Quinta-feira, 16 de Novembro de 2006 (Privada/Telefone)
Tradução: Amadeu Duarte
Participantes: Mary (Michael) e Julie (Fontine)
ELIAS: Bom dia!
JULIE: Bom dia, Elias!
ELIAS: (Sorri) Que vamos discutir?
JULIE: A sessão soft número dois, com o nosso pequeno grupo soft!
ELIAS: Ah, muito bem!
JULIE: Penso que a principal questão que teremos actualmente em mente, um ou uma das perguntas prioritárias, se prende com o nosso fluxo natural soft. Como se comporta um soft no âmbito do fluir natural, quando se situa em meio ao seu fluir natural, e como teremos consciência de estarmos a expressar-nos desse modo? Poderias fornecer-nos algumas pistas em relação a uma direcção a procurar no sentido duma maior descoberta sobre nós próprios quando nos situamos no nosso fluxo natural?
ELIAS: Tal como com qualquer outra orientação, quando concedeis a vós próprios permissão para adoptardes o vosso fluir natural de energia, um dos factores mais óbvios que podeis notar é o de vos passardes a sentir mais confortáveis. Sentis-vos naturalmente confortáveis.
Bom; há alguns factores que estão associados à orientação soft. Um indivíduo soft deve expressar o seu fluir natural de energia a prestar atenção a si próprio e reconhecer a direcção natural que toma, e com isso, conceder a si próprio permissão para se expressar com naturalidade, tal como conforme debatemos previamente, os indivíduos soft, de certo modo, quase EXIGEM alturas para poderem interagir consigo próprios.
Ora bem; essa interacção consigo próprios poderá externamente fazer parecer aos demais que o indivíduo soft se esteja a isolar ou esteja a tornar-se menos sociável e que esteja a querer passar algum tempo só. Essa é uma expressão natural no caso dos indivíduos soft. O que não quer dizer que, por vezes, eles não se possam tornar sociáveis, nem interagir bastante com os outros. Só que se torna igualmente importante que tenham alturas em que interajam apenas consigo próprios, alturas que representem o que podereis designar por um período de tempo para “ficarem sós”.
Isso pode representar um desafio para certos indivíduos soft, dependendo das situações que tenham provocado e escolhido, tal como em relação às famílias e ao companheirismo. Porque, por vezes, um indivíduo soft que esteja envolvido com a família, pode conceder a si próprio um período em que se remova da presença dos familiares, mas no qual não se habilita a dispor de forma autêntica dum tempo para agir consigo próprio ou para estar só.
Porque, pode afastar-se fisicamente para um outra área de residência, que a sua atenção continuará a projectar-se na direcção dos outros membros da família. Em razão do que não estará a conceder a si próprio um período de tempo para passar a interagir consigo próprio. Isso representa um exemplo de falta de expressão do vosso fluxo natural da energia num tipo de situação dessas e em relação a esse factor do período de interacção consigo próprio.
Os indivíduos soft também interagem duma forma natural com certos elementos do seu ambiente, tal como debatemos – elementos VIVOS. Nesse sentido, um fluír natural seria representado pela permissão para passardes a empregar a acção natural de passardes a interagir com as expressões vivas no vosso ambiente sem vos sentirdes necessariamente na obrigação de interagirdes com os indivíduos.
Uma interpretação distorcida frequentemente atribuída aos indivíduos soft em relação a uma interacção contínua, assenta no facto de ser interpretada como tempo sempre emprego no caso duma interacção com outros indivíduos, o que não é correcto. Geralmente, os indivíduos soft tendem realmente a interagir menos com os outros do que os indivíduos das outras duas orientações. Por gerarem esse factor da exigência de períodos de tempo destinados à interacção consigo próprios, o que de certa forma causa a possibilidade duma menor interacção com os outros.
Um outro factor que pode ser reconhecido como um fluir natural no caso dos indivíduos soft assenta no facto de reconhecerem o seu limite para se sentirem subjugados. A interacção com outros indivíduos torna-se mais natural e menos opressora quando inseridos em pequenos grupos, muito pequenos. Os indivíduos soft geram um fluir mais natural e confortável se estiverem a interagir com um outro indivíduo em qualquer altura, ou com muito poucos indivíduos.
Bom; uma vez mais, isso não quer dizer que o indivíduo soft não possa funcionar na perfeição e expressar o seu fluxo de energia natural em grupos maiores, socializar e tomar parte, só que não de forma contínua. Geralmente isso acabaria por gerar uma sensação de subjugação. E quando os softs se sentem subjugados, a resposta automática que geram direcciona-se no sentido de se sentirem fatigados, por estarem a ser submetidos a um estímulo contínuo. Por isso, se gerardes um estímulo extremado, passais a reagir automaticamente por meio da fadiga a fim de descartardes parte do elemento desse estímulo.
De certa forma, e em termos figurados, essa resposta automática da fadiga pode assemelhar-se ao uso de várias estações de rádio ao mesmo tempo. Por um breve período, um indivíduo soft pode usar todas essas frequências e gerar uma interacção confortável com várias frequências diferentes, mas se essa interacção se prolongar durante um certo tempo, o indivíduo soft, ao tornar-se cansado passa a gerar figurativamente uma acção similar ao desligar de várias frequências radiofónicas, temporariamente.
Bom; um indivíduo soft é capaz de gerar sensação de subjugação por outras vias e não apenas de forma associada aos outros indivíduos nem aos grupos. Um indivíduo soft é igualmente capaz de gerar sensação de opressão se passar a apresentar demasiado estímulo externo a si próprio, por isso dar lugar a uma expressão semelhante. Tal como referi, o indivíduo soft apresenta continuamente e a cada passo um estímulo considerável de forma natural, por o subjectivo e o objectivo se acharem em movimento e a gerar informação.
Portanto, um fluir natural para o indivíduo soft, no seu dia-a-dia diária, passa pelo emprego duma rotina. Os indivíduos soft funcionam de modo mais eficiente se se permitirem produzir algum tipo de rotina ao longo do seu dia, uma rotina que não exija uma atenção intensa. Consequentemente, um indivíduo soft pode incorporar uma acção tal como tocar um instrumento ou produzir alguma actividade tranquilizante em que não esteja necessariamente a interagir por completo consigo próprio, mas em também não esteja a gerar um estímulo que requeira avaliação.
Os indivíduos soft avaliam duma forma diferente da dos que alinham pela orientação comum ou intermédia. Os indivíduos soft avaliam o seu meio duma forma considerável. Dessa forma, isso não envolve necessariamente o pensar, só que se gera uma actividade por intermédio da avaliação íntima do indivíduo. Por isso, se empregar actos rotineiros isso permitirá ao indivíduo gerar algumas acções e períodos em que serene essa acção de avaliação, por estar a gerar uma acção que lhe é familiar e que lhe causa uma energia tranquilizante. Isso também refere um elemento inerente ao seu fluir natural.
Permitir-vos reconhecer as vossas próprias expressões sem vos comparardes com os que alinham pela orientação comum também consiste num problema. Os indivíduos soft expressam-se de modo diferente dos comuns ou dos intermédios, mas geralmente o indivíduo soft foca-se mais nos comuns do que nos intermédios, e compara-se com eles. E isso NÃO traduz um fluxo natural.
Os outros factores que dizem respeito a cada indivíduo - porque associados à vossa orientação existem igualmente factores que dizem respeito às vossas directrizes (princípios) individuais assim como uma permissão para vos moverdes juntamente com eles, com reconhecimento das vossas personalidades individuais e propósitos individuais, a descontar igualmente nessas expressões soft - permitem-vos gerar os vossos propósitos individuais e expressar as vossas próprias directrizes só que com consciência de não gerardes sobrecarga e desse modo sem dar lugar à fadiga, mas permitindo igualmente alturas em que possais interagir convosco próprios duma forma genuína, e permitir-vos dar expressão ao vosso próprio conforto e passar a admiti-lo.
JULIE: Então, quando estou a prestar atenção a mim própria, quando os softs estão a interagir consigo próprios, isso basicamente quererá dizer ignorar todas as demais frequências e focar-nos exclusivamente na nossa própria energia? Será isso?
ELIAS: Em parte, mas exploremos igualmente o modo como um indivíduo soft interage consigo próprio, porque prestar atenção a vós próprios pode ser interpretado de um modo um tanto diferente duma interacção convosco próprios. Porque geralmente, a forma como interpretais o “prestar atenção a si próprio” é um tanto rígida por o modo pelo qual a maioria define o acto de prestar atenção a si próprio passar por uma atenção para com consciência do próprio corpo, ou prestar atenção aos pensamentos, prestar atenção ao que está a fazer. Isso são expressões da atenção por vós próprios – apesar de existirem muitas outras expressões de atenção por vós próprios igualmente – mas no caso dum indivíduo soft, interagir consigo próprio não quer dizer necessariamente esse tipo de atenção. Porque no caso dum indivíduo soft, prestar atenção a si próprio e interagir consigo próprio pode expressar-se por formas diferentes.
Interagir convosco próprios pode expressar-se através da leitura de um livro – empreendeis um acto com que vos envolveis realmente em termos físicos. Ou assistir a um filme, por vos estardes a envolver no que estais a assistir por meio desse filme. Poderá parecer-vos superficialmente que não estejais a desempenhar uma acção, por poderdes estar sentados ou deitados. Podeis estar fisicamente inactivos mas estardes ainda a envolver-vos e à vossa consciência no acto do que estiverdes a fazer, porque essa ocupação não envolve mais nenhuma manifestação física. Apenas vos envolve a vós.
A acção da jardinagem, a título de exemplo, não traduz necessariamente uma acção de interacção consigo próprio, por estardes a ocupar-vos duma manifestação viva. Sempre que vos ocupais doutra manifestação viva, vós procedeis a um intercâmbio e passais a gerar uma interacção externa. Também podeis gerar uma acção interior, só que passareis a envolver-vos numa interacção externa.
Quando vos envolveis numa actividade como pintar um quadro ou tocar um instrumento ou dançar ou ler um livro ou assistir a um filme, essas são acções de que vos ocupais fisicamente, mas através das quais estais a criar uma interacção convosco próprios. Muitíssimos indivíduos soft sentem prazer em actividades que constituem entretenimentos e com as quais sentem conforto em empreender sozinhos, tais com um livro ou um filme, por vos facultar um período em que deixais de vos envolver com uma interacção externa.
Essa constitui igualmente uma outra acção porque muitíssimos indivíduos soft sentem um conforto considerável na companhia das criaturas. Porque, o indivíduo soft é capaz de gerar uma interacção consigo próprio enquanto sente conforto com a presença duma criatura, sem expressar obrigatoriamente uma interacção com essa criatura. Porque, no caso dos soft, uma interacção contínua, por vezes a interacção com outros indivíduos pode tornar-se subjugante; mas os indivíduos soft experimentam um enorme conforto no conhecimento da existência da presença duma outra manifestação, sem ser necessariamente outro indivíduo, mas no simples facto de saber da presença física duma criatura e no conhecimento de que a energia está continuamente a interagir com ela, sem exigir que esteja continuamente a interagir externamente. Isso pode gerar um considerável conforto, o que constitui igualmente um outro fluir para os soft. Apesar de nem todos os indivíduos soft optarem por estar com uma criatura, muitos deles optam, o que propicia comodidade na energia que empregam nesse intercâmbio.
Por isso, para esclarecer a pergunta que colocaste, a interacção convosco próprios não quer dizer obrigatoriamente voltar a vossa atenção para vós ao prestardes atenção a vós próprios quanto ao que estais a expressar ou ao que estais a fazer ou a sentir ou a comunicar a vós próprios, mas facultar a vós próprios um período em que estejais activamente a interagir convosco próprios por outras vias.
JULIE: Então, por vezes torna-se reconfortante não ter que dispensar atenção ao exterior, não ter que fazer coisa nenhuma objectiva nem expressar nada.
ELIAS: Exacto.
JULIE: Reconheço isso. Mas em grande medida ocorrerá desse modo de forma a podermos prestar atenção ao fluxo subjectivo durante esse período de tempo?
ELIAS: Permite-vos um período de acalmia tanto da consciência objectiva como da subjectiva. Nesse sentido, o que acontece é que vos permitis uma abertura natural, sem esforço.
Em termos figurados, é como se visualizasses um tubo (de ensaio ou proveta) e te imaginasses, na qualidade de soft, como esse tubo, o qual durante a maior parte do tempo se acha cheio de algum tipo de substância. A substância está continuamente a mover-se, e em grande parte encontra-se a preencher esse tubo. Quando dispondes de tempo para passardes a interagir convosco próprios, em termos figurados, estais a esvaziar esse tubo, o que vos propicia uma abertura a fim de que a substancia possa passar mais a sair directamente. Subsequentemente, quando passais a interagir com o exterior, o tubo volta a encher-se, e a substancia interior passa continuamente a mover-se, e esse movimento contínuo e preenchimento do tubo eventualmente poderá passar a gerar irritação nas paredes do tubo, e provocar fricção. Por isso, para impedir a irritação e a fricção, o indivíduo soft naturalmente passa a empreender uma acção de interacção consigo próprio, de esvaziar o tubo e provocar um alívio, que na realidade cria uma regeneração do próprio tubo. Por isso, permite que o tubo utilize a substancia que se encontra continuamente a mover-se, uma vez mais.
Ora bem; quando um indivíduo não admite um movimento natural desses, esse tubo tende a ficar irritado e gera-se fricção. À medida que continua a aumentar e a ficar irritado, pode mesmo provocar o colapso do tubo. Esse colapso, em termos figurados, é representado pela reacção automática da fadiga.
JULIE: Isso faz sentido. Soa-me familiar!
ELIAS: (Ri) Não tenho a menor dúvida de que soa!
JULIE: (A rir) Estás a ler-me a energia, Elias?
ELIAS: Sempre!
JULIE: Bom, penso que vou passar à segunda pergunta. Tu mencionaste que a expressão soft de poder assume proporções energéticas. Sugeririas algum exercício ou jogo que pudesses dispensar ao nosso grupo a fim de poder desenvolver uma consciência dos movimentos da (nossa) energia?
ELIAS: Ah, um jogo! Uma excelente sugestão!
JULIE: Obrigado!
ELIAS: Talvez possais empregar o esboço dum jogo bastante simples, mas que é capaz de se provar bastante interessante. (Sorri) No vosso pequeno grupo, talvez vós possais criar as vossas próprias bolas de energia, passar a configurar a vossa própria energia numa altura qualquer, passando a manipulá-la num tipo de bola de energia, bola de energia essa que podeis empregar no jogo de apanhar uns aos outros, em que cada um arremessa a sua própria bola ao outro, dentro do grupo. Nesse jogo, aquele que apanha a bola fica encarregado de avaliar em que consistirá essa bola, o que exigirá o uso da intuição, o emprego da vossa consciência subjectiva, e o uso das vossas impressões.
À medida que prosseguis com o arremesso e o apanhar das bolas, cada um poderá gerar uma contribuição à bola que apanhar, e devolver o arremesso ao indivíduo que vo-la tenha projectado. Com isso, quando o indivíduo apanha a bola que tiver recebido a contribuição de energia, esse indivíduo poderá reavaliar a energia que tenha enviado, e a diferença na forma como tenha sido devolvida. Esse pode revelar-se um exercício eficiente também, cada um de vós reconhecer a vossa própria energia e as diferenças existentes entre a vossa própria energia e a energia dos outros indivíduos.
JULIE: Interessante. Portanto, se eu estiver a participar nesse jogo, digamos, com a Pat, eu precisaria dizer-lhe que lhe tinha projectado uma bola de energia, certo?
ELIAS: Sim.
JULIE: E em seguida ela precisaria prestar atenção e... Está bem.
ELIAS: Também se presta como um indicativo do modo como arremessais a vossa bola. Alguns podem atirá-la com maior suavidade; outros poderão arremessá-la com mais força. O que também vos facultará informação respeitante a vós, individualmente, relativamente ao vosso fluir natural, porque alguns de vós poderão arremessar a vossa bola de energia com muito mais força, pelo que podereis passar a reconhecer o tipo de força que estiver a ser expressado por intermédio dessa energia. Alguns podem atirar a bola de energia de modo mais suave, mas talvez a energia ao ser recebida possa ser bastante potente. Tal como um indivíduo pode gritar e exprimir por meio desse grito algo um tanto mundano. Outro indivíduo pode sussurrar, mas de uma forma profunda, ou uma pessoa pode gritar e produzir com uma declaração enquanto outro poderá sussurrar e apenas oferecer conforto com esse gesto.
Por isso, ao atirardes a bola de energia e ao recebe-la ou apanhá-la, e ao a alterardes subsequentemente, enquanto a arremessais ou apanhais, apresentareis a vós próprios um volume considerável de informação em relação à energia, em relação à sua força e ao modo como é expressada, e em relação a cada um e aos fluxos naturais associados à vossa energia – para além de vos divertirdes! Ah ah ah!
JULIE: Isso soa divertido. Obrigado.
ELIAS: Não tens de quê!
JULIE: Pergunta número três. A pessoa que escreveu esta pergunta disse: “Na última sessão, o Elias disse que, para ajudar o soft a produzir relacionamentos íntimos e amizades devia ocupar-se do seu dia-a-dia ou utilizar o computador. No entanto, muitos soft descobrem que isso não conduz à descoberta das pessoas adequadas para relacionamentos íntimos, por os soft serem bastante selectivos nessa área e também por não se encontrarem com muita gente com quem possam harmonizar-se de verdade. Como poderá isso ser remediado?”
ELIAS: Antes de mais, se reconhecerdes o vosso fluir natural também reconhecereis aquilo que expressais com naturalidade. Se reconhecerdes o que expressais com naturalidade, permitis-vos avaliar o que traduza um complemento natural ao que expressais com naturalidade, individualmente.
Nesse sentido, permiti-vos gerar uma abertura. Não expresseis a rigidez inerente à tentativa de busca ou da atracção a vós apenas de outros indivíduos soft. Porque, conforme expressei, apesar de poderdes gerar um relacionamento íntimo bem sucedido com outro indivíduo que possua uma orientação soft, isso não exige, no caso dos soft, a capacidade de prestar uma atenção genuína a vós próprios, nem deixar de produzir expectativas em relação à vossa pessoa ou em relação ao outro indivíduo. Porque, conforme declarei anteriormente, os soft não são muito bem sucedidos a alcançar resultados com o acto de andar aos a dar tratos à “coisa” para trás e para diante continuamente. Isso não quer dizer que o vosso jogo não possa tornar-se divertido; torna, só que isso refere uma outra situação. Os soft sentem muito mais prazer em dar trato à sua própria bola do que andar continuamente a dar tratos às bolas dos outros.
Nesse sentido, e dependendo do indivíduo, muitas vezes os que pertencem às outras orientações podem fornecer um complemento adequado a um indivíduo soft, por poder chegar a expressar-se uma maior flexibilidade num relacionamento que envolva um indivíduo soft e um indivíduo duma orientação diferente. Apesar de também poderem resultar desafios em algumas das variantes usadas na linguagem, nessas situações eles podem constituir um desafio menor do que a opressão da expressão natural do indivíduo soft.
Portanto, antes de mais, e em relação aos relacionamentos, é importante que produzais uma abertura e não expresseis rigidez ao tentar somente atrair um indivíduo da mesma orientação. Além disso, quando vos digo para vos permitirdes agir com naturalidade e que haveis de atrair a vós outro indivíduo, o que muita gente subentende é que, quando estais genuinamente a gerar contentamento e confiança em vós próprios e não andais realmente à procura dum relacionamento íntimo, essa é a altura em que expressais com naturalidade o vosso maior factor de atracção e em que naturalmente atraís outros indivíduos a vós. Eles tornam-se naturalmente atraídos por vós, por estardes a gerar uma energia atractiva, mas vós dais expressão a isso quando vos permitis genuinamente gerar permissão para expressardes esse fluxo natural, passando desse modo a produzir contentamento e satisfação no vosso íntimo. (1)
Isso é significativo, porque o que produz o obstáculo em relação à atracção de outros indivíduos a vós é o elemento de (falta de) satisfação. Se em vós próprios vos sentirdes satisfeitos e confortáveis convosco próprios, também haveis de expressar confiança, e nesse sentido, não vos será necessário andar à procura de outros. Haveis naturalmente de atrai-los a vós sem esforço.
Quando vos pondes a procurar, não estais a expressar essa satisfação convosco próprios. Andais a tentar suprir essa satisfação fora de vós próprios, e sempre que gerais esse tipo de acção, também dais lugar ao emprego duma energia de insatisfação, e à criação de obstáculos, por vos concentrardes na carência. Concentrais-vos naquilo que não tendes ou não possuís, e isso gera os obstáculos.
Quando não vos concentrais na carência, e estais a gerar satisfação em vós próprios, não impondes a vós próprios tais obstáculos, e instaurais vias pelos quais podereis alcançar o que procurais satisfazer através da criação de relacionamentos. Tal como tive ocasião de referir um certo número de vezes recentemente a outros em relação a este tema, o cliché que empregais de “quando não andais à procura é quando encontrais” é mais exacto do que podeis imaginar.
JULIE: Reconheço-o na minha própria vida, sem sombra de dúvida.
ELIAS: Porque se projectardes uma energia de insatisfação, que havereis de passar a reflectir a vós próprios? Atraireis um relacionamento íntimo ou amoroso se não vos sentirdes satisfeitos convosco próprios? Apostaria mais num não. Mas se vos sentirdes satisfeitos e contentes convosco próprios, haveis de irradiar uma energia bastante atractiva, e até mesmo uma energia fascinante.
Sois atraídos para aquilo que admirais. Existem muitas expressões diferentes que são passíveis de ser identificadas pela perspectiva da admiração ou que são votadas à admiração, mas o contentamento e a satisfação são expressões que todos vós admirais e pelas quais todos vos sentis atraídos. Sempre que expressais o vosso próprio conforto e a satisfação pessoal que sentis, tornais-vos na chama, e quando vos tornais nessa chama, deixa de vos ser necessário exercer qualquer acção para além de serdes a chama, e as traças acorrerão a ela.
JULIE: (Ri, juntamente com o Elias) Estou a adorar!
ELIAS: (Ri) Por isso, a sugestão que vos dou a todos é que vos torneis nessa chama!
JULIE: Perece que só dispomos duns poucos minutos, pelo que vou somente perguntar se terás alguma mensagem para nós em relação à onda de percepção e quanto ao que os soft farão especialmente no contexto desta onda.
ELIAS: Dir-vos-ei para prestardes atenção, porque tal como expressei recentemente, a maioria dos soft por todo o vosso mundo estão agora a apresentar, e continuarão a faze-lo, a si próprios expressões de algum tipo dramático de manifestação física.
Nesse sentido, o que é mais importante e significativo que cada um de vós faça é recordar-vos, sempre que gerais algum tipo de expressão física dramática, de prestardes atenção ao facto de não vos desvalorizardes, e reconhecerdes que o que quer que estiverdes a criar será propositado e revelar-se-á benéfico e útil em associação com esta onda que se centra na percepção, e que se vos revelará na verdade útil ao vos possibilitar a criação dum menor conflito e dum menor trauma e duma menor confusão à medida que esta onda prossegue.
Trata-se duma escolha um tanto inusual que vós colectivamente empreendeis, mas bastante eficaz. Nesse sentido, reconhecei que o que quer que apresentardes a vós próprios, vós não estais na realidade sós, porque na escolha que a maioria dos indivíduos soft está a envolver duma certa expressão física dramática, vós estais na realidade a oferecer uma energia de apoio uns aos outros, o que gera uma maior suavização no vosso próprio modo de dar atenção à percepção nesta onda em particular.
JULIE: Então quererás dizer que, se não estivermos a manifestar nada neste momento, existe uma boa probabilidade de virmos a manifestar em pouco tempo?
ELIAS: Existe. Mas recordai que aquilo que apresentais a vós próprios, podeis perceber ser mau ou não o perceber como mau. Não é uma questão de expressões físicas dramáticas de carácter bom ou mau. É apenas o facto duma tremenda probabilidade de a maioria de vós estar ou vir a gerar em pouco tempo alguma expressão física de carácter dramático. Poderá tratar-se duma expressão dramaticamente satisfatória ou agradável! Isso também merece ser alvo da vossa atenção, o facto automático como presumis que qualquer expressão que se revele dramática possa ser má. Além disso não referi que essa expressão física dramática teria forçosamente que ser boa nem má, mas apenas que seria imbuída dum carácter dramático.
JULIE: Isso é uma boa coisa a ter em conta. Obrigado por teres chamado a atenção para isso.
ELIAS: (Ri) Não tens o que agradecer!
JULIE: Muitíssimo obrigado, Elias.
ELIAS: Não tens de quê, minha querida amiga. Podes estender os meus cumprimentos e o meu apreço a todos os teus amigos desse pequeno grupo, e exprimo-te a ti e ao teu grupo uma enorme amizade e um grande carinho. Com sempre, estendo-vos o meu ilimitado encorajamento de resistência. A vós, meus amigos, au revoir.
JULIE: Au revoir.
Notas do tradutor:
(1) – Esta pequena referência que o Elias faz encerra uma expressão que muito boa gente não considera devidamente – por falta de experiência. A maioria de quantos satisfazem os apelos da paixão e são conduzidos pelos anseios de correspondência, revezam-se num frémito de ardor pelo ideal e passam à margem do significado do que aqui é textualmente realçado, justamente pelo facto do amor não se compadecer pela falta de maturidade próprio da virilidade da juventude!
Não, não me refiro ao fulgor da paixão que caracteriza o sentido referenciado no material acerca das orientações. Falo do verdadeiro sentimento de amor, que muitas vezes é interpretado pelos traços da paixão que caracteriza os impulsos iniciais de todo o relacionamento e o percurso do debutante nessa área. Nesse sentido referiria antes o acto de nos “centrarmos em nós próprios”. Que quererá isso dizer? Certamente que não se trata do narcisismo de quantos procuram satisfazer a imagem de si próprios e concorrem, para tal, à satisfação de todos os anseios abrangidos pela cultura em que se insere. Trata-se, ao invés, do verdadeiro apreço pelo que é reflectido pelo outro, em tudo o que isso subscreve, relativo à natureza palpável do que é pressentido no nosso íntimo – física, intelectual e sentimentalmente.
Muitos são os que se apressam a satisfazer as expressões que encaixam nas imagens que correspondem aos sonhos e ideais que procedem do cultivo de anseios que não conquistaram na primeira pessoa mas herdaram dos parentes ou educadores e encaixam nas cartilhas que a sociedade preza a título de modelo de perfeição. Mas poucos são os que procedem com base no apreço por força de terem dominado (ou satisfeito) em devido tempo essas paixões. Pois bem, muitos relacionamentos bem sucedidos brotam desse confronto consigo próprios providenciado pelo que o outro reflecte de nós.
O amor não se confina necessariamente á área da compatibilidade. Isso não passa de um mito. Mais assenta ele no intercâmbio são com a diferença, por circunscrever um processo que tem que ver com a integridade de algo que é uno em si mesmo e se estende para além da aparente divergência. Isso é passível de se expressar de uma forma magnética por meio da energia inerente ao dinamismo do próprio indivíduo. É isso que traduz a ausência de esforço tão comummente referenciada nestes preâmbulos. É tal particularidade que confere o toque de requinte à situação comummente referenciada pelo Elias, e que se reporta ao estágio inicial da falta de correspondência de quem anda à procura dum relacionamento bem sucedido. E a característica que confere vigor a esse estágio e lhe permite optar por não encarar isso como factor determinante!
O “segredo”, aqui, pode ser identificado por uma inclusão de ambas as expressões dos contrários, coisa que normalmente decorre do desenvolvimento duma certa maturidade, razão porque se atribui ao amor várias idades – sendo que a mais avançada não se revela certamente como a menos fecunda!
Talvez seja mais exacto referir que tudo tem o seu tempo, e que o que é característico do jovem fecundo e pleno de vigor e de entusiasmo não tem lugar caso do adulto que desenvolveu a maturidade, e o mesmo acontece em relação ao jovem, que não associa ainda a experiência daquele.
Copyright 2006 Mary Ennis, All Rights Reserved.