procurar compreender.
ELIAS: Não há nada a fazer com esse indivíduo. (Ri)
Sessão #878
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