Quinta-feira, 9 de Março de 2000 (Privada/Telefone)
Tradução: Amadeu Duarte
Participantes: Mary (Michael) e Frank (Christian/X-tian)
...
ELIAS: Bom dia, Christian!
FRANK: Saudações, Elias! Como estás?
ELIAS: Ah, ah, ah!
FRANK: Eu digo sempre isto!
ELIAS: (A rir) E que vamos tratar, hoje?
FRANK: Como se não soubesses, não é?
ELIAS: Ah, ah, ah, ah!
FRANK: Penso que na nossa última sessão, ficaste pelo quarto estágio, e desde aí, tu mencionaste esse quarto estágio em várias outras sessões, o que parece perfazer a aceitação.
ELIAS: Tens razão.
FRANK: Certo. Sem estar a querer estar a armar-me em esperto, (A rir) quando alcançamos a aceitação, ela parece tornar-se a coisa mais importante. Vou voltar de novo à questão da metodologia. Mas não poderás… Por outras palavras, não existirão aí uns cinco estágios no percurso da aceitação? Não poderás apresentar a questão nesse formato?
ELIAS: Ah, estás a exigir um estágio adicional!
FRANK: Estou!
ELIAS: Ah, ah, ah, ah, ah! (Frank parte-se de riso) Porque...
FRANK: A auto-aceitação, como é evidente, constitui uma asserção demasiado notória, pelo que não serias capaz de a recomendar ou definir um conjunto de estágios para essa aceitação, por meio dum método específico?
ELIAS: (A rir) Mas isso é o que já tive ocasião de apresentar, no enquadramento dos vossos quatro estágios. Vós exigistes um método e eu proporcionei-vos um método.
Agora; dir-te-ei que assim que penetrardes o quarto estágio, a razão porque o defini como um quarto estágio – e não apenas três estágios e um resultado – é porque o quarto consiste também num estágio. Porque, se te permitires passar em revista os estágios que vos foram oferecidos – um, dar atenção (ou observar); dois, identificar e reconhecer; três, empenhar-se, e quatro, a aceitação, perceberás não ser aquilo que identificas como um resultado absoluto. Porque esses quatro estágios são para se realizar no momento.
Por isso, assim que te deslocas para o quarto estágio da aceitação, isso não representa aquilo que na vossa língua materna se poderá designar como tarefa cumprida! Ah, ah!
Porque assim que tiveres alcançado a aceitação, não te iludas com a ideia de que isso não requeira mais consciência ou aquilo que em termos físicos definis como manutenção sustentação porque tu continuas a comportar crenças nesta dimensão física.
Lembra-te de que não estás a eliminar as crenças mas a neutralizá-las, porém, continuas a comportar crenças. Na tua realidade física continuas a sustentar crenças. Por isso, quando tiveres passado para o quarto estágio da aceitação, deterás igualmente a capacidade de deslizar para fora da aceitação e de passares a voltar a incorporar falta de aceitação.
É por isso que incorporas este método dos vossos quatro estágios porque, quando começas a aceitar (o quarto estágio) também concedes a ti próprio a capacidade de colocares a ti próprio e a qualquer momento em simultâneo o estágio um, dois, três, e a permitir-te a ti próprio estabelecer o estágio quatro.
FRANK: Muito bem. Então, por outras palavras, quando neutralizamos uma crença, ela pode ser reactivada.
ELIAS: Absolutamente!
FRANK: Então não se dá por terminado, e nós podemos prosseguir em frente. Quer dizer, é uma coisa que está permanentemente presente.
ELIAS: Isso traduz a acção das probabilidades. As probabilidades são criadas, escolhidas e actualizadas no momento, e podem ser alteradas de um momento para o outro na vossa realidade física, por incorporardes tempo linear. Por isso, tudo o que criais ou manifestais na vossa realidade é estabelecida enquanto probabilidade escolhida e manifestada no momento.
Agora; é susceptível de continuar a ser recriada em momentos subsequentes, ou alterada e deixada de ser recriada. Esse acto de aceitação consiste na criação duma escolha no quadro das probabilidades, do mesmo modo que qualquer outras escolhas que criais na vossa realidade.
Nisto, com efeito, não existe qualquer diferença em relação à criação dum osso quebrado. Num momento escolheis uma probabilidade que passareis a actualizar e a manifestar e a inserir na vossa realidade física, e concedeis a vós próprios essa experiência no momento. No vosso momento seguinte, segundo o vosso quadro temporal linear, podeis passar a criar uma escolha diferente, e o osso quebrado poderá deixar de estar quebrado. (Pausa)
FRANK: Que produzirá isso em termos objectivos, então? Quero dizer, estás a referir que em temos objectivos podemos partir um osso, que ele poderá deixar de estar partido?
ELIAS: Estou!
FRANK: De verdade!?
ELIAS: Sim, porque as probabilidades são criadas no momento.
Podes quebrar um osso. Nesse momento, terás procedido á escolha duma probabilidade que terás actualizado e inserido na vossa realidade convencional, em termos objectivos. O osso está partido.
Em qualquer um dos momentos seguinte, podes recriar essa probabilidade e dar prosseguimento à manifestação do osso criado, mas isso requer que estabeleças a escolha dessa probabilidade de forma continuada, momento a momento.
Não se trata da situação de criares uma probabilidade por meio da escolha de arranjares a quebrar um osso, que uma vez criada, está criada, e subsequentemente e em qualquer momento possas escolher deixar de criar ou ajustar o que tiveres criado, pela razão de que aquilo que tiveres criado tenha sido actualizado e permaneça, por assim dizer, na tua realidade tal qual o criaste. Não. Vós escolheis continuamente proceder á criação de probabilidades no momento.
Por isso, se arranjares um osso partido, e esse osso continuar a permanecer partido durante semanas, segundo o vosso tempo linear, estás a escolher, a cada instante, recriar esse osso partido e essa expressão.
Agora; também podes, a qualquer momento, alterar a escolha que tiveres elegido, e nesse sentido, podes optar por uma probabilidade diferente, e escolher a probabilidade do osso não permanecer partido - e ele deixará de continuar partido. Parecer-te-á, na tua consciência objectiva, no vosso tempo linear, que de repente te terás curado a ti próprio ou que tenha ocorrido um milagre devido a que o osso não mais se ache partido, e podes até mesmo criar a restauração do osso sem a menor evidência física de que alguma vez tenha estado partido.
FRANK: Isso é incrível!
ELIAS: Isso traduz a acção das probabilidades e da escolha. Essa é a enormidade da escolha, assim como a razão por que escolhestes colectivamente criar e inserir esta Mudança da Consciência na vossa realidade. Trata-se duma acção enorme.
Esta Mudança na Consciência é vastíssima. Consiste num evento procedente da fonte que está a ser traduzido para a vossa realidade física objectiva. Por isso, a questão reside na permissão que vos concederdes individual e colectivamente, consciência objectiva da capacidade e do poder que detendes enquanto essência que foca a atenção numa dimensão física.
Até ao momento, e ao longo da vossa história, limitastes propositadamente as vossas escolhas, mas presentemente, e com a acção desta Mudança, estais a proporcionar a vós próprios informação concernente ao que sois e àquilo que criais, ao modo como criais a vossa realidade, e com relação à razão porque criais a vossa realidade.
Agora; nas vossas crenças, a percepção que tendes do tempo no seu movimento linear influencia imenso, porque ele vos sugere, antes de mais e em relação às probabilidades, que as probabilidades se situam adiante ou no futuro, e que escolheis entre esse vasto repositório de probabilidades que já se encontram em existência, por estardes a pensar em relação às vossas crenças e à percepção que possuís do tempo, no futuro.
Em segundo lugar, sois influenciados pela vossa crença e pela percepção que tendes do tempo em relação às probabilidades, porque olhais para uma dada criação singular que actualizais e manifestais na vossa realidade como uma probabilidade única e, por palavras vossas, duradoura. Por isso, é um absoluto.
A razão porque detendes a capacidade de vos curardes, por assim dizer – ou porque podeis alterar algum elemento extremo na vossa realidade, ou pelo que podeis perceber como uma expressão drástica – não reside no facto de precisardes aplicar mais energia ou mais pressão na vossa energia ou dirigi-la com mais empenho, mas unicamente em voltardes a vossa atenção e escolherdes criar uma actualização diferente.
Isso é extremamente simples. Essa acção é de tal forma simples que podeis mesmo referir que até dói de tão simples que é. Porque podeis comparar esse acto ao de um catraio que pode estar a colorir uma imagem. Ao criardes as probabilidades estais a proceder exactamente ao mesmo tipo de acto.
Podeis observar a consciência dum garoto a colorir um desenho, e ver como ele segura, digamos, três lápis de cor na sua mão. Ele escolhe uma cor e passa a aplicar essa cor ao desenho. As duas cores restantes existem – e acham-se actualizadas – mas não se acham actualizadas no desenho que o garoto está a colorir.
Vós criais a escolha duma probabilidade no momento, e com isso, também actualizais as restantes probabilidades relacionadas com essa, mas escolheis inserir essa na vossa realidade oficial e convencional. Coloris o vosso desenho com uma tonalidade e isso pode prosseguir na vossa escolha ou ser alterado, e podeis escolher uma cor diferente numa outra altura.
Agora; a cor que tiverdes aplicado previamente continuará a existir, pois foi actualizada. Foi criada. Mas podeis igualmente passar a criar com uma cor diferente, e a vossa atenção deverá situar-se nesse momento, da aplicação dessa cor.
Vós criais aquilo que detiverdes na atenção e em que vos concentrardes, e com isso, a vossa concentração poderá prosseguir durante um certo tempo na vossa expressão linear e deverá parecer – na ilusão do tempo subsequente, por assim dizer – que tereis procedido meramente á criação duma expressão ou duma escolha em termos de probabilidade, mas haveis de vos surpreender se voltardes a atenção e escolherdes criar uma probabilidade diferente, pela simples razão de encarardes as probabilidades como expressões sólidas.
Cada probabilidade que criais, cada manifestação que criais, nas crenças que comportais pode muito bem representar um absoluto. “Foi criada, por isso é um absoluto.” Mas eu digo-te que não, não existem absolutos. Detendes a capacidade de alterar continuamente.
(De modo deliberado) Aquilo que vos estais a permitir reconhecer é o poder da liberdade e da escolha, assim como a ganhar uma maior consciência objectiva com a acção desta mudança.
FRANK: Bom, tenho que concordar que isso é muito vasto. Poderemos defender como uma verdade que a probabilidade ultrapassa a crença, os efeitos da crença?
ELIAS: Não.
FRANK: Então a energia duma probabilidade ainda tem que passar pela percepção das crenças?
ELIAS: As vossas crenças/opiniões influenciam-vos sobremodo. Não se trata duma questão de passar além.
Agora; por vezes podeis criar, de forma espontânea, algumas expressões e eleger a escolha de algumas probabilidades nos movimentos que empreendeis sem que sejam influenciadas pelas vossas crenças e – por assim dizer – e se que achem situadas fora da alçada das vossas correntes de opinião. Existem algumas acções na vossa dimensão física que permitis expressar fora desse contexto das crenças e correntes de opinião. Mas também te direi para não depreciares o vigor dessas correntes e das crenças que são sustentadas pelas massas pois elas afectam-vos e influenciam-vos de forma exacerbada.
Vós haveis de (continuar a) criar a vossa realidade por meio do instrumento que é a vossa percepção. E a vossa percepção é influenciada de um modo formidável pelas crenças que sustentais. As probabilidades são tremendamente influenciadas pelas crenças que sustentais porque essas crenças criam as motivações que tendes e isso influencia-vos a percepção, a qual, tal como já referi, consiste no instrumento com base no qual criais a vossa realidade. (Pausa)
FRANK: A minha situação, neste presente momento, é a de me encontrar a apresentar a mim próprio algum trauma, mas os sintomas físicos já deixaram de ser os mesmos. Por um lado, consigo respirar melhor, mas por outro sinto novos sintomas. Dever-se-á isso ao facto de ter neutralizado as crenças originais ou por estar a operar com novas actualmente?
ELIAS: Estás a continuar a mover-te em acordo com o vosso método dos quatro estágios. A esta altura ainda não passaste para o quarto estágio mas eu dir-te-ei que tens vindo a alcançar resultados com a expressão dos restantes três estágios.
Agora; lembra-te de que ao agires com base no terceiro estágio, já te disse que passarás a permitir-te reconhecer estar a iniciar esse terceiro estágio, à medida que aquilo que estiveres a criar se for alterando. Começarás a criar muito menos conflito em relação às escolhas que promoves e manifestas.
Agora; à medida que focas a tua atenção na expressão dos métodos e dos processos, podes necessariamente não deixar de criar conflito no terceiro estágio de forma instantânea e espontânea, mas permitir-te-ás perceber que o conflito estará a decrescer, ou o vigor da expressão do que estiveres a fazer sofrerá um decrescimento, ou a estará a alterar-se; estará a mudar. Tal como afirmaste, estarás a provar a ti próprio objectivamente o facto de estares a começar a dar passos no terceiro estágio.
Agora; permite igualmente que te diga, Christian, que essa acção se fica intimamente a dever à concessão que atribuis a ti próprio no sentido de manteres a tua atenção e a tua consciência continuamente no momento – sublinha o termo “continuamente”!
Esse é um ponto essencial. Não poderei enfatizar-te isso o suficiente: concentrares a atenção em ti próprio, firmando a atenção na tua pessoa e fixares a atenção e a consciência – porque a tua atenção e a tua consciência formam duas expressões distintas – fixá-las no momento (agora).
Trata-se duma expressão extremamente poderosa. Isso proporciona-vos muito mais escolhas, muito mais informação. Proporcionar-te-á uma maior mobilidade. Porque, se não prestares atenção no momento ao que estiveres a criar e às crenças que estiveres a sustentar ou a expressar, nem prestares atenção a ti próprio, e se não situares a tua consciência no momento também limitarás a percepção que tens! (Pausa)
Nesse sentido, reconhece estares a conceder a ti próprio uma comprovada validação em relação a parte do teus movimentos. Permites-te perceber em termos objectivos estares a alterar algumas expressões daquilo que crias, o que te proporciona uma validação e uma comprovação física e objectiva de estares a criar dentro do terceiro estágio. Estás a empenhar-te e isso está a provocar efeitos. Estás a perceber?
FRANK: Estou.
ELIAS: Posso também dizer-te que podeis conceder a vós próprios uma maior conscientização objectiva ainda e percepção desse processo, e proporcionar a vós próprios uma maior comprovação se vos permitirdes focar a vossa consciência no instante e dirigi-la na vossa direcção.
Agora; Isso há-de ser chave em meio àquilo que estiveres a criar. Crias resultados específicos e com isto não estou a sugerir-te que voltes a tua atenção para a criação física mas para a focares em TI.
Inclinas-te na direcção de a concentrares (a atenção) naquilo que estiveres a criar, focando a atenção naquilo que estiveres a manifestar, na expressão externa. Isso faz parte mas não perfaz a totalidade do que és. Essa é a tua expressão, mas não estás a focar a tua atenção em ti. Mas faz parte de ti, por ser a expressão que estás a assumir.
Recorda a tua orientação. A tua criação ocorre tanto interior quanto externamente em simultâneo, e sempre que te permites focar na criação exterior, estarás a contemplar apenas uma parte, e em resultado estarás a bloquear a percepção da coisa no sua globalidade. Passas a perceber apenas uma face. É por isso...
FRANK: Em que consistirá então a criação interior? Como se manifestará a si mesma?
ELIAS: Isso é a atenção em relação à tua crença.
Agora; aquilo que te estou a referir, contudo, não é para que foques a tua atenção num ou noutro aspecto porque ambos consistem em manifestações. Em relação à tua orientação, estou a sugerir que foques a tua atenção em TI.
Observa e permite-te ter consciência objectiva dos teus sentimentos, das tuas emoções, dos teus pensamentos e das impressões que tiveres – de TI PRÓPRIO. Permite-te familiarizar-te contigo próprio e não apenas com aquilo que manifestas.
Pensa numa moeda. A moeda és tu. Ao conceberes a moeda estás também simultaneamente a criar os dois lados dessa moeda.
Nessa tua orientação soft tu estás a criar em simultâneo interior e exteriormente mas aquilo em que focas a tua atenção num momento particular é num ou no outro lado. Em determinada altura focas a tua atenção na crença. No momento seguinte foca-la na manifestação física. E em ambas as direcções em que focas a tua atenção deixas de prestar atenção a ti próprio no instante.
FRANK: Isso representa o quê? Aquilo que penso, os meus sentimentos, ou a associação que estabeleço entre a crença e a manifestação física?
ELIAS: Recorda que já referi previamente que vós criastes nesta dimensão a expressão do intelecto e a da intuição numa coexistência equilibrada, para que isso vos proporcione informação, o que se traduz pela expressão da vossa percepção.
Por isso ao te permitires equilibrar as suas expressões, sem te direccionares meramente para uma nem para a outra mas criando uma chance de estabeleceres harmonia entre o intelecto e a intuição, poderás familiarizar-te com a tua percepção, expressão essa que traduz uma expressão de TI PRÓPRIO.
FRANK: Muito bem. (Pausa) Onde estaria a querer chegar com isto? (Elias ri) Tinha várias direcções que desejava tomar.
Já debatemos determinadas crenças, no passado, e tu mencionaste que eu criava alguns “relicários” respeitantes a determinadas crenças, o que soa bastante desencorajador, coisas tenebrosas, ameaçadoras, e desproporcionadas que precisam ser ultrapassadas e neutralizadas. Fará isso parte do mesmo que estamos agora aqui a debater, ou serão áreas dum interesse específico? Como por exemplo, eu criava este “relicário” em relação à lealdade e outro em relação à confiança. De cada vez que sinto que os sintomas que manifesto penetram numa área traumática, penso estar a lidar com esses “relicários” gigantes e obscuros.
ELIAS: Tu estás a expressar-te para ti próprio de modo adequado na identificação que estabeleces, porque tudo se acha interligado e todos esses elementos actuam mutuamente entre si.
Agora; lembra-te também que te realcei o facto de precisares relaxar. E tu interpretas isso bastante em termos físicos.
A interpretação que fazes disto que te referi traduz, uma vez mais, um lado da moeda, porque o traduzes em termos de relaxamento físico apenas. Por isso ao sugerires a ti próprio para te relaxares, estás apenas a sugerir a ti próprio um relaxamento fisicamente.
Agora; vejamos aquilo que expressaste. Encaras essas questões como bastante desmesuradas e como “relicários” obscuros.
FRANK: Bastante negras, densas e difíceis de penetrar.
ELIAS: Absolutamente, e a avaliação que fazes disso, a apreciação que fazes, a crença que estabeleces ao adoptares essa terminologia, é negativa.
FRANK: Correcto.
ELIAS: E com essa atitude passas a incorporar uma tensão interior a todo o momento que abordas essa área negra e negativa e imediatamente lanças mão duma protecção e ergues barreiras que criam uma divisão entre uma vulnerabilidade da tua parte e essa expressão de mau agouro.
Mas eu digo-te que isso constitui um verdadeiro desafio que te propões no sentido da aceitação de tudo o que és e do reconhecimento de que esse teu elemento obscuro é na realidade um elemento que faz parte de ti e nem por isso é uma parte de ti menos gloriosa do que qualquer outra que encaras como positiva.
Vamos voltar ao “desenho” que “estás a colorir” e dar uma olhadela no “retracto” que fazes de ti próprio. Essas áreas escuras podem constituir os sombreados, os tons acinzentados e acastanhados mas eles também te conferem dimensão e profundidade e à expressão que assumes nesta dimensão física. Não passam de expressões que contribuem para te conferir colorido. (Pausa)
FRANK: Eu sei; enquanto estavas a dizer isso... Sinto que grande parte da emoção que sinto relacionada com isso neste momento se centra na minha manifestação física, penso eu.
ELIAS: Eu não te estou a sugerir, tal como já tive ocasião de referir junto de muitos outros anteriormente, para abraçares o medo. Isso é ridículo! (Frank ri)
Aquilo que te estou a dizer é que te acolhas a TI PRÓPRIO num todo, com o reconhecimento das cores todas que adoptas a fim de emprestares colorido ao retracto inteiro, e que sem todas essas cores serás dotado duma insipidez e dum esbatido, e tu não és esbatido nem insípido pois possuis uma profundidade e dimensão formidáveis! Tu és multidimensional.
Por isso, se incorporares uma aceitação pessoal destituída da condenação desses matizes também esvazias e desanimas a energia que colocaste sobre a expressão do medo de encarar aquilo que designas como aspectos pessoais obscuros.
Como poderás adoptar profundidade sem sombra? Como haverás de criar luz nesse retracto sem o seu complemento da sombra?
Por isso, a incorporação e a colocação da sombra, por assim dizer, constitui o complemento que passa a criar a maravilha do todo. É unicamente a influência resultante das vossas crenças que cria a percepção de que aquilo que é escuro seja negativo, ou mau, ou detestável, ou desconfortável.
Podes perceber a sombra ou as trevas por meio duma forma de percepção e permitir-te a liberdade da sua aceitação, por meio do reconhecimento de se tratar dum elemento teu igualmente que te confere profundidade. (Pausa)
FRANK: Muito bem, é muito interessante. Mas eu repito uma vez mais, que estou a sentir imensa emoção em relação a isso, neste exacto momento, pelo que deve representar uma parcela crítica do problema, relacionado comigo.
ELIAS: Por estares a conceder a ti próprio uma abertura nesta ressonância que fazes neste momento. Conheces, no teu íntimo, o sentido daquilo que estou a referir e reconheces tratar-se dum elemento chave.
Pensa para contigo próprio em termos joviais, e a título de exercício, uma vez mais, poderes conceder a ti próprio uma momentânea permissão para perceberes este negrume que se situa no teu íntimo, e diz para ti próprio, em que consiste o temor que sentes? Identifica aquilo em que esse temor consiste. Virás a morrer? Virás a sofrer alguma mutilação física? Irás sentir-me mutilado emocionalmente e psicologicamente por te voltares para essa sombra? Não se trata de nenhuma expressão da Medusa, que te torne numa estátua de pedra se te permitires encará-la!
Podes igualmente dissipar grande parte desse poder associado à energia do medo se te permitires perceber tratar-se unicamente duma outra cor que faz parte do teu retracto.
FRANK: Bom, excelente. Farei o que me propões. (Pausa)
Uma outra coisa que tenho observado é que, enquanto me empenhava na orientação soft que me caracteriza, sabes, e tomava consciência do que me ensinaste - que os soft sentem necessidade de se encontrarem em ambientes com muita gente e de interagir com as pessoas, sempre fico com a impressão de que... Lá pelo final do ano, dei por mim a relacionar-me bastante com as pessoas, durante as férias, num grau mais acentuado do que o habitual, e a procurar abraçar isso e a deixar-me envolver nesse processo mas aí deparo-me com uma um aspecto sempre presente, como quando me sinto como que num ponto alto desse relacionamento, ou sinto estar a fazer o que devia fazer, e tenho necessidade de romper com isso e então, bang, fico de novo doente, ou algo acontece que me isola ainda mais de todos, o que penso carregar ainda actualmente, em resultado do relacionamento das férias. Que se passará nessa esfera?
ELIAS: Isso acha-se tudo em interacção com essas questões e a tua falta de concessão dum fluxo natural na tua expressão de forma enquadrada na tua orientação. Estás, como quem diz, a criar um ponto de paragem e a armar o palco, por assim dizer.
Por não te estares a firmar no instante e começares a projectar no futuro, e nesse projectar no futuro antecipares a quebra dessa experiência da liberdade e do fluxo natural da energia, que parecerá não durar, por assim dizer. Por isso reajustas-te e deslocas-te de novo na direcção de tentares moldar-te à força. (Pausa) Com isso...
FRANK: Tal como sair da minha orientação e passar a identificar-me com outra.
ELIAS: Sim! Passa a existir uma formidável expressão disso, o que afecta sobremodo! Porque quando procuras afastar o teu fluxo natural da energia, isso AFECTA dum modo formidável.
Já referi previamente – desde o início do fórum destas sessões e interacções convosco na realidade física – QUE A ENERGIA EXPRESSA-SE SEMPRE.
Se estiveres a criar obstáculos e a bloquear o fluxo natural da tua energia, isso passará a expressar-se dum outro modo. Não permanecerá estático. A energia acha-se em contínuo movimento.
Por isso, se não permitires um fluxo ou uma expressão natural da tua energia, passarás a expressá-la de outro modo, e esse modo pode mover-se no sentido contrário ao do teu fluxo natural, mas hás-de ter consciência de estares a mover-te no sentido inverso do do teu fluxo de energia, pois permitir-te-ás comprovar e obter consciência disso isso de modo evidente.
Permitir-te-ás perceber a afectação que criaste – ou a falta de conforto ou de prazer ou a expressão de conflito ou de confusão – relacionada ao afastamento da tua energia rumo a áreas em que não te permites adoptar esse fluxo natural.
FRANK: De acordo. Parece que isso tem “pano para mangas”.
ELIAS: (A rir) Diz para contigo próprio, e repete a sugestão por algum tempo, “Esforçar, não – RELAXAR.”
FRANK: De acordo, relaxar. (Elias ri) Ambos os lados da moeda.
ELIAS: Pois! (A rir)
FRANK: Muito bem, Elias. Esta constitui, uma vez mais, uma grande sessão, para mim. Agradeço-te imenso, e fica sabendo que havemos de voltar a encontrar-nos de forma objectiva!
ELIAS: E eu fico na expectativa dessa interacção! Endereço-te encorajamento, Christian, e lembra-te de relaxar em meio à expressão das probabilidades deste dia de hoje.
FRANK: Assim farei.
ELIAS: Muito bem. E permite-te igualmente não direccionar as tuas expressões no sentido da irritação nem da frustração. Permite-te relaxar somente. Preocupa-te unicamente com o presente dia. Carpe diem! (Aproveita o momento!)
FRANK: (A rir) Aproveitar o momento – é o que farei! Muito obrigado.
ELIAS: É um prazer, meu amigo.
FRANK: Elias, quando interagimos subjectivamente, eu e tu, que é que fazemos? Que acontece nessas alturas?
ELIAS: Misturamos as nossas energias, o que vos permite compreender objectivamente a informação que está a ser-vos transmitida.
Darei continuidade a esse debate contigo numa outra altura, porque a acção que empreendo junto contigo, na orientação soft, é subjectivamente diferente da que eu empreendo com aqueles que têm uma orientação comum ou intermédia.
FRANK: Muito bem.
ELIAS: (A rir) Para ti, neste dia, meu amigo, com relaxamento e um enorme afecto, ai revoir.
FRANK: Au revoir.
Copyright 2000 Mary Ennis, All Rights Reserved.