Session 2865
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“Independência”



Sexta-feira, 23 de Outubro de 2009 (Privada/Em pessoa)

Participantes: Mary (Mychael) e Linda (Ruthanna)

Tradução: Amadeu Duarte

(Excerto)
...

LINDA: Tu disseste à Brenda que a sua crença fundamental dela tinha que ver com o domínio. Isso soa-me um tanto familiar só que tenho tantos problemas com a rigidez e com a responsabilidade que me interrogo se essas não serão as crenças fundamentais que abrigo.

ELIAS: São.

LINDA: Então, nesse caso nem sequer preciso perguntar se o Joe e eu seremos compatíveis. (Riso) Qual será a crença fundamental que ele abriga?

ELIAS: Que avaliação fazes?

LINDA: Liberdade... não diria tratar-se de indolência... talvez a da criatividade, não? Ele é um revolucionário no sentido de ser não conformista... Qual será o oposto da responsabilidade? (riso)... Não estou certa. A liberdade? Não tenho a certeza. (Elias ri) Posso não o conhecer tão bem quanto isso.

ELIAS: Liberdade em relação às convenções e originalidade.

LINDA: O que não deixa de ser irónico por eu ter proposto um relacionamento não convencional como um método de contornarmos a falta de elogios naturais. O que quer dizer que... (inaudível) ele seja uma pessoa não convencional para se enquadrar numa estrutura tradicional, apesar de abrigar essas crenças com veemência em relação aos relacionamentos tradicionais. Por isso, tratar-se-á dum conflito inerente a que esteja a ter não somente em relação a nós mas no seu íntimo?

ELIAS. Não necessariamente. Porque o indivíduo que possa dar lugar a essa... (inaudível) não convencional pode com toda a naturalidade incorporar fortes crenças que sejam realçadas ou reforçadas por tudo o que experimenta, pelo que lhe tenha sido ensinado, pelo que tenha aprendido, o que é um tema a que me endereço e me dirigirei por intermédio da vertente dos apêndices.

Suplementos que agregais ao vosso eu genuíno. O que perfaz um outro aspecto significativo de mudança que está presentemente a ter lugar e que se torna na razão significativa porque muitos estão a sentir uma dificuldade substancial no que estão a empreender e no modo como estão a mudar, ao darem lugar a dramas em várias situações e a causar um desconforto considerável para muitos devido a um aspecto bastante significativo e indelével desta mudança presente que assenta na alteração relacionada com o reconhecimento do eu genuíno e da identificação dos apêndices que associais ao vosso eu genuíno. E todos vós os incorporais. E nesse sentido, existem determinados apêndices que são bastante vigorosos e se acham de tal modo consolidados no que respeita a ti, que os outros o percebem como parte daquilo que são. Só que na realidade não são. Trata-se de apêndices ou afectações que assumem como parte de quem são mas que na realidade não são uma parte autêntica da sua identidade genuína e em muitos casos são afectações que dão lugar a conflitos.

Em alguns casos constituem um benefício e avaliá-los-íeis como bons. Mas são capazes de vos realçar a experiência. Só que noutras situações podem constituir um obstáculo e tornar-se limitativos e passar a influenciar um desconforto considerável de certas modos. E uma das razões porque dão lugar à criação dos aspectos negativos reside no facto de não os encarardes como apêndices, em razão do que os passais a perceber por formas que não vedes poderem achar-se separadas de vós. E outro aspecto da questão assenta no facto de, quaisquer que sejam esses apegos que incorporais, eles também não se encontram em nenhum processo de serem eliminados por incorporarem determinados aspectos que são benéficos. Só que se torna importante identificá-los por aquilo de que constam e desse modo permitirdes abrir a porta ou tornar-vos receptivos a uma maior parcela da vossa liberdade.

Um dos apêndices mais marcantes que a maioria emprega e que constitui um apêndice colectivo, e que influência o avanço ao nível das massas é o da independência, o qual não faz parte da vossa identidade genuína. Ela não faz parte do vosso eu genuíno e a definição que lhe atribuís é consideravelmente deformada porque definis a independência quase como um sinónimo de liberdade quando na realidade a independência é um factor compulsivo. Produz limites e obrigação para o indivíduo e até mesmo para a sociedade, através das quais vos vedes confinados a regras e a acções e a expectativas específicas, com o que, tal como no caso de muitos outros apêndices que agregais à identidade, são automaticamente encarados como benéficos. E portanto, isso também produz uma dificuldade acrescida não somente na sua identificação como também em relação á sua remoção. Não em relação à sua remoção completa mas ao ponto em que o indivíduo reconheça não estar atado por tais apêndices e poder utilizá-los ou empregá-los sempre que se revele num benefício. Mas, para além de um modo benéfico, eles também podem ser soltos de modo a permitir ao indivíduo uma liberdade autêntica.

E certos apêndices contêm aspectos que são passíveis de criar certas dificuldades e obstáculos tanto quanto desconforto, quando se entrelaçam e se envolvem com as verdades fundamentais que as pessoas albergam. Existem aspectos da independência que de certo modo constituem suplementos aos próprios apêndices que representam. O apêndice principal da independência carrega em si o seu próprio apêndice da responsabilidade e das escolhas correctas, com o que passa a criar limitações acrescidas. E quando emparelhais um apêndice particular com uma verdade fundamental tal como a da responsabilidade, porque a independência incorpora o seu próprio apêndice da responsabilidade, mas quando emparelhais ambos esses apêndices, o aspecto da responsabilidade torna-se muito significativo e pode mesmo tornar-se opressivo e produzir várias influências limitativas e criar significativas dificuldades para o fluxo natural da expressão e da energia do indivíduo porque eles acham-se numa ligação contínua motivada por esses apêndices e pela própria expressão da crença fundamental, só que duma forma que se pode tornar sobremodo difícil. E como tal torna-se significativamente importante desenvolver a capacidade de perceber esses apêndices e desenredar-se deles. Nesse sentido, existem muitos aspectos da responsabilidade que se são benéficos mas existem igualmente muitos aspectos da responsabilidade que podem tornar-se difíceis e em factores impeditivos. E desenredar as diferenças dessa expressão particular ou desse assunto pode representar um desafio.

LINDA: Então, que recomendarias tu que fizéssemos para nos desembaraçarmos?

ELIAS: A responsabilidade pode representar um imenso benefício quando o indivíduo foca essa responsabilidade em si próprio de um modo que não expresse tal responsabilidade a ponto de se desvalorizar por não estar a fazer ou a funcionar ou a deixar de se expressar suficientemente bem.

O maior estorvo causado pela responsabilidade reside no facto de para a maioria do indivíduos ela alastrar tanto às circunstâncias como aos outro; quer pelo enunciado de que o próprio indivíduo deva ser responsável ou deva incorporar responsabilidade pelas situações e pelos outros ou de que os outros indivíduos não estejam a ser suficientemente responsáveis, e não estejam a empregar o seu aspecto da responsabilidade. Por isso, ambas são duas direcções primordiais que se podem tornar destrutivas.

Para se desembaraçar disso, antes de mais, apresenta-se a questão da avaliação do quanto essa responsabilidade tem de acessório. Os suplementos que associais à vossa identidade derivam daquilo que aprendestes, do que vos foi incutido, assim como das vossas experiências. Bom, não podeis separar-vos completamente do que vos foi incutido nem do que aprendestes. E essa aprendizagem nem sempre representa o que vos tenha sido incutido ou ensinado. Todos vós aprendeis por meio de diversos modos sem terdes necessariamente sido ensinados de modo directo. Vós próprios dais lugar a isso. E as experiências que fazeis constituem outro aspecto significativo disso, mas vós tampouco vos podeis divorciar das experiências por que passais. Mas podeis avaliar se as vossas experiências serão válidas no presente. Por meio do reconhecimento de que todos incorporais um acúmulo de experiências que se acham armazenadas na memória da consciência do vosso corpo e de que as associações que derivam dessas experiências se acham igualmente armazenadas na consciência do vosso corpo.

Todas essas memórias armazenadas e associações relativas às experiências, reportam-se a um acto (ou tempo) pretérito. Elas não se reportam necessariamente ao agora. Por isso, o que foi não se aplica necessariamente ao que tem lugar agora. O que não quer dizer que não sejam bem reais; porque são. Podem não ser tão válidas ou não ter tanta aplicação. E mesmo algumas que podem continuar a abrigar certas qualidades válidas ou aplicáveis podem não se ajustar necessariamente às experiências do presente. Por isso, o primeiro aspecto consiste em avaliardes o quanto determinada expressão comporta efectivamente de acessório. Que parte da responsabilidade que incorporais terá efectivamente de acessório inerente ao que tenhais aprendido e ao que vos tenha sido incutido e induzido por influência das vossas experiências passadas. Ou seja, qual será o aspecto acessório que isso comporta?

O aspecto fundamental da crença disso só se aplica a vós. Por isso, tudo o que é expressado externamente em relação a vós traduz o aspecto acessório. O modo como percebeis os outros; como encarais as situações; como encarais o vosso mundo; o que os indivíduos cometem no vosso mundo. Qualquer expressão externa associada à responsabilidade faz parte do aspecto acessório disso. O modo como a responsabilidade é expressada no vosso íntimo aparte de todo e qualquer indivíduo representa o aspecto da crença fundamental disso. É desse modo que interages contigo, e o modo como és responsável por ti. Por isso, e em relação à expressão da própria responsabilidade, passa pelo modo como forneces informação a ti própria; ao modo como processas a informação; ao modo como te expressas; ao modo como TU abordas os outros – não ao modo como eles te abordam a ti, mas ao modo como tu os abordas.

Quando procedes a uma avaliação da responsabilidade que te cabe, podes empregar qualquer situação ao teu gosto mas precisas tão só remover qualquer aspecto exterior a ela, quer se trate dum indivíduo ou duma circunstância externa, seja o que for, e focar-te na forma como esse aspecto da responsabilidade te influencia a interagires na situação ou expressar-te nessa situação. Ora bem, se isso comportar aspectos que revertam para uma situação de desvalorização pessoal, seja: “eu devo ter” ou “eu devia ser” ou “eu preciso ser”... Esses aspectos não se acham necessariamente associados à tua crença fundamental. Estão mais associados ao acessório. Estão associados ao que terás aprendido ou ao que te tenha sido ensinado. E por isso, o “eu devo fazer isto” ou “eu devo fazer aquilo” ou “não devo fazer aquele outro” que define essas diferenças torna-se significativo por te proporcionar directrizes claras do que seja mais autêntico para a direcção que tomas e do que te influencie em sentidos não necessariamente tão genuínos para ti e para a tua expressão.

Alguns indicadores não se expressam necessariamente tanto por meio de sensações nem de sentimentos mas talvez mais por uma ausência de sentimentos, como quando empreendes determinadas acções que poderiam estar associadas à responsabilidade, talvez em relação a outro indivíduo, e de facto consegues identificar uma ausência de comunicação emocional que representa mais um indicador de seres mais autêntica.

Um exemplo: um indivíduo pode incorporar a crença fundamental da responsabilidade, mas digamos também que talvez esse indivíduo tenha uma personalidade que denuncie uma capacidade de apoio natural no sentido de ajudar os outros. Geralmente produz esse tipo de acção de um modo que resulta satisfatório para ele. Mas ao faze-lo, isso para ele torna-se de tal modo natural que efectivamente não chega a sentir nada de excitante nem de exaltante ou nem chega a sentir qualquer sentimento desencorajador ou apenas se expressa de um modo que é natural para ele. E alguém perceba a acção dele e expresse na avaliação que faz e no seu juízo: “Oh, este indivíduo sente uma enorme responsabilidade pessoal pelos outros”; talvez, e talvez não. O próprio indivíduo poderá avaliar parcialmente isso em parte, em relação ao que os seus sentimentos expressam.

Bom, eu vou repetir uma vez mais. Não empregues os teus sentimentos como princípio ou bitola para com o que estás a fazer da tua energia. E acrescentaria que tu não podes utilizar os teus sentimentos como bitola em relação ao que fazes com respeito á tua crença fundamental. Por existirem outros aspectos. Por isso, os sentimentos nem sempre se revelam exactos. Mas a ausência de sentimentos é sempre muito mais exacta enquanto indicador do que estás a fazer com respeito a um fluir mais natural. Quando se te apresenta um sentimento, na maior parte das vezes – não sempre, mas na maior parte dos casos – eles constituem um sinal em relação a um comunicado emocional. E se gerares uma comunicação emocional estarás a expressar uma mensagem a ti própria. Essa mensagem nem sempre é a de poderes estar a incorporar uma acção que não seja natural, pode representar uma validação, em cujo caso terás uma sensação de satisfação ou de felicidade ou de júbilo. Mas diria que na maior parte dos casos e na maior parte das pessoas a proporção da frequência com que efectivamente empregam uma sensação genuína, um sentimento de felicidade ou de exaltação de alegria que se destaque, se revela consideravelmente pouco frequente.

O que se torna muito mais frequente é uma sensação neutra ou a da satisfação. A satisfação consiste numa sensação que para muitos pode não se produzir com muita frequência mas passível de ocorrer com bastante frequência. Os outros sentimentos são as expressões de validação momentâneos que ofereceis a vós próprios a fim de vos motivar e inspirar. Mas eles também produzem uma força considerável de energia, que traduz a razão pela qual a consciência do vosso corpo geralmente não o expressa. Por expressar um volume considerável de energia e, ao fazer o balanço, a consciência do corpo escolhe automaticamente momentos específicos significativos para expressar esse tipo de energia. Tal como podeis expressar uma energia de bastante desconforto por um período de tempo com o que notareis ficar bastante fatigados devido a isso também gerar um volume considerável de energia.

Mas, ao contrário das sensações de felicidade e de alegria as sensações de desconforto são fascinantes, pelo que as mantendes em muito mais larga escala. Ah, ah, ah, ah, ah, ah! E sentis maior vontade de despender uma dose considerável de energia na expressão dessas sensações do que na expressão dos outros. Mas em relação à responsabilidade, e de modo idêntico ao que expressei previamente em relação àquela que sentes, quando envolve outros indivíduos torna-se importante reconhecer não que estejas errada ou que não devas expressar-te de determinado modo, ou não deveres expressar nenhuma forma de juízo ou crítica, mas reconhecer que a crítica é válida, segundo a concepção que tu própria albergas, para ti própria. Distinguir: “Isto tem validade para mim, pelo que não incorreria em tal acção, e não enveredaria por esse sentido.” O que não quer dizer que esteja errado para o outro. Tampouco quer dizer que tenhas que concordar se o outro se expressar de um modo que irrite ou te aflija. Não se trata duma questão de tolerar nem tampouco de concordar a fim de aceitar.

Nem é uma questão de não fazer caso. Essa é uma outra expressão por que muitos, muitos de vós são aficionados e por que vos forçais de forma espantosa nessa ideia de deverdes simplesmente não fazer caso. “Não devia fazer caso disto. Devia abandonar isto; devia abandonar aquilo. Devia continuar a não fazer caso. Porque razão não conseguirei deixar de fazer caso?”

Não fazer caso é um absurdo! De certa forma eu dir-te-ia que segundo a expressão do não fazer caso bem que podias dizer para contigo própria: “Vou cortar um braço de propósito por ser uma parte de mim que pareço não usar de modo a poder contorcer-se de forma a acomodar-me à situação ou a este indivíduo, pelo que vou cortá-lo”.

LINDA: Essa é uma imagética interessante. Tenho vindo a obter muitas imagens nos meus sonhos e na noite passada não conseguia dormir e sonhei com um corpo que... não estou certa se estava morto ou o que fosse, mas estava a ser desmembrado e ionizado ou algo assim como teletransportado para a nave Star Trek Enterprise ou algo do género... foi mesmo uma ideia... eu pensei... a interpretação que fiz foi... oh, bem, tratou-se dum sonho a transmitir-me para não fazer caso das estruturas que sustento, ah ah ah...

ELIAS: Isso é um sonho por intermédio de cuja imagética estavas a dar expressão concernente à informação da não preocupação e ao quão destrutiva essa ideia parece. De que sempre que te voltares nessa direcção, no que diz respeito a ti própria: “eu devo simplesmente deixar de ligar”, isso é o que estás a fazer. Estás a tentar desmembrar-te. O que se revela bastante ineficaz. Nesse sentido, traduz-se por um reconhecimento para contigo própria de: “Não posso enredar-me nem contorcer-me a este ponto. Assim não o conseguirei. Não me posso forçar a tal posição. Não é possível”. Tal como não consegues torcer o braço numa posição determinada sem que o partas ou o desmembres. Ele dobrar-se-á ao ponto que se dobrar e deixará de poder dobrar-se noutras situações ou posições. Tu incorporas aspectos de ti própria que são tu, de modo intrínseco. E tentar negá-lo ou complicar o facto e retorce-lo a posturas a que não possa ser pressionado assemelha-se a uma tentativa de desmembramento de ti própria. Por isso, este enunciado do “não fazer caso” passaremos agora a julgá-lo obsoleto e a dizer tratar-se duma declaração ineficaz pelo que passaremos a substituí-lo.

Bom, aquilo por que o vamos substituir, ao invés de te passares a desmembrar, não é o de “não ligar” mas o de “deixar brilhar”.

LINDA: Isso é de tal modo estupendo... (Ri)

ELIAS: Deixar brilhar Deixar-te ser.

LINDA: Então quando penso no que a Brenda e eu temos vindo a expressar nas nossas vidas, perece que atraímos a nós, por meio de relações, indivíduos que acabam em forte conflito com a crença fundamental. Brenda, a cientista, que domina e (inaudível) Kevin o palhaço da turma. E eu omito a responsabilidade e atraí a mim a Miss super independente... e atraí a mim alguém que é hiper dependente e muito pouco convencional nas crenças que revela. Por isso sinto bastante confusão e passo a dizer para com os meus botões: “É óbvio que não posso viver a vida que o Joe espera que eu viva.” Ou caio na confusão e passo a pensar que o terei atraído a mim de modo a poder libertar este aspecto de quem sou...

ELIAS: Em parte.

LINDA: E talvez de certo modo represente um reconhecimento, tudo bem, aqui estão apêndices que são bastante reais, mas também não será esta forma de pensar de o ter atraído de modo a ser capaz de libertar estes apêndices? De modo a poder tornar-me mais flexível e...?

ELIAS: Em parte, sim.

LINDA: ... e a dispor dum maior movimento sem ter que me contorcer nem desmembrar?

ELIAS: Sim.

LINDA: Então se parece existir...

ELIAS: Tu nem sequer estás a libertar esses apêndices. Eles não desaparecem. O que estás a fazer é a permitir-te resplandecer através deles. Eles permanecem. Eles não desaparecem. Mas aquilo que terão conseguido foi criar uma concha a envolver-te de tal modo que o que reside dentro dessa concha não tem permissão para resplandecer. Brilha, só que tu não o consegues perceber. Nem outro indivíduo o conseguiria perceber. Nesse sentido, é uma questão de te desprenderes desses apêndices a ponto de se tornarem num adorno ao invés dum envoltório, duma concha. Eles tornam-se numa decoração ao invés dum invólucro. E esse resplendor pode tornar-se visível através desses adornos, situação essa em que esses adornos poderão dar lugar a padrões interessantes e singulares, mas não bloquear esse brilho.

LINDA: A estimativa instantânea que consigo, é a de que seja muito mais fácil conseguir isso se não estivermos num relacionamento. E, não fará isso parte da tendência que tenho para ser independente? Não posso estar numa relação com ninguém, isso não ajudará?

ELIAS: Não. Esse é um outro aspecto desta independência. A independência não significa liberdade. Mas sim, podes reavaliar as relações que produziste de muitos modos diferentes e podes optar por moldar novas avaliações disso e escolher dar continuidade a certos relacionamentos e alterar o modo como os utilizas. Assim como também podes escolher novos relacionamentos. Independentemente disso a questão reside em não te dissociares. O contrário da independência não é a dependência. O contrário da independência, o seu oposto segundo a concepção que fazeis, é a interligação. O reconhecimento de constituirdes um tecido e de que o outro é parte desse tecido. Ele não pode ser “desfiado”, nem tu tampouco. Porque se lhe separardes os fios, ele deixa de ser um tecido. Mas vós sois um tecido. Nesse sentido, o modo como teces o fio na elaboração do tecido determina a aparência do tecido, o seu brilho, a sua cintilação e o modo como lança sombras enquanto permanece o tecido e todos os outros fazem parte dele.

E colectivamente, não é tanto o quão te poderás separar mas o tanto dessa interligação sejas capaz de te permitir e de funcionar nela. Não que não existam certos aspectos da independência que, tal como referi, possam não constituir um benefício. Mas não ao ponto da tua própria destruição. Não ao ponto de te desmembrares do tecido. De te desligares e criares uma concha para ficares mais só. Coisa que tu não estás, de qualquer forma, só que a percepção e a sensação disso pode tornar-se bastante real. Só que o que é real nem sempre é válido. Existe uma diferença. Só que não deves desvalorizar qualquer experiência nem sentimento por serem todos bastante reais. Apenas poderão não incorporar a substância que pensas que comportam.

LINDA: (Ri) Ultimamente tenho vindo a deparar-me com muito disso.

ELIAS: Ah ah!

LINDA: Há uma outra questão mais ampla sobre a qual eu e a Brenda estivemos a conversar... (Inaudível) Trata-se de uma das contínuas questões inerentes à responsabilidade e ao modo pouco convencional que o Joe tem com o problema da aposentação, e eu nem sequer tenho certeza se essa aposentação, dada a forma futura que a sociedade venha a ter, continuará a ser válida. Mas temos esta ideia de parecer ser o caso, de precisarmos poupar dinheiro e de fazer planos para... (Inaudível) por não podermos continuar a trabalhar e a produzir dinheiro; os nossos corpos acabarão por se deteriorar. Por isso, se não será o imediato, dado que o que tenha a ver com o nosso futuro muda tanto que as preocupações e os planos deixarão de ser válidos ou relevantes?

ELIAS: Essa é uma pergunta significativa. Eu podia responder a essa pergunta com um sim e um não. Ambas são válidas em certo sentido. Essencialmente não o são. Mas em relação a ti especificamente nesta presente altura e ao se aproximar do potencial da idade e da ideia da aposentação (pausa) dependendo da altura em que escolhas isso, será o que determinará a diferença que isso venha a apresentar do momento presente. Mas virá a ser diferente. Se existirá alguma validade para o que estás a expressar por meio do plano ou da ideia do futuro e dos aspectos financeiros dele e da aposentação, sim, existem alguns aspectos válidos disso no presente. Não, não estais a eliminar os alicerces do dinheiro nem das transacções num futuro imediato.

Tal como afirmei previamente, essa é uma instituição que se acha bastante consolidada na vossa realidade por todo o vosso globo que exigirá um processo significativo para alterar. Isso não se dará em simultâneo nem de forma espontâneo. Mas já então a ocorrer alterações mas ainda assim notareis dar-se diferenças no que designarás como vinte ou trinta dos vossos anos. Dar-se-á uma diferença significativa em relação ao que vedes actualmente no presente. Ainda não representará a situação do dinheiro ser considerado como uma coisa completamente obsoleta. Por isso ainda permanecerá como um factor a considerar. Só que diferente da actualidade. Mas ainda representará um certo factor.

Quanto à ideia dos planos para um futuro de aposentação, eu diria que a direcção mais eficiente seria a que expressei anteriormente. Não é prejudicial incluir objectivos mas não deves focar toda a tua atenção neles. Sim, podes criar a ideia dum resultado ou objectivo e deixar que se torne precisamente nisso - num objectivo. Mas o que é significativo é o processo para atingir esse objectivo. E prestares atenção ao que estás agora a fazer. Porque o que fazes agora influencia fortemente aquilo que venha a ocorrer no futuro. Por isso, a criação duma direcção, existência e experiência confortável agora, direccionar-te-á nesse sentido da tua aposentação.

LINDA: ...(Inaudível)

ELIAS: (Ri)

LINDA: Vou tentar não deixar de dormir muito por causa disto esta noite.

ELIAS: Muito bem... (Num tom irónico).

LINDA: Mas quase ia dizer que iria tentar “não ligar”. Tenho que me esforçar pelo termo “brilhar”. (Elias ri) Essa vai ser difícil, deixar de ligar, deixar ao facto de me preocupar com o “não dar importância”. (Riso) Isso está enraizado de verdade.

ELIAS: O que constituiu um excelente exemplo que dei desses apêndices e do que se acha profundamente arraigado.

LINDA: Pois é, nós nem sequer pensamos na frequência com que... (Inaudível)

ELIAS: Exacto. Ah ah ah ah.

LINDA: Bom, foi bastante revelador e constitui muito para pensar para as próximas semanas. Mas só pensei que pudesses dar-nos aquele plano para a vida e pudéssemos sair porta fora e... (Inaudível) (Ambos riem) Nesse caso vamos submeter isso à experiência.

ELIAS: Isso representaria um enorme encorajamento da minha parte, empreenderes tal acto porque isso deve proceder da tua escolha. Trata-se da tua vida.

LINDA: E é divertido.

ELIAS: Ah ah ah ah ah. Queres igualmente que te diga o quão bem te inclinas a aceitar a situação de outro indivíduo a dizer-te o que deves fazer? Ah ah ah ah ah ah!

LINDA: Oh, só preciso fazer um brinde para terminar isto. (Ambos riem) Obrigado, Elias.

ELIAS: Não tens de quê, minha amiga. Para ti, com um enorme afecto e sempre a antecipar o nosso próximo encontro, Au Revoir, minha amiga.




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