Sábado, 8 de Agosto de 2009 (Privada)
Tradução: Amadeu Duarte
Participantes: Mary (Michael) e Lynda (Ruther)
(A aparição do Elias dá-se em aproximadamente 21 segundos)
ELIAS: Bom dia!
LYNDA: Bom dia. Gostava de prosseguir com o que começaste a referenciar em relação aos movimentos inerentes à orientação comum nesta onda das comunicações próprias das emoções, que passaremos a designar como parte dois.
Na nossa última sessão, o disco terminou enquanto nós prosseguimos por mais dez minutos aproximadamente, só que esse material não ficou gravado. Durante esse período de tempo mencionaste que a assimilação opera no campo subjectivo e excede a esfera do pensar, e nós falamos em confiar nisso. Gostaria de dar continuidade ao tema e de obter mais informação da tua parte sobre o modo como nós, os que pertencemos ao tipo de orientação comum, poderemos efectivamente abrandar o efeito exercido pelos tentáculos das associações e dos apegos. Gostava que voltasses atrás e recuperasses o que disseste da última vez, quando perdemos os últimos dez minutos, se for possível. (Pausa)
ELIAS: A dificuldade reside um tanto em vos desprenderdes dos sentimentos e também em deixardes de vos mover no sentido da análise e do pensar excessivo. Deixa que te diga, que já tive ocasião de me debruçar nessa mesma matéria noutras situações, e já referi o quão vigorosamente podem os sentimentos estar ligados ao pensamento.
Bom; em muitas situações, eles acham-se fortemente entrelaçados. Tal como referi anteriormente, muitas vezes, quando um indivíduo tende a repetir o pensar, o mecanismo do pensamento deixa de receber uma informação renovada para traduzir. Por isso mesmo utiliza a informação usada. Aquilo que opera é reorganizar a informação usada numa tentativa por produzir uma tradução actualizada, por isso representar a sua função (traduzir). Por isso, se não lhe for cedida uma informação renovada, ele passa a mobilizar a informação usada.
Agora; o vosso mecanismo do pensamento, apesar de não constituir propriamente uma acção inteiramente física – contrariamente àquilo que vós pensais – acha-se estreitamente ligado ao vosso cérebro físico. Consequentemente, apesar dos pensamentos (ideias) serem gerados a partir dum aspecto não físico vosso, eles também activam uma actividade no vosso cérebro físico. Isso é importante. Porque o vosso cérebro faz parte da consciência do vosso corpo, e detém a capacidade de fazer uso de todas as áreas da consciência do vosso corpo físico.
Ora bem; o vosso cérebro não controla necessariamente os aspectos todos da consciência do vosso corpo, mas possui a faculdade de aceder a qualquer aspecto dessa consciência do corpo. Esse é um factor importante, porque a memória está armazenada na consciência do vosso corpo. Nesse sentido, quando começais a dar lugar ao acto repetitivo do pensar, um qualquer pensamento liga-se ao cérebro físico e provoca um estímulo físico, e aquilo que esse acto passa a operar é dar instrução ao cérebro para aceder a diferentes aspectos da consciência do corpo, a qual inclui a memória.
Agora; agregada á memória, para além das associações, estão os sentimentos (e sensações). Quando o mecanismo do pensamento se vê impossibilitado de aceder a uma informação renovada, automaticamente passa a procurar informação usada. E quando o faz, procura reorganizar essa informação usada a fim de a apresentar com uma aparência que se assemelhe a uma informação renovada, coisa que não é. O que isso faz é estabelecer ligação com o cérebro físico, o cérebro estabelece ligação com o vosso sistema nervoso, com o vosso sistema neurológico, e passa a buscar recordações que se enquadrem na informação usada a que o mecanismo do pensamento está a aceder. Quando produz esse acto, passa a fazer uso da memória, da associação e do sentimento. Então, dispondes do pensamento, que terá estimulado o sentimento e as associações usadas.
Nesse sentido, tal como mencionamos anteriormente, a dificuldade reside no facto de vos bloqueardes um tanto na produção de recordações e de sensações “usadas”, que sé vão produzir intensificação, e de pensamentos que são repetitivos. São tudo menos renovados. E na combinação dessas expressões, aquilo que passais a apresentar a vós próprios, ou aquilo de que passais a dispor é de informação que não é relevante nem válida, e que não se enquadra. E isso tanto pode gerar um círculo de pensamento e de sentimento que se torna numa armadilha como gerar frustração e até talvez mesmo fúria, por não se enquadrar e parecer não haver qualquer maneira de contornar isso.
LYNDA: Descreveste maravilhosamente o quadro de terror que se gera na mente. Esqueceste o desespero e a depressão, mas nós passamos a incluí-los, por ser desse modo que traduzo a coisa. Mas seja como for que isso seja passível de ser traduzido, corresponde à explicação daquilo por que na realidade se traduz. Caramba.
ELIAS: Nesse caso, começais a dar por vós a experimentar modos que vos parecerão pouco habituais. Começais a sentir, mas nesse sentir, um aspecto do mecanismo do pensamento passa a tomar em consideração qualquer informação presente, que não se enquadra na informação usada. Por isso, daí resulta frustração mas nenhuma informação renovada para além do reconhecimento da presente informação, que não encontra enquadramento na informação nem nos sentimentos usados.
Nisso geram-se factores distintos. O indivíduo passa a dar expressão a dois factores primordiais. Um: “Isto não sou eu. Eu não sou quem está a operar isto. Não compreendo, porque não sou isto”. O outro: “Sinto-me completamente desmotivado”.
Bom; o primeiro enunciado é um tanto exacto. Já o segundo, não é. O “não me sinto motivado” não é exacto. É exacto que não vos sintais motivados em meio a todas as velhas associações e acções, por elas não terem cabimento. Por isso, sim, sentis-vos desmotivados em relação às velhas acções. Estareis realmente desmotivados? Não. Sentis-vos motivados, só que estais a sentir-vos motivados em direcções que não estais a reconhecer e a que não estais a prestar atenção relativamente à motivação.
Podeis prestar uma certa atenção ao que estiverdes a fazer e notar estar a produzir acções diferentes, o que vos reforçará o primeiro enunciado: “isto não sou eu”. Não estais a reconhecer que isso comporta uma motivação efectiva, nem que existe motivação no que quer que estiverdes a fazer agora. Só que não estais a fazer o que fazeis (estais ausentes); por isso, o aspecto da motivação é completamente desvalorizado. Não agregais nenhum factor de motivação ao que quer que estiverdes a fazer. Não formulais a existência de motivação para fazerdes o que estiverdes a fazer, por não corresponder ao que estais (efectivamente) a fazer. Por isso, a menos que estejais a fazer o que estiverdes a fazer, não equacionareis a motivação por uma formulação desse género. A motivação perde-se no que estava a ter lugar (antes).
LYNDA: Então, em última análise, isso talvez constitua uma coisa boa. Só que actualmente ocorrem alguns exemplos que são extremos, conforme estarás inteirado.
ELIAS: Sim. Nesse sentido, aplicam-se variadíssimos graus e razões. Algumas das acções que as pessoas empregam actualmente – apesar de lhes assistir uma motivação efectiva, independentemente de ser ou não reconhecida – as pessoas não compreendem duma forma objectiva o suficiente para mobilizarem a capacidade de reconhecer que aquilo para que se sentem motivados no momento e aquilo que estão a fazer nesse momento são, da forma mais autêntica, eles próprios, só que não em termos taxativos, explícitos. Isso não traduz TUDO aquilo que eles são.
Tu usaste com alguma frequência dum enunciado comigo em termos de não querer “deitar a criança fora junto com a água do banho”. Na confusão do que está a ter lugar nesta transição, por assim dizer, as pessoas empregam a tendência para passarem a agir com ausência de meios termos. Se se permitirem prestar atenção ao que estiverem a fazer e se habilitarem a perceber algum tipo de motivação: “Muito bem, estou a operar esta ou aquela acção e sinto-me motivado para o fazer mas isso não trás qualquer vantagem” – o que isso sugere em termos taxativos vai no sentido de “deitar a criança fora”: “Muito bem, este é o novo rumo. É completamente diferente. Não consigo usar nenhuma das minhas expressões familiares”. É isso o que gera a confusão, a sensação de derrota, ou o que designas como depressão, por não restar mais nenhuma perspectiva quanto ao modo de usar o que o indivíduo estiver a fazer e de obter vantagem na esfera do seu conhecimento.
O primeiro enunciado: “Isto não sou eu”, é exacto e inexacto. É exacto por não constituir tudo o que é acessório que associais ao vosso eu.
LYNDA: Então, de certo modo, é quase uma tela em branco.
ELIAS: No sentido figurado. O, “O que estou a fazer não sou eu”, “Isso não sou eu”, (dá de ombros) de certo modo, tens razão, porque tudo aquilo que conheces como o que és é constituído por tudo o que é acessório e por aquilo em que estás a operar, em termos do que és, não constituir nada de acessório. Não corresponde a algo exacto de modo que possas dizer, “Sim, sou eu”. Isso compreende algo que diz mais respeito ao teu eu genuíno do que o que à esfera do que é acessório.
LYNDA: Só necessito dum pequeno esclarecimento, em relação a isso. Isso conduz-nos de novo ao sentimento vincado que constitui um factor de distracção. Será aceitável que passe por cima disso e procure obter esclarecimento em relação à coisa? (Elias cena afirmativamente) Posso confirmar o que estás a referir perfeitamente nos exemplos de outros indivíduos que me são chegados, só que estou a ter alguma dificuldade, por os exemplos de que disponho e as imagens que consigo evocar serem bastante diferentes. Esta coisa pavorosa dentro de mim não se reflecte no exterior. Não estás a dizer que esse pavor efectivamente seja eu.
ELIAS: Não. Muito bem, deixa que me volte na direcção disso. Seja pavor ou confusão, ou tristeza, qualquer desses SENTIMENTOS, o aspecto do sentir – tem em mente que existe uma diferença entre os sentimentos e as compunções (dores) emocionais – os sentimentos são despertados por esta acção e são gerados com vigor, bastante vigor.
Tu colocaste perguntas relativas à orientação comum, por isso vamos voltar-nos nessa direcção. Enquanto um indivíduo que tem uma orientação comum, que associação geras em relação à morte?
LYNDA: Tristeza – automaticamente. A perda da energia de um amigo, como o Howard. Mesmo que não consiga voltar a vê-lo, só o facto de saber... tristeza, sentimento de perda.
ELIAS: A perda pelo facto de não voltar a ver mais a pessoa, a perda resultante do facto de deixar de interagir, a separação – o SENTIMENTO.
Os sentimentos são passíveis de ser expressados de forma mais vigorosa quando não compreendes uma acção ou processo que estás a empreender ou quando não consegues explicá-lo a ti própria. É por essa razão que usei o exemplo da morte, porque a morte é um tema que para a maioria das pessoas se torna difícil de explicar a si próprias. Não sabeis o que ocorre, nos vossos termos, no outro lado, nem se existirá um outro lado.
LYNDA: Mas mesmo que constituas uma prova viva da existência dum outro lado, não conheço isso em primeira mão.
ELIAS: Exacto. Nessa situação, do desprendimento do que é acessório, a razão porque continuo a reforçar-te e a expressar-te o facto de não estardes a eliminar o que é acessório – de não estares a esquecer o que é acessório, nem a livrar-vos dele – a razão porque continuo a expressar isso deve-se ao facto da reacção automática que gerais em relação ao que fazeis se traduzir pelo facto de estardes a separar uma parte de vós. Essa parte de vós, se a desligardes de vós, é deixada a definhar e desvanece-se. Por isso, não existe morte.
Os SENTIMENTOS sofrem uma intensificação progressiva, por resultar medo daquilo para que estais a dirigir-vos, que não conseguis identificar: Quem sois genuinamente, coisa em relação ao que ainda não tendes consciência. Aquilo de que estais cientes, por actualmente associardes à vossa própria identificação, é percebido como os apêndices, ou o que é acessório à vossa identidade que está a ser afastado, e se está a ser afastado, está a ser descartado. Por isso, representa vós a serdes descartados para fenecer e morrer. Mas que é que permanece?
LYNDA: Não sei, mas tem sido exactamente a ideia que tenho vindo a ter esta semana. Tu disseste-me para conversar comigo própria, com a imagem de mim no espelho, mas a pessoa com quem dialogo não passa da figura apavorada (que sou). Só que sou eu própria, eu criei isso; sou responsável por isso. Não o posso simplesmente eliminar. Eu queria eliminá-lo...
ELIAS: Não, não, NÃO!
LYNDA: Só te estou a dar conta, duma forma honesta, das bandas por onde a minha mente andou a vaguear!
ELIAS: Estou consciente disso, e nisso reside a intenção. Quando te disse para falares contigo própria, ou com essa imagem de ti no espelho, lembra-te do que te disse. A imagem de ti no espelho, apesar de ser uma representação fiel de ti, constitui tudo o que é acessório. Sim, ela conhece tudo sobre o que anteriormente definiste como sendo tu, só que se traduz pela totalidade dessas expressões. E tu não.
LYNDA: Onde se situa o meu quadro de referências em meio a isso? Ainda não possuo um.
ELIAS: Exacto. Se falares com a imagem que resulta do conglomerado de tudo o que é acessório, que função terá a culpa?
LYNDA: Que função terá a culpa? Por liquidar algo?
ELIAS: Que cabimento terá a culpa - ponto final.
LYNDA: Subsiste nesses suplementos.
ELIAS: Exacto. Onde se situará o medo?
LYNDA: No que é acessório.
ELIAS: Exacto.
LYNDA: Consequentemente, estarei a olhar para algo que se situa fora de mim, por assim dizer, que não sou eu.
ELIAS: Isso representa tudo o que te é acessório, que fisicamente parecerá ser idêntico ao que és, só que se traduz por tudo o que é acessório e por todas as associações. (1)
LYNDA: Portanto, tu dizes que os sentimentos são a coisa mais difícil de nos desligarmos, e aqui vou-me expressar em termos simples. Sou uma pessoa de sentimentos. Eu assusto-me; posso sentir-me oprimida; posso-me passar da cabeça; sou capaz de começar a sentir pavor a meio da noite. É o sentimento que associo á condição tão verdadeira disso e devido a não ter um eu genuíno excepto… Por isso, actualmente isso representa um desafio. Estás a falar com alguém que já passou pela experiência, tal como muito mais gente, estou certa, o desafio de nos dissociarmos dos nossos sentimentos. Penso que tendo a afastá-los.
ELIAS: É uma questão de discernires quais são os sentimentos genuínos que acompanham um comunicado emocional actual e quais são os sentimentos que se acham associados ao que é acessório. O pavor acha-se associado a um complemento acessório. Não está associado a nenhuma comunicação emocional. Uma comunicação emocional é uma comunicação que está a ocorrer agora e que identifica aquilo que estiveres a fazer no momento.
LYNDA: Por isso, o estômago, o plexo solar, por essa zona, tudo isso se acha tenso. É uma sensação do tipo ansiedade, tensão. A sensação acha-se fisicamente em toda esta área. Será isso a comunicação emocional?
ELIAS: Não necessariamente.
LYNDA: O corpo restringe-se a esse ponto?
ELIAS: Um aspecto dele pode restringir-se. Pode tratar-se duma simples comunicação destituída da intensidade do sentimento. Pode tratar-se duma comunicação bastante simples que o que estiveres a fazer neste momento constitua essa sensação de opressão que se acha ligada a essa imagem de ti - não ao teu eu genuíno.
(Inclina-se para diante e chega perto da Lynda) Neste momento, finge que me vês... visualiza-me como uma imagem de ti. Eu assumo uma aparência física precisa e exactamente como tu apresentas no momento. (Elias volta a sentar-se, puxa os joelhos de encontro ao peito e abraça as pernas com os braços, tal como a Lynda presumivelmente está a fazer, e ela irrompe num riso aberto) Eu sou tu. Sou os teus apegos por que te identificas.
Ora bem; senta-te no teu lugar; eu sento-me neste lugar diante de ti. Eu sou tu. Conheço todas as tuas associações, conheço todas as tuas sensações, porque sou elas. E a energia flui. Daqui (Elias estende a mão e toca na Lynda), existe uma corrente de energia que liga fisicamente daqui até aqui. (toca na Lynda e recolhe a mão de volta) Ambos os corpos se acham ligados por essa corrente de energia. Este corpo (indicando-se a si mesmo) é capaz de fazer a energia fluir até esse corpo (indicando a Lynda), do mesmo modo que esse corpo a pode fazer fluir até este. Por isso, as sensações de temor ou de terror são capazes de passar deste corpo (indicando a ele próprio) através dessa corrente de energia para esse corpo (inclina-se para a frente e toca na Lynda). Será isso uma comunicação emocional tua? Não! A tua comunicação emocional pode representar neste momento uma “corrente de energia que está a ser gerada e que incorpora um sentimento bastante forte” mas esse sentimento consiste num suplemento acessório (objecto de apego). Aí reside a tua comunicação emocional.
O sentimento que acompanha essa comunicação emocional é de tal forma diminuto e ofuscado pela imensidão do outro sentimento do acessório que não és capaz de distinguir. O sentimento de pavor ou de terror ou de perda, de te perderes em meio ao que te é acessório que tu estabeleces por meio da associação estão a ser descartados e como tal estão a fenecer. Não estão nada. O que estás é meramente a mover-te nessa transição a fim de identificares os apegos e aquilo que és genuinamente. Os apegos, o que é acessório, não estão a desaparecer mas estão a ser reconhecidos pelo que são, permitindo-te desse modo gerar a liberdade do reconhecimento de ti.
Agora; existem outros apêndices que se acham envolvidos neste processo. Um dos apêndices que é excepcionalmente forte – e eu dir-te-ei que na maioria dos casos existem muito poucos de vós, muito poucos mesmo, que não incorporam isso como uma forma de apego bastante forte – e esse apêndice em particular que é e permanecerá difícil de vos captar a atenção, de reconhecerdes genuinamente e de compreenderdes autenticamente e de soltardes genuinamente - esse apego é a independência.
LYNDA: Eu teria empregue qualquer coisa menos esse termo! Pensei que fosses referir o dinheiro, pensei que fosses dizer… Não sei o que pensei acerca do que ias dizer.
ELIAS: Esse apego está entrelaçado a todo e qualquer tema que sejas capaz de imaginar.
LYNDA: Por se reportar ao controlo, e à individualidade.
ELIAS: Mas não importa. É capaz de se associar ao dinheiro, à falta de dinheiro, a qualquer tema – não importa. Pergunto-te, tal como perguntei aos nossos amigos, ontem – qual será a expressão mais vigorosa que se interliga a si mesma à independência? Ambas movem-se como uma luva: a responsabilidade.
Quanto mais independentes fordes, mais responsabilidade sentireis, e quanto mais independentes fordes, mais responsáveis sereis pelo que estiver a vosso cargo - seja objectos, estruturas, ou indivíduos; seja criaturas, ou expressões. Qualquer expressão que percebas ser deixada a teu cargo, sentir-te-ás responsável por ela, e sentir-te-ás só, porque a independência implica separação. A independência consiste em vos afastardes. Vós não gerais independência RUMO a algo; gerais independência EM RELAÇÃO a qualquer coisa.
LYNDA: Permite que te coloque uma questão. Não sinto pavor, mas ainda assim, por se tratar duma declaração tão esmagadora…
ELIAS: (Tranquilamente e com intensidade) Isso é um encorajamento, por consistir no modo que tens de te ligares àquilo que és - àquela és. E tu és a essência.
Qual é teu nome da essência?
LYNDA: Ruther.
ELIAS: E quem é Ruther?
LYNDA: A Lynda.
ELIAS: Será?
LYNDA: Eu não sei.
ELIAS: Será isso uma associação? Acreditas genuinamente nisso? Não – ela tem um outro nome, e como a tua essência tem um outro nome, tu automaticamente geras uma separação. Nesse sentido, tu permaneces independente dela. E independência, digo-te com toda a honestidade, para a vossa espécie constitui uma jóia de valor inestimável.
LYNDA: Tens razão, é mesmo. Para as mulheres, em especial, ser independente, e serem elas próprias… Essa coisa tem muitas facetas.
ELIAS: MUITAS, mesmo.
LYNDA: Também estou ciente de que permanecer aberto e receptivo é verdadeiramente importante, e isso não está a suceder.
ELIAS: Quanto mais independentes fordes, menos recebereis.
LYNDA: Estou ciente disso. Permite-me que esclareça apenas uma questão. Eu gosto de viver só. Será isso mau?
ELIAS: Não.
LYNDA: Mas isso é diferente de querer ser independente. (Elias acena com a cabeça) É uma preferência que eu sinto. Eu escuto-te; eu apreendo o sentido da ausência de separação, como a melhor coisa…
ELIAS: Qual será o oposto da independência?
LYNDA: O sentimento de fazer parte, de não existir em separado, de nos acharmos incluídos e de nos sentirmos ligados a tudo…
ELIAS: (Sorri e acena afirmativamente) A resposta automática representa a independência. Mas tens razão, o contrário da independência consiste na interligação, no relacionamento, no conhecimento do vosso valor no relacionamento, aparte do que é acessório. A independência encoraja tudo o que é acessório.
LYNDA: Isso é muito vasto. O meu propósito neste foco traduz-se por um suporte de ligação independente ou duma expressão de serviço, que também combina com isso. Sempre aceitei a parte da independência em termos de não me tornar dependente nem subserviente, de vir a ter as minhas próprias escolhas, mas por opção minha…
ELIAS: Porque dependência é o que defines como o contrário da independência, coisa que não é.
LYNDA: Está bem. Estou só a ver se não invalido todo o meu propósito com isso. Provavelmente isso irá desabrochar em qualquer outra coisa que eu sempre tenha desejado, imagino eu, a fim de servir de verdade e fazer parte da expansão e do crescimento das vidas das outras pessoas assim como delas em relação à minha.
ELIAS: E reconheceres de forma genuína o teu próprio mérito, reconhecendo desse modo que a tua dignidade engloba a tua realidade inteira, e que és igualmente tão válida para o resto da tua realidade quanto és para ti própria.
LYNDA: Mas antes disso vem essa ligação a mim própria.
ELIAS: Exacto, mas igualmente com a consciência de que os outros também te valorizam.
LYNDA: Eu nem sempre deixo de ter noção disso. Por vezes tenho consciência disso.
ELIAS: Do mesmo modo que muitos outros, por vezes. A transição para que te estás a direccionar actualmente, em relação à identidade, consiste nesse saber contínuo, sem ser por meio do que é acessório.
LYNDA: Eu havia de gostar disso. Não, Elias? Parece estar a surgir um monte de informação da parte de outros indivíduos relativa a esta mesma questão, de outros indivíduos instruídos, mas eu não quero fazer de ninguém um guru. Penso que seja por isso que interajo contigo, por não te apresentares como nenhum guru – a menos que todos o sejamos.
Tens razão, é um processo, e um processo que me pôs verdadeiramente um travão! É um amontoado de palavras e tanto. Afeiçoa-se como a coisa mais difícil e mais incomensurável de considerar, por constituir o mérito de tudo, essa independência.
ELIAS: Isso é que traduz a jóia.
LYNDA: Bom, vou-te dizer aquilo em relação ao que me acovardei. Posso apontar duas formas de hesitação? As aves que alimento todas as manhãs, que eu adoro alimentar, a alegria com que empreendo esse acto e de saber de disponho de tanto dinheiro quanto necessito para o efeito é substituída por: “E se algo me acontece?”, ou: “E se deixar de o poder fazer?” Estou constantemente a pensar em termos de: “E se não puder continuar a fazer isso? De que modo sobreviverão?” E isso afasta a sensação de alegria que isso traduz, mas eu adoro fazer isso. O mesmo acontece em relação aos meus gatinhos, cuja companhia adoro e em relação aos quais, já tive ocasião de te dizer, quase amo em demasia. Ninguém deveria amar quem quer que fosse em demasia. Nós amámo-nos mutuamente. E se algo me acontecesse? Além disso também sinto não poder deslocar-me a muitos lados por causa deles, mas tudo bem, por os amar. Por isso a coisa parece estar atada pela responsabilidade que sinto por eles, mas igualmente por este enorme amor que sinto, e pelo medo da perda.
Só estou aqui a tentar identificar-te partes, que provavelmente servem como um óptimo exemplo do quanto me preocupo com as coisas. Eu não quero; quero ter confiança que enquanto permanecerem na minha vida e comunicarem abundantemente... Será correcto eu dizer que o antídoto que uso para aquilo que de momento desconheço seja – na extensão do melhor que consigo dar de mim própria presentemente – revelar um apreço genuíno pela interacção que tenho com eles e tentar não me projectar para além disso?
ELIAS: É verdade.
LYNDA: Eu adoro aquelas aves malucas! Elas andam por todo o lado, e todas as manhãs servem de exemplo para a abundância. Por isso, penso que essas sejam as duas coisas que me são mais queridas. É interessante. Vou partilhar isto com a Mary, em relação ao assunto da responsabilidade e da independência, por ter consciência dela estar de momento em busca do que diga respeito à responsabilidade.
ELIAS: Isso vai exigir um deslinde considerável.
LYNDA: Não tem problema. Não é por não dispormos de tempo suficiente.
ELIAS: É verdade.
LYNDA: Mas gostava de ver isso mais equilibrado, até termos a resposta. Pela parte que me toca, vou esperar até deixar de actuar em relação a isso numa base simplista, ou “preto no branco”, em termos de deitar a criança fora junto com a água do banho por falta de compreensão. Não pretendo imobilizar-me. À noite gostava de dar atenção à vozinha pequenina e de ser capaz de me centrar e de deixar que o pavor se desprendesse de mim. Já consegui um pouco isso pela manhã bem cedo – se puderes só interceptar-me por um segundo – eu ali deitada na cama a sentir o pavor e de repente surge-me a ideia de ter confiança em mim e de relaxar. E fui capaz de voltar a dormir. Portanto, por agora, sugeres que continue a relaxar e a deixar que a coisa...?
ELIAS: Sim.
LYNDA: Obrigado. Obrigado por esta informação. Gostava de obter mais sessões que se debruçassem sobre a orientação comum. Espero que isso evoque perguntas da parte das últimas fileiras da galeria quando vier a lume. Imagino quantos indivíduos que possuem uma orientação comum e se focam no elemento emocional e no do pensamento e que se focam no religioso e no político gostariam de obter um outro nível de informação relativa ao movimento que estabelecemos.
ELIAS: Muito bem.
LYNDA: Talvez apresente isso da próxima vez.
ELIAS: Muito bem.
LYNDA: Muito bem, meu querido amigo. Talvez não estejamos tão afastados disso quanto imaginamos.
ELIAS: Estou de acordo.
LYNDA: Eu penso sempre nisso e presto as devidas honras à paixão que me avassala, assim como a todos os demais, a ponto de chegarmos até onde chegamos. Por não termos aquilo por que teremos vindo, uma ligação connosco próprios, o que realmente seria destituído de valor, se não nos esforçássemos por o obter. Eu quero obtê-lo, e encorajo igualmente os demais nesse sentido. Decidamo-nos por isso.
ELIAS: Muito bem. Fico a antecipar o nosso próximo encontro. Com um enorme encorajamento e conforto, minha amiga, au revoir.
Elias despede-se em aproximadamente 56 minutos.
(1) A definição que o Elias emprega para as associações:
“Associação: uma associação é aquilo que formais ou que criais em relação a uma experiência. Produzis uma experiência e gerais uma avaliação em relação a essa experiência, a qual inclui uma forma de julgamento em termos de bom ou de mau. Uma vez formada tal associação, geralmente tende a permanecer convosco. Sim, é certo que envolve muitos dos elementos que descreveste, mas em termos simples e claros, uma associação representa uma avaliação que gerais em relação a uma experiência que inclui uma forma de julgamento.”
E, mais adiante, nessa mesma sessão, numa explicação subsequente:
“Podeis ter tido uma experiência passada em que estivésseis a interagir com um outro indivíduo e vos sentísseis desqualificados num tipo particular de cenário, e podeis apresentar a vós próprios o que poderá assemelhar-se a uma situação bastante semelhante. As imagens correspondentes podem variar significativamente mas parecerá um tanto semelhante, e logo essa associação virá ao de cima sem que reflictais no assunto; por não exigir o mecanismo do pensamento – vós sentis.
Aquilo que sentis é a associação. Pensais estar a sentir em relação ao que ocorre actualmente, mas em grande medida, o que estais a sentir é essa associação, que está a ter expressão de forma automática, e nem sequer o identificais. Acha-se de tal modo presente convosco que nem sequer reparais. por isso, pensais estar a reagir ao momento e ao que ocorre no momento. Pensais achar-vos presentes e situar-vos no presente, mas o vosso indicador é o alvo da vossa atenção. Isso é a vossa pista. O facto de estardes focados no que o outro indivíduo está a fazer ou a dizer, e isso aborrece-vos. A razão porque vos aborrece deve-se ao facto de já se ter expressado uma associação e se achar presente. (Sessão 2658)
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