Domingo, 28 de Outubro de 2001 (Privada/Em pessoa)
Participantes: Mary (Michael) e Yvonne
Tradução: Amadeu Duarte
ELIAS: Boa tarde.
YVONNE: Olá.
ELIAS: Sê bem vinda!
YVONNE: Obrigado!
ELIAS: Como vamos prosseguir?
YVONNE: Bom, eu tenho vindo a sentir-me bastante bloqueada. Antes de cá vir neste fim de semana, senti-me muito bloqueada, muito triste, a mergulhar no estado de depressão e com vontade de me libertar – talvez de me libertar a mim própria (suspira), assim como em relação a um monte de conflitos interiores. Tenho tido vontade de querer ficar no mesmo lugar e ainda assim vontade de sair por aí; vontade de ficar encalhada e não obstante desejo de sair. Estarei a fazer algum sentido? (Elias acena com a cabeça) Sem saber e cheia de vontade de saber, e ainda assim conhecedora.
Tem estado a manifestar-se no meu corpo físico e não pareço passar além. Quer dizer, é como se já cá tivesse estado e já tenha feito isto antes, e agora não me parecer ter o... Sinto-me como se estivesse a morrer. No entanto já explorei o morrer e não me fez sentir mal, sabes? Mas ainda não estou pronta para partir e quero viver até morrer, e sinto-me como se... Não sei, sinto falta de energia. Torna-se-me difícil levantar pela manhã (emocionada)... Lá prossigo e preencho o meu dia e depois regresso a casa e sinto que me esbarro com aquilo que se está a passar na televisão. (Pausa)
ELIAS: Mas, que é que percebes interiormente que te esteja a criar essa manifestação interior?
YVONNE: Sinto-me como se precisasse dum propósito, ou estar a precisar criar algo novo que não tenha tentado antes, mas ainda não sinto ter concentração, (emocionada) e não sei muito bem a que se assemelhará isso. Quer dizer, sim, sinto-me bastante opinativa e tenho consciência do modo que quero que a coisa opere. Sinto-me a lutar com este sistema em desintegração e não tenho certeza de nada. Não quero dar passos errados. (Pausa)
Tenho esta ninharia destes malditos sete mil dólares, que nunca tinha tida em toda a minha vida. Sempre vivi no modo de sobrevivência - não sempre, mas durante a maior parte da minha vida – provavelmente durante todo um PUNHADO inteiro de vidas. Sinto ser uma coisa bastante antiga. (Elias sorri e acena) E disponho deste estúpido monte de sete mil dólares e sinto vontade de os multiplicar e torná-los num monte maior, sabes? Quer dizer, eu vi algo na TV acerca desta mulher que criou um negócio e aprendeu o negócio da banca e fez uma fortuna e em seguida foi para África e comprou uma extensão de terreno e actualmente está a salvar animais. Eu pensei que isso fosse fixe.
ELIAS: Mas, que é o que TU desejas? (Pausa)
YVONNE: Não sei (emocionada), aí é que reside o problema!
ELIAS: E que é que uma grande soma de dinheiro te proporcionará?
YVONNE: Oportunidades.
ELIAS: Que oportunidades?
YVONNE: Primeiro, uma casa própria que tenha consciência de ser minha, para meu proveito, e em seguida voar! (A rir) Só tenho vontade de partir, quero ver, quero fazer, quero tudo.
ELIAS: E, no teu íntimo, presentemente, acreditas não poder.
YVONNE: Sinto-me bloqueada!
ELIAS: Por acreditares existirem pré-requisitos que devem ser realizados a fim de te proporcionar tal liberdade.
YVONNE: Jamais consegui sentir-me em consonância com o actual sistema. Jamais me permitiu ser eu própria, e sempre me lixou, sabes? Sinto-me oprimida por ele, e não me sinto muito funcional.
ELIAS: Estou a compreender aquilo que estás a dizer e dir-te-ei que aquilo que encaras como o sistema não é o que te está a oprimir. Tu és quem te estás a oprimir, por escolheres focar a tua atenção fora de ti própria e atribuir a responsabilidade a essas expressões exteriores a ti própria, o que te leva a gerar o papel de vítima. E ao te tornares vítima, que é que crias? Impossibilidade de escolha.
(Calma e suavemente) Tal como expressei na nossa sessão anterior, ontem, se o indivíduo projectar a responsabilidade nos sistemas exteriores, ou nos outros, na sociedade, nas circunstâncias, ou até mesmo em coisas como o dinheiro, que escolha lhe caberá? Se essas expressões exteriores a ti te estiverem a criar a tua realidade, e, por palavras tuas, a oprimir-te, deixas de proporcionar a ti própria qualquer escolha. Mas na realidade Tu és quem está a gerar toda a tua realidade, e se te PERMITIRES reconhecer a responsabilidade que te cabe em relação a ti própria, deixas de te oprimir, minha amiga, e de criar essa expressão pavorosa relativa à responsabilidade.
Também não significa trabalho; é uma expressão de liberdade. Porque se estás a criar a tua realidade toda, então nesse caso também incluis escolha. E tu já despendeste imenso tempo a conceder a ti própria poucas escolhas, porque a tua atenção se projecta no exterior.
YVONNE: Como serei capaz de mudar isso? Necessito de sair disso. Já permaneci nisso imenso tempo, mas tenho consciência de que a porta permanece aberta. Quero dizer, intelectualmente compreendo tudo, mas isso ainda não se traduziu em algo palpável.
ELIAS: Eu compreendo. O facto de estares a proporcionar informação intelectual a ti própria já constitui um passo, mas estou a entender bem a diferença entre a concepção intelectual e a acção efectiva.
YVONNE: A experiência.
ELIAS: Correcto.
Agora; de que modo darás início a isso? Voltando a tua atenção para ti própria. Estou bem ciente de que isto posto em palavras soa algo simplista mas na realidade aquilo que te é familiar é projectares a tua atenção no exterior, de tal modo que nem dás por ela. Por isso, o passo inicial consiste em te permitires dar-te conta.
No momento em que experimentas essa falta de motivação, essa depressão, essa ansiedade, esses sinais tornam-se bastante evidentes. No momento eles tornam-se facilmente reconhecíveis e são até mesmo notados. Aceita esses sinais a título duma oportunidade, porque isso eles são-no, realmente. Com essa oportunidade, ao detectares esses sinais, permite-te voltar a tua atenção no sentido da identificação daquilo que associas nesse preciso instante, que te leva a gerar essa sinalização subsequente relativa à coisa.
Deixa que te diga que em relação ao que tu própria estás a gerar, em grande parte o teu desafio envolve dois aspectos. Porque, no momento em que começas a gerar essa ansiedade a tua atenção projecta-se no futuro por meio da antecipação do que possa suceder ou do que possas deixar de criar, razão porque te deprecias. Mas a questão consiste em reconheceres que a tua atenção se está a deslocar para o futuro e não no agora.
YVONNE: Certo.
ELIAS: O outro aspecto daquilo que estás a gerar no momento em relação a projectares a tua atenção no futuro, é que crias um movimento da energia em termos de retrocesso para o momento, por assim dizer, através do qual atacas a tua motivação. Estes são termos figurados.
A atenção move-se na direcção do futuro; o sinal da ansiedade tem início. A energia retrocede ao momento e afecta a expressão do momento, que é a motivação e elimina a motivação em alinhamento directo com a projecção da atenção sobre o futuro.
Bom; no momento em que te dás conta do sinal da ansiedade, permite-te igualmente notar a forma como estás a projectar a tua atenção no futuro. Ao notares essa projecção, refere para contigo própria de forma deliberada – podes mesmo adoptar linguagem verbal efectiva, se o preferires, a fim de captares a tua própria atenção – e nesse momento expressa um “STOP!”. Após teres expressado esse “stop”, desloca a tua atenção para o MOMENTO, e permite-te reconhecer e avaliar aquilo que estiver a ocorrer no MOMENTO.
YVONNE: Mas não será isso o momento criativo? Não será aí onde eu...
ELIAS: É.
YVONNE: ...Procedo à criação da coisa?
ELIAS: É. Mas tu não to estás a permitir. (Com vigor) NESTE momento, NESTE INSTANTE, tu estás precisamente a criar aquilo que te estou a descrever. Que estarás efectivamente a criar? Que estás tu a FAZER neste momento?
YVONNE: A expandir-me.
ELIAS: Não. Que estás EFECTIVAMENTE tu a fazer neste momento?
YVONNE: A prestar atenção ao que estás a dizer.
ELIAS: Correcto! Por isso, que traduzirá essa ansiedade? Que associação traduzirá ela? Não associado ao que estás a gerar presentemente, em termos de escolha. O que estás a gerar neste presente momento, em termos de escolha, em termos de acção, é aquilo que queres.
YVONNE: Pois.
ELIAS: Tu desejas empreender este diálogo comigo e estás a empreendê-lo, mas estás ao mesmo tempo a gerar uma tensão e uma ansiedade FORMIDÁVEIS ...
YVONNE: Pois!
ELIAS: ...E a projectar energia. Presta atenção, NESTE MOMENTO, e refere para ti própria (Ligeira pausa) uma palavra.
YVONNE: Peço desculpa, perdi-me quanto ao sentido daquilo a que queres chegar.
ELIAS: Eu estou a proceder ao exercício contigo, neste momento!
YVONNE: Então, neste momento eu quero parar com...
ELIAS: Pois!
YVONNE: ... A tensão, a ansiedade.
ELIAS: Então, refere para ti própria uma palavra: “STOP!”
YVONNE: Stop.
ELIAS: Agora; para onde estás a voltar a tua atenção? Desloca-a na direcção dos teus pés e refere: “relaxai”. Volta a tua atenção lentamente e por inteiro ao longo do teu corpo todo.
YVONNE: Relaxa.
ELIAS: Não expresses para ti própria apenas para relaxares. Vamos fazer juntos?
(Falando com calma e suavidade) Sente a tensão nos músculos do corpo físico e liberta essa tensão. Sente a tensão física deslocar-se com suavidade. Sente-te a libertar essa tensão e a relaxar, e permite-te respirar. Porque torna-se sobremodo difícil manter a tensão no corpo físico enquanto se toma uma profunda lufada de ar e se exala esse ar. Enquanto continuas a permitir-te relaxar, não ocupes a mente com pensamentos para além de observar os músculos, o teu corpo, os teus ossos.
À medida que prossegues com essa acção agora, deixa igualmente que te diga, que a acção que identificais no vosso foco físico como a de chorar - se te permitires reconhecer o que te estou a transmitir - à medida que a pessoa inspira o ar e retém a tensão, vós facilitais mais o acto de chorar; mas ao libertardes a tensão, torna-se-vos difícil continuardes esse acto de chorar, porque o próprio acto constitui uma acção natural de libertação da tensão corporal.
YVONNE: Chorar?
ELIAS: Sim. Trata-se duma acção natural que vós instruís à consciência do vosso corpo no sentido de a utilizar para libertar tensão.
Agora; neste momento, ao incorporares essa acção, estou ciente de que o facto de estar a falar contigo te distrai, e tu não estás completamente a usar a tua atenção somente em ti.
YVONNE: Certo, e a relaxar.
ELIAS: Correcto. Mas nós estamos a incorporar um exercício juntos a título de exemplo, para que o recordes.
Nesse sentido, reconhece igualmente que, ao voltares a tua atenção para o teu corpo físico, tu deixas de a projectar no futuro. Deixas automaticamente de associar com o que estavas a antecipar ou o que pensavas em relação ao futuro.
E uma vez tenhas distraído a tua atenção dessa projecção no futuro e a tenhas focado no agora, e lhe tenhas oferecido uma ocupação com a deliberação de relaxares a consciência do teu corpo físico, e assim que te tiveres permitido relaxar, estarás em condições de te questionares: “Que estarei a gerar agora? Que estarei efectivamente a fazer neste momento? Estarei a empreender esse acto de antecipar o futuro e de projectar a minha atenção no futuro? Não! Estou sentada numa cadeira. Estou a incorporar o exercício de relaxamento dos meus músculos físicos. Que estarei a criar que gere ansiedade?” Expressão nenhuma.
Isto em si mesmo, minha amiga, possibilita-te escolha. Porque agora libertas ansiedade e medo e desencorajamento e opressão, porque agora a tua atenção volta-se para ti e tu passas a incorporar a liberdade de saberes, “Estou a gerar um pequeno movimento, actualmente. Estou a relaxar. Ah! Disponho de imenso número de escolhas! Posso escolher aquilo que quiser neste momento.”
YVONNE: E em seguida? Após isso, a ansiedade retorna, porque não me é possível focar-me numa única coisa. É preciso tomar uma decisão para o que quer que eu escolha criar, e é preciso que seja acertada.
ELIAS: Não tem importância, minha amiga! (Yvonne ri) Não existe qualquer escolha acertada.
YVONNE: Isso eu entendo.
ELIAS: Aquilo que é significativo não é a escolha acertada ou a escolha desacertada, mas EM QUE consiste a escolha – reconhecer o que é que desejas.
YVONNE: Eu quero tudo! (Ri)
ELIAS: E eu posso-te dizer que tu podes obtê-lo, mas TU precisas gerar isso. E como continuas meramente a projectar no futuro e a deixar de o FAZER no momento – e aquilo que escolhes fazer é desmotivar-te ou expressar ansiedade – crias unicamente um círculo.
YVONNE: Exactamente, e eu estou bloqueada.
ELIAS: Mas não estás bloqueada.
YVONNE: Não me quero sentir bloqueada.
ELIAS: É por essa razão que te estou a referir este exercício, porque ele conduz-te a atenção de volta ao momento e permite-te reconhecer que podes escolher aquilo que quiseres e gerar isso, e criá-lo, mas precisas igualmente reconhecer que o crias no momento. Escolhe O QUE quiseres; isso não importa. Começas (agora) no momento, mas não estás a oferecer a ti própria o reconhecimento disso, para além dos pensamentos procedentes do intelecto, por te achares tão ocupada neste momento a gerar ansiedade e a pensar no futuro. Como poderás criar no momento e aproveitar os momentos se a tua atenção não se encontra focada no momento? (Pausa)
É frequente as pessoas referirem o desejo de criarem enormes somas de dinheiro. É frequente as pessoas referirem querer um relacionamento íntimo e prolongado com outro indivíduo.
YVONNE: Dois ou três. (Ri)
ELIAS: Agora; em ambas essas formas de querer, é frequente as pessoas encararem ambas essas formas de criação como expressões externas a si mesmas e que não são eles quem as cria, mas as obtêm.
YVONNE: Eu li essa transcrição relacionada com a diferença entre a aquisição e a manifestação. Intelectualmente isso soa correcto. Quero dizer, sim, tenho consciência disso repercutir em mim. Penso ser unicamente uma questão de aprender o modo de...
ELIAS: É uma questão de ofereceres a ti própria permissão para implantar um primeiro passo, e uma vez tenhas permitido implantar esse passo inicial no momento, ele expressa-se com muito mais facilidade.
“Eu quero gerar enormes somas de dinheiro”. O primeiro passo consiste em interromperes a concentração que fazes no COMO deverás gerar enormes somas de dinheiro e em começares a confiar em ti em termos de simplesmente o vires a fazer. Isso traduz o primeiro passo.
Além disso, reconhece também em que assentará a tua motivação. Muitos, e tu também, associam enormes somas de dinheiro à expressão de liberdade. Mas não necessitais de dispor de dinheiro para possuirdes liberdade. Tudo aquilo que percebeis necessitar não passa de crenças: NECESSITAIS desta habitação, NECESSITAIS dum veículo para o transporte, NECESSITAIS de electricidade, NECESSITAIS de equipamento de comunicação, NECESSITAIS de substâncias específicas para vosso consumo.
YVONNE: Eu preciso dum cartão de crédito com um plafond ilimitado! (A rir)
ELIAS: Justamente! “Preciso de dispor de plástico!” E todas essas necessidades requerem dinheiro.
YVONNE: (Suspira) Pois, isso traduz uma mera transacção.
ELIAS: Aquilo de que PRECISAS é de ti própria. Aquilo que PRECISAS é de confiança.
YVONNE: Certo.
ELIAS: Porque assim que ofereceres a ti própria a tua confiança e a tua aceitação, tu GERARÁS não aquilo que necessitas mas tudo o que queres. Por isso, que será que a pessoa quer com enormes somas de dinheiro? Liberdade.
Esta coisa, esta manifestação, não gera liberdade. Tu estás a permitir que uma manifestação física te dite aquilo que deverão ser ou deixar de ser as tuas escolhas. Aquilo que te proporciona liberdade é a escolha. O dinheiro limita-te de forma formidável as escolhas se projectares a tua atenção nele.
YVONNE: Quando a Leslie me convidou para este fim de semana, a minha reacção espontânea inicial foi, “Sim! Tudo bem!” mas logo retrocedi e disse, “Espera aí, quanto irá isso custar? O meu deus, não sei, tenho que pensar.” Trabalhei arduamente nisso por um dia e por fim disse, “Permite-te ir!”
ELIAS: Correcto. Percebe neste momento a forma como permitiste que a manifestação do dinheiro te ditasse as tuas escolhas. Uma coisa a ditar-te aquilo que a tua escolha deve ser. (A Yvonne suspira) Outros indivíduos a ditar-te as tuas escolhas.
(De modo sereno e brando) Mas se a tua atenção se tiver virado para o momento e para ti, tu reclamas a ti própria e aquilo que poderá ser encarado como o teu direito de nascença: a tua escolha, aquilo que queres, a despeito de toda e qualquer expressão, a despeito de qualquer outra escolha da parte seja de quem for, a TUA escolha.
YVONNE: E se permanecer no momento saberei aquilo que quero? Essa é a outra parte da questão. Neste momento sinto-me de tal modo confusa, que nem sequer... Bem, eu sei mais ou menos aquilo que quero mas...
ELIAS: Mas não ofereces a ti própria permissão para o gerar, mas tu também te familiarizarás mais com a identificação daquilo que queres genuinamente se te permitires familiarizar mais CONTIGO. E o modo através do qual consegues isso é prestando atenção a ti e às tuas escolhas.
Muitos expressam o desejo de criarem laços de intimidade com outros e quererem ser companheiros e partilhar e ser amados e apreciados por outros. Na realidade, aquilo que o querer traduz é expressar liberdade íntima para expressardes essas qualidades com liberdade, sem vos impordes nenhum obstáculo à vossa PRÓPRIA expressão, à vossa PRÓPRIA escolha – não aquilo que podeis adquirir dos outros, seja relações, dinheiro, objectos ou situações. Não aquilo que podeis adquirir, mas o que podeis permitir-vos criar e expressar com liberdade – nisso reside a questão do poder.
YVONNE: E eu quero ser poderosa.
ELIAS: Mas tu és. Apenas não o estás a reconhecer. (Pausa)
YVONNE: (Suspira) Eu não vejo como é que já reúno isso. Penso que onde eu fico preocupada é com o aspecto da confiança em mim.
ELIAS: Justamente.
YVONNE: Por exemplo, parte daquilo em que tenho vindo a trabalhar é procurar remover energia do meu caminho de forma a ser capaz de me conhecer e de confiar em mim – sabes como é, “Hei, estou-te a ouvir!” por vezes penso que o consigo mas aí a coisa explode, e é como se não me tivesse estado a escutar de todo. Que quereria isso dizer? Eu estava errada de novo.
ELIAS: Não quer dizer necessariamente que estejas errada.
Agora; uma vez mais, isso traduz o cerne do poder em ti, no momento, por meio da familiarização contigo própria, de escutares o que transmites a ti própria por meio das emoções do momento – não meramente o sinal, que se traduz pela sensação ou sentimento, mas também a mensagem que apresentas a ti própria – por meio do reconhecimento do que estás a fazer no momento, daquilo que estás a escolher, e pela permissão da consciência do que estás a pensar, porque muitas vezes o pensar não se encontra em harmonia com o fazer.
YVONNE: Posso descrever um exemplo? Antes de mais, a minha mãe morreu a 3 de Setembro e em seguida, ocorreu aquilo do 11 de Setembro (911). Na semana posterior, houve uma abertura, uma oferta de empregos na minha agência e eu pensei que o emprego estaria garantido. Eu desejava o emprego, concorri a ele, e cheguei a pensar de verdade estar garantido. Mas não estava, e eu não o consegui e isso pesou-me na consciência em termos de demérito na imagem que fazia de mim próprio e em relação ao que andaria a fazer. Fiquei verdadeiramente devastada e a sentir-me uma inútil, desamparada e sem valor. Senti como que malograda, e senti tanta falta daquilo.
ELIAS: (Com serenidade) Porque a tua atenção se centra no teu pensar...
YVONNE: Na análise.
ELIAS: ...Sem que prestes atenção ao que estás a fazer.
Com esse exemplo tu expressaste estares convencida de que venhas a conquistar esse emprego. Estás a gerar a ideia de vires a obter esse emprego, e estás a associar a ideia à criação da tua realidade. Mas o pensamento não cria a realidade. Podeis pensar e continuar a pensar, e concentrar a vossa atenção no pensar e chegares mesmo a criar dores de cabeça de tanto pensar (A Yvonne ri) e isso não te criar necessariamente AQUILO que estiverdes a pensar.
Preocupais a vossa atenção com o pensamento, acreditando que o pensar seja o instrumento que gera a energia que desse modo produzirá a vossa realidade. Não, ela não gera. Aquilo que ESCOLHEIS e percebeis é que cria essa realidade. O vosso pensar consiste num mecanismo destinado a traduzir a informação. O pensar é um instrumento. É real, porém, não cria a realidade.
YVONNE: Então, para poder manifestar, como poderei sair do compartimento do pensar, para poder fisgar essa energia que cria?
ELIAS: Vós sempre utilizareis, para o referir por palavras vossas, o pensar. Não vos estou a indicar para deixardes de o considerar, mas a chave reside no sentido para onde direccionais a vossa atenção. Dirige a tua atenção para o que estiveres a escolher, porque isso que estiveres a escolher efectivamente segue o teu sentido no momento.
YVONNE: Mas eu escolhi o emprego e não o obtive.
ELIAS: Não, não escolheste o emprego, ou terias manifestado a tua posição nele.
YVONNE: Oh!
ELIAS: (Com vigor) Tu escolheste NÃO criar o emprego e isso FOI o que criaste. Aquilo que ESCOLHES deverá tornar-se no que criares. Tu não “escolheste o emprego”. (Pausa)
Tu PENSASTE ter escolhido o emprego mas aquilo que PENSASTE e aquilo que ESCOLHESTE foram coisas distintas, e isso é o que te estou a fazer ver como traduzindo o cerne d questão. Aquilo que PENSAS não é necessariamente aquilo que virás a gerar. Por isso torna-se significativo que voltes a tua atenção para o que estiveres a ESCOLHER, o que estiveres a gerar e não necessariamente o que PENSAS estar a gerar.
YVONNE: Oh, isso de não perceber nada! (Pausa) Como poderemos começar a ver no escuro?
ELIAS: Excelente questão, porque podes associar o perceber com o pensar. Como hás-de começar a ver no escuro? Sente.
YVONNE: Mas eu sempre pensei que era com o coração que comandava. Eu sou uma pessoa muito de sentimentos, muito sensitiva.
ELIAS: Em relação ao exterior! Mas nós estamos a debater...
YVONNE: O interior.
ELIAS: Pois.
YVONNE: Sim, e é aí que reside o meu bloqueio. Esse é o meu bloqueio.
ELIAS: Essa é a razão porque te estendi esse exercício para praticares.
YVONNE: O de relaxar no instante.
ELIAS: Sim, e de prestares atenção a ti própria no momento e parares de projectar fora de ti, fora do agora.
Porque, tal como declarei, apesar disso poder parecer bastante simplista, muitas acções ocorrem em simultâneo com esse simples exercício. Começas a validar-te. Começas a familiarizar-te com o facto de voltares a tua atenção para ti, e com o facto de a deteres no momento, em te familiarizares com a tua energia, e com a atenção para com as tuas escolhas. Muitas outras acções ocorrem com esse simples acto.
YVONNE: Na verdade não me conheço a mim própria, conhecerei?
ELIAS: Em termos objectivos, tu conheces o teu pensar! (A Yvonne ri) Achas-te bastante familiarizada com as expressões exteriores a ti própria. Achas-te bastante familiarizada com as expressões dos outros, e permites-te comunicações do foro intuitivo em relação às energias e expressões e escolhas dos outros, e distraíste-te de modo eficiente do facto de te permitires prestar atenção a ti própria e às tuas escolhas. Mas o assombro, minha amiga, reside em poderes começar agora.
YVONNE: E eu faço a intenção completa disso! (A rir)
ELIAS: Ah ah!
YVONNE: Quero dizer, a esta altura tenho conhecimento disso ser a minha missão na vida!
Dispomos, ainda, duns dez minutos ou isso, e fui encorajada a colocar questão acerca das essências e das famílias e dos aspectos e coisas desse tipo.
ELIAS: Isso depende da tua escolha. Que queres? Onde reside o teu interesse? (Pausa)
YVONNE: Não sei. (Ri) Não sei. Quer dizer, Eu estava lá em cima no Niagara e senti-me como que em casa. Senti pertencer lá, pelo que pense estar bastante ligada à terra. Adoro penedos. ADORO penedos! (A rir) Adoro os pássaros. Gosto imenso das Quedas do Niagara. É como que o que eu conheço em relação a mim própria.
ELIAS: Correcto.
YVONNE: Por isso, ou eu terei sido uma geologista lá por aquelas bandas, ou vivi alguma vida como nativa Americana que costumava lavar as roupas no rio, tudo isso poderá ter ocorrido mas tudo o que sei é que senti essa ressonância quando lá estive.
ELIAS: E isso é significativo para ti.
YVONNE: É, sim. Mas precisarei saber tratar-se dum aspecto ou duma essência, duma família? Eu não sei.
ELIAS: Precisas?
YVONNE: O quê?
ELIAS: Precisas de saber?
YVONNE: (Suspira) Provavelmente não.
ELIAS: Este diálogo, minha amiga, em si mesmo consiste num exercício destinado a fazer-te prestar atenção a ti própria e a permitir-te...
YVONNE: O meu próprio conhecimento.
ELIAS:...Sim, e confiar em ti e aceitar-te, e criares as TUAS próprias escolhas, em relação àquilo que TU queres.
YVONNE: Isso soa a algo vastíssimo.
ELIAS: Trata-se duma liberdade VASTÍSSIMA, e posso dizer-te que tu és suficientemente vasta para poderes incorporar esta vasta liberdade.
YVONNE: Não duvido! (Ri)
ELIAS: Sem dúvida!
YVONNE: (A rir) Eu sou leão! (alusão à constelação zodiacal do Leão)
ELIAS: Ah! (Ri) E ÉS o universo!
YVONNE: Sim! Eu sei disso! (Suspira, ao que se segue uma pausa)
Quando a minha mãe me morreu – eu necessito de ter isso validado em termos de sim ou não – mas a minha mãe morreu e eu estava lá e prestei-lhe algum tipo de assistência a qualquer nível da passagem. Após ter partido, enquanto ainda estava ali, como que fui levada a sentir estar a sofrer algum ataque em algum outro nível, que ela se terá dividido e a sua essência verdadeira passou além e esta coisa que tinha estado apegada a ela voltou e atacou-me. Senti ser tipo uma raiz de amargura, que eu precisava largar. Isso fará sentido?
ELIAS: Faz. É bastante simbólico, mas posso-te dizer igualmente que isso procede da concepção que tens associada às tuas crenças. Posso dizer-te que a simbologia de que fazes uso na energia da tua mãe a passar para outra expressão se acha correcta e precisa, e que aquilo que reconheces como sendo a outra energia que terá permanecido também se acha simbolicamente exacto, porque se trata dum depósito ou acúmulo de energia existente no vossa dimensão física. Isso é bastante comum. De facto, TODA A GENTE cria esse acto de continuar a expressar um depósito de energia nessa dimensão física, a despeito de estarem a separar-se dela.
Agora; o que nisso adquire significado é que ao reconheceres o depósito de energia, criaste outra acção. Associaste-te ao depósito de energia e criaste em ti própria uma experiência ao ponto de a experimentares em termos físicos, de forma relacionada com as tuas crenças e em associação do conhecimento que tinhas das suas crenças, e de assumires aquilo que percebias como crenças suas.
Bom; esse aspecto da experiência é da tua criação. Não se tratou dum ataque em termos de energia (psíquica) levado a cabo por parte da energia que se acumulara, mas do reconhecimento que fizeste dessa energia, e do facto de estares a criar outra energia e de impelires com força essa energia sobre ti própria. Isso acha-se directamente associado à percepção que tinhas dela e de ti em relação a ela, e de mereceres isso, e não seres positivamente merecedora.
Esse é um outro exemplo a dares atenção em relação ao que crias de forma associada às tuas crenças, e o modo como te deprecias e deixas de reconhecer o teu mérito, o teu valor autêntico, e todo o juízo de valor que aplicas a ti própria. (Pausa)
Tudo o que puder ter-te sido expressado por esse indivíduo em relação a ti, em termos de juízo de valor, na percepção que tens no foco físico, não se expressa fora da associação deste foco físico.
YVONNE: Acredito que sim.
ELIAS: Trata-se meramente do juízo de valor que tu expressas no teu íntimo.
YVONNE: Tal como a Marj estava a dizer - ela é uma Católica em recuperação. (Ri) Quer dizer, percebo tudo confuso aí. Também sou uma Católica em recuperação. E o aspecto do demérito em relação... Nós esforçamo-nos mas...
ELIAS: Mas conceder-te-ás permissão para parar?
YVONNE: Concedo. Já é mais que tempo. (Elias ri)
Uma última coisa. Mesmo depois de conversarmos, sinto-me muito cansada. Sinto-me muito cansada. Pareço não sentir muita energia, não me poderás ajudar? (Suspira e ri)
ELIAS: Minha amiga, esse exercício também te será útil em relação a essa expressão. Não surpreende que estejas a experimentar tanta fadiga. Tu tens vindo a conter-te no teu campo de energia com TANTO vigor e há TANTO tempo, para o referir por palavras vossas, que isso pode tornar-se exaustivo.
YVONNE: E é.
ELIAS: É muito mais fácil relaxar a tua energia e permitir (paciência) porque requer muito menos energia expressar-se esse modo do que criar tensão.
YVONNE: Mas é quase como se a coisa se assemelhasse ao esquecimento. Não sou capaz de me lembrar como... É quase como a memória celular, tipo: “Hei, acorda, vamos lá recordar!”
ELIAS: Esta é a razão porque virás a incorporar esse exercício OBJECTIVO, para te familiarizares uma vez mais.
YVONNE: (Ri) Vou fazer isso!
ELIAS: E nesta altura, em relação àquilo que estivemos a debater, se sentires fadiga no momento, concede permissão a ti própria para responder. Permite-te reconhecer aquilo que queres. “Estou a experimentar fadiga. Devo prosseguir com esta interacção do momento e adoptar esta ou aquela acção, mas que será que eu quero neste momento? Quero incorporar serenidade e uma sesta.” ( Yvonne ri)
Muito bem. Podes oferecer a ti própria permissão para criar isso. Não te encontras na obrigação em relação seja a quem for senão tu. (Pausa)
YVONNE: (Suspira) Hei-de aprender a tomar conta de mim.
ELIAS: Ah. Pratica, minha amiga.
YVONNE: Que tempo restará?
ELIAS: Muito bem. Eu vou continuar a encorajar-te.
YVONNE: Obrigado.
ELIAS: E estender-te-ei igualmente a minha energia. Podes permitir-te começar a distinguir energias azuis...
YVONNE: Ouvi dizer que tu eras azul.
ELIAS:...E tu irás reconhecer a minha presença junto de ti. Estendo-te um enorme afecto. Para ti, au revoir.
YVONNE: Também para ti.
...
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