Domingo, 5 de Janeiro de 1997 (Privada)
Participantes: Mary, Vicki, Ron, e a Drew.
Tradução: Amadeu Duarte
Nota: O Elias tinha oferecido uma sessão privada à Drew durante o período normal da sessão de grupo desta noite (Sessão 145). Isso, em si mesmo, constitui uma primeira ocorrência. A Drew pediu se ele poderia dispensar-lhe essa sessão após todos terem saído, pelo que tivemos a sessão.
Elias chegou às 10:57 da noite. (tempo de chegada foi quinze segundos)
ELIAS: Continuemos uma vez mais! Desejas colocar perguntas presentemente?
DREW: Desejo. Muito obrigado por esta sessão privada. Eu mencionei anteriormente que alguns dos assuntos eram de cariz pessoal, e além disso sinto-me mais confortável a falar contigo neste ambiente. Penso que a melhor coisa a fazer, para mim, seja dar-te alguma informação breve sobre os meus antecedentes e a sensação do ponto em que me encontro, de modo que isso te possa ajudar a compreender onde é que estou a sentir o problema. Neste exacto momento sinto na minha vida a existência dum sentido de escassez e de carência na minha vida, uma ausência de abundância, e estou a tentar descobrir se a minha situação resulta do comportamento que assumo ou de o comportamento resultará da situação que vivo. Parte da frustração que vivo leva-me a sentir-me deprimida e tensa e frustrada e confusa. Já empreguei anteriormente o termo medo, mas interrogo-me se será isso o que me está a conduzir ao que creio ser um comportamento menos saudável em relação a mim, ou se será o que faço que me causem a carência existente na minha vida, e a frustração e a depressão, ao que devia estar a dar atenção. E porque razão, com a crença que abrigo, quero dizer, eu acredito de verdade que nós criamos a nossa realidade e acredito que me sairei bem nisso. Acredito em tudo isso, contudo, manifestar isso na minha vida... Apesar de sentir a sensação de estar à beira de dar a volta às coisas, eu olho para trás e para o que manifestei presentemente na minha vida, e só sinto uma sensação de frustração e de carência. Então todas estas coisas estão como que ligadas entre si. Deixa-me colocar-te isso a ver de que modo responderás e o que poderás ter a dizer.
ELIAS: Muita gente já colocou o conceito do: “Vós criais a vossa realidade”. E muitos crêem aceitar tal conceito como uma verdade. Teoricamente aceitais o conceito. Na realidade, aceitais o conceito. Na realidade, não o aceitais enquanto uma realidade mas como uma ideia. Torna-se fácil e admissível aceitar a ideia e o conceito como um ideal, algo por que lutar, algo a atingir, alguma coisa que desejareis passar a criar, mas na realidade poucos indivíduos empregam tal conceito como uma realidade total. Podeis encontrar exemplos em qualquer coisa, e podeis constatar que, apesar de poderdes pensar que aceitais isso, na realidade não aceitais. Essa é a razão porque isso vos é referido repetidamente, de modo que eventualmente passeis realmente a aceitá-lo como uma realidade.
Se fordes confrontados com a situação dum catraio numa situação que encarais como de injustiça, haveis de deixar de considerar a hipótese desse catraio estar a criar a sua própria realidade. Aplicais condições à criação da vossa realidade. Se estiverdes a criar uma realidade com que vos acheis satisfeitos, aí acreditais estar a criar a vossa própria realidade. Se não vos sentirdes satisfeitos, haveis de não acreditar nessa mesma realidade, porque nas suposições que abrigais atendes-vos às crenças das massas que referem que se perceberdes elementos da vossa realidade como negativos, não sereis responsáveis por esses elementos. Ao aceitardes o conceito de que criais a vossa própria realidade, procurais aceitar toda a vossa realidade só que deixais-vos confundir, por também abrigardes suposições conflituosas que vos propiciam a ideia de que parte dessa realidade não seja obra vossa.
Na realidade, isso conduz-nos para áreas complicadas, por se tratar de elementos da realidade que vós não criais, mas para os quais vos deixais atrair. Existem elementos da vossa realidade que vos influenciam e que podeis não estar individualmente a criar, mas com que tereis escolhido envolver-vos. Outros poderão criar determinadas acções. Outros podem eleger certas opções que vos afectem, mas vós tereis escolhido envolver-vos e deixar-vos afectar. Por isso, num certo sentido, estais também a criar essa realidade. Podeis não estar a criar as opções, mas tereis escolhido o envolvimento. Por isso, também estareis a criar essa realidade no âmbito de um acordo.
Pelo comportamento... as pessoas dão expressão a muitos tipos diferentes de comportamentos. Vós escolheis diferentes expressões a fim de que isso vos atraia a atenção. No vosso íntimo, podeis escolher certas alturas para notardes diferentes aspectos de vós próprios. Isso pode tornar-se árduo para a vossa percepção, por nem sempre compreenderdes as razões que acompanham as manifestações que promoveis na altura em que as manifestais. É por essa razão que escolheis expandir a consciência que tendes. É igualmente a razão porque todos tereis escolhido, no âmbito da mudança de consciência, dar lugar à própria mudança, de forma a poderdes ter consciência do modo como criais a vossa realidade. Presentemente procurais activa e objectivamente essa consciência por vos sentirdes frustrados por saberdes que as suposições que abrigastes no passado não mais são educativas.
Muitos indivíduos no presente sentem-se em apuros. Encontrais-vos nos estágios iniciais desta mudança, pelo que se traduz por um período de incerteza. Muitos sistemas de crença estão a ser desafiados e questionados, o que dá lugar ao conflito e à confusão. Estão presentemente a gerar-se imensos movimentos ao nível da consciência que estão a dar lugar a uma distracção no vosso foco objectivo. Consequentemente, muitos sentem falta de motivação. Experimentam muitos efeitos emocionais a que não estão habituados e exibem comportamentos com que não estão familiarizados, ou percebem estar a alterar as condutas que adoptam. Isso pode tornar-se-vos perturbador, por não compreenderdes toda a acção que está a ter lugar e a propiciar tal comportamento.
Quanto ao facto de estares ou não a criar a tua realidade - estás. Existem muitos elementos que te influenciam a criação dela. Deixaste-te atrair para este fórum a fim de adquirirdes informação respeitante a ti e à realidade, respeitante à consciência e à função que desempenha nesta realidade. Desse modo poderás melhor compreender de que modo chegas a realizar a criação da tua realidade, tal como ocorre com todos aqueles que escolhem deixar-se atrair para esta plateia.
Tu comportas muitas questões complicadas. Presentemente, permites-te um período de confusão, o que possibilita um intervalo através do qual deixas e de dar atenção a certos desafios e em que também deixas de confrontar determinadas crenças. Também a isso optaste por dar atenção ao te deixardes atrair a um confronto. Deixastes-te atrair para aqui a fim de possibilitares a ti própria uma oportunidade de te confrontares.
Existem outros elementos em marcha nesta situação, os quais estiveste a escutar através das explicações dadas esta noite a outros. Presentemente também te deixas envolver num período de recordação, o que complica e confunde outras situações por realçar os sentimentos, só que não compreendes a que atribuir esses sentimentos, em razão do que dizes para contigo própria estar a experimentar depressão; uma desculpa plausível.
Não me interpretes mal. Eu não estou a desvalorizar as emoções que estás a sentir, por serem reais e também por te afectarem. Apenas não têm origem no que julgas que tenham. Na altura presente, torna-se-te admissível rotular certas acções como depressão atribuíveis à tensão ou à falta de auto-confiança ou a acções ou experiências passadas só que isso são métodos convenientes de desviares a atenção de ti própria. A psicologia propõe uma verdade idêntica à da ciência, a qual é reduzida; só que no vosso presente período, muitos aceitam essas ciências como uma verdade. Sois inundados com informação subordinada a essas áreas desde a infância. Por isso, elas tornaram-se, em beleza, em sistemas de crença plausíveis.
Podes chegar a alterar ideias e humores de forma artificial, mas isso não aliviará os problemas. Volta-te para dentro de ti própria. Examina a falta de motivação. Em seguida examina o desejo verdadeiro. O desejo genuíno não é impossível. (Pausa prolongada)
DREW: Jamais pensei que a motivação pudesse fazer parte do dilema que vivo. Jamais tive consciência de que a motivação fizesse parte da minha...
ELIAS: Existem muitos elementos de que tu não tens consciência, por escolheres não ter consciência.
DREW: Motivação em que sentido? No sentido de voltar a atenção para dentro?
ELIAS: Não. Sentes receio em reconhecer a actividade subjectiva, mas a motivação ou a falta de motivação representa uma expressão objectiva, que transfere-se para a tua experiência do dia-a-dia, e influencia-te o estado de alma de melancolia ou depressão e os sentimentos de carência.
DREW: Eu tenho vontade de compreender isso e sei que queres que eu entenda isso! O que estará a influenciar-me tais sentimentos é uma transferência da minha... O termo motivação surge novamente e deixa-me confusa por ser algo que nunca representou uma dificuldade para mim, em termos do alcance de coisas materiais ou duma procura, duma busca espiritual. Sempre pensei sentir-me motivada em ambas as duas direcções. Por isso, agora que o termo surge, sinto-me um tanto confundida por ele e leva-me a interrogar-me sobre a razão - caso escolhamos a nossa própria realidade - porque terei escolhido uma realidade com que não me sinto satisfeita.
ELIAS: Muitos encaram a sua realidade desse modo. Antes de mais, digo-te que isso está relacionado com as crenças. Não te sentes satisfeita com a tua realidade por lhe associares crenças duma conotação negativa que te sugerem que não te sentes satisfeita. Tu crias a realidade que crias pela experiência que desejas experimentar.
A motivação não está relacionada somente com o que percebes como exterior. Podes ser induzida à realização e a uma busca de realização, e não te sentires necessariamente motivada. Nas suposições que abrigas podes convencer-te duma forma objectiva, tal como todos o fazeis ao vos convencerdes, em meio às muitas crenças, de que certas acções ou condutas sejam boas e correctas, e podeis associar ideias de motivação a tais acções. Isso não quer necessariamente dizer que comportem motivação.
Já referi a todos esses indivíduos que na base dos vossos sistemas de crença, todos acreditais na duplicidade respeitante ao eu. Nesse sentido, também comportais uma desconfiança básica. Isso, tal como recentemente foi exibido no caso desses indivíduos, é espelhado igualmente no exterior, por meio das expressões de desconfiança que adoptais em relação aos outros. Sofre uma maior incidência na própria pessoa porque, contrariamente ao que a maioria de vós acredita, haveis de ter mais confiança e de ser mais simpáticos para com o semelhante antes de terdes confiança e de serdes simpáticos convosco próprios.
Não me interpretes mal. Não te abordo para te dizer, tal como os vossos psicólogos, que te tenhas odiado toda a tua vida, e que tenhas odiado os teus pais, e que tenhas criado uma realidade terrível para ti própria! Não refiro tais ideias em absoluto. O que expresso é o elemento básico que todos os indivíduos detêm no foco físico, por ser um elemento dos sistemas básicos de crença que todos comportais, a despeito do facto de o reconhecerdes ou não.
Com isso, por vezes também dás por ti a criar elementos na tua realidade com que não te sentes satisfeito e que te confundem e que não compreendes, por acreditares não comportar tais sistemas de crença, só que comportas; Mas ao aprenderes sobre ti própria, também hás-de aceitar isso e desse modo hás-de atravessar esses elementos, permitindo-te uma oportunidade de alterares intencionalmente a realidade que crias. Isso não quer dizer que não possas alterar a tua realidade de imediato e no presente instante, porque podes; apesar de poderes não acreditar seres capaz disso!
DREW: Mas a confusão que sinto terá brotado do facto de acreditar que compreendo, ou da crença de acreditar ter criado a minha realidade, quando de facto, se tratava do conceito inerente a essa crença e não duma crença fundamental nisso.
ELIAS: Não a actualização.
DREW: Exactamente, razão porque me tenho vindo a sentir frustrada e confusa.
ELIAS: Isso é factor comum a muitos. Apresentaste a ti própria este conceito, que soa a verdadeiro por saberes que traduz uma verdade, só que esqueceste o modo de o actualizar. Por isso, aceitas o conceito, mas não o actualizas. Trais os próprios esforços que empreendes por permaneceres na área das suposições existentes.
DREW: Mas para além do esforço por crescer que até à data estabeleci, a leitura e a meditação e a minha vinda aqui esta noite, a atenção que tenho para com os sonhos, tudo o que empreendi, que mais se poderá fazer para mudar as crenças essenciais e aprender mais sobre si próprio e confiar em si próprio? Parece que já venho a tentar faz tempo conseguir o que estás a referir. Se ainda não o estou a conseguir correctamente, que será que devia estar a fazer que não estou?
ELIAS: Ah! Antes de mais, não estás a “deixar de o fazer correctamente”, porque não o estás a fazer de forma errada! Mas dir-te-ei que muitos se esforçam por explorar muitas áreas da consciência e jamais chegam a envolver as suas crenças básicas. Muitos indivíduos que poderás fisicamente perceber e chamar de “mestre” envolvem-se em várias actividades em diversas áreas da consciência e não expandem as crenças nem as reconhecem, e dão-lhes continuidade.
Podeis explorar muitas áreas e experimentar essas áreas. Se tiverdes um desejo de avançar na consciência a fim de expandirdes o vosso conhecimento, então precisais voltar-vos para vós e examinar essas crenças, e compreender e reconhecer e aceitar as crenças. Nesse sentido, haveis de influenciar o modo como criais a vossa realidade. As pessoas, presentemente, na altura actual, incorporaram, como vós dizeis, o vosso modo “Nova Era” de pensar. Procederam à criação da sua nova religião da metafísica e prosseguem munidos unicamente de novos termos, enquanto dão continuidade às suposições que têm vindo a prolongar-se por toda a vossa história.
A intenção desta interacção consiste em permitir-vos reconhecerdes as crenças que abrigais no foco físico, e se reconhecerdes essas crenças podeis igualmente passar a aceitá-las e desse modo a difundi-las.
DREW: Mas eu poderei reconhecê-las por meio das acções que empreendo e por meio do que manifesto? Se não estiver actualmente consciente delas, qual será a melhor forma para tomar consciência das minhas crenças essenciais?
ELIAS: Hás-de apresentar a ti própria, à medida que o exigires, frequentes exemplos. Tal como foi referido na antiguidade: “Tenham cuidado com o que pedem, porque podeis justamente obter isso!” (Isso é uma atenuação da coisa!)
Ao pedirdes a expansão da vossa consciência, haveis de a expandir. Haveis de atrair a vós informação que vos desafie. Haveis de passar a notar as vossas próprias acções; haveis de a notar nos indivíduos ao vosso redor. Haveis de a notar ao vosso redor, no dia-a-dia. Essas crenças que precisam ser reconhecidas e aceites haverão de se vos apresentar, porque haveis de as apresentar a vós próprios.
Poderás inicialmente reconhecer de forma automática e identificar as crenças. Podes perceber acções similares a ocorrer repetidamente diante de ti, e podes perceber essas acções durante um período de tempo antes de reconheceres o que estarás a apresentar a ti própria. Podes envolver-te com indivíduos deste fórum e trocar impressões com eles, porque eles também experimentam isso e poderem estender-te auxílio e instruir-te, por já terem experimentado este fenómeno da identificação de crenças. Isso não é tão simples quanto parece!
DREW: Não soa a coisa simples!
ELIAS: Tal como declarei, carregastes sistemas de crença ao longo de séculos e trabalhaste-os. Não estais tão predispostos a aceitá-los nem a desinvesti-los do poder de que se revestem. Muitos são bastante vigorosos. Nem sequer reconheceis que tudo o que fazeis no foco físico está relacionado a um sistema e crenças (a uma maneira de pensar). Cada acto que empreendeis no foco físico está relacionado a uma crença. Isso não é prejudicial, mas unicamente o que criastes. Só que agora deixou de se tornar eficiente. Tal como declarei esta noite, haveis de continuar a manter as vossas crenças, mesmo para além da mudança, só que haveis de as compreender e de as aceitar. Consequentemente, não havereis de ser influenciados nem cegados por elas tal como o sois presentemente.
Nesta acção implícita ao movimento da consciência, neste início desta mudança, tal como declarei, está igualmente a ocorrer uma recordação. Nesse âmbito, pensas no termo recordação e imaginas vir a dispor duma memória límpida. Inicialmente não haverás de dispor de tal coisa. Haverás de experimentar sentimentos. Isso é um elemento que se enquadra na vossa presente experiência. No início duma recordação, inicialmente haveis de (começar por) sentir.
Olha a actividade que tens na esfera dos sonhos, porque hás-de perceber pistas para a recordação em meio à acção da criação de imagens, também. Presta atenção ao movimento da missão dos sonhos, porque à medida que se prolongar também haverá de se tornar instrutivo.
Esta é uma situação temporária que haverá de passar, se o permitires. O período de tempo por que se estenda ficará ao critério da tua escolha, por não te permitires mover-te e expressar-te. A aceitação do teu próprio ser, da tuas própria expressão, dos teus próprios sentimentos, independentemente da compreensão que tenhas, tornar-se-á útil. (Pausa prolongada)
DREW: Está bem.
ELIAS: Desejarás mais informação?
DREW: Penso que por hoje isso seja tudo. Vicki, haverá alguma coisa que desejasses... Estás a dormir? Desculpa.
VICKI: Não, não estou a dormir. (O Elias começa a rir)
DREW: Muito obrigado pela atenção pessoal.
ELIAS: Não tens de quê. Poderás ponderar nisso durante algum tempo. Compreendo que inicialmente determinados conceitos poderão resultar confusos, mas também poderás passar a descobrir a tua lâmpada a piscar no teu íntimo num futuro próximo! Fico a antecipar o nosso próximo encontro.
DREW: havemos de voltar, sim. Obrigado.
ELIAS: E por esta noite, um afectuoso, au revoir.
Elias parte às 11:52 da noite.
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