Fear of Judgment
Topics:
“Medo da Crítica”
“Educar as Crianças com Liberdade de Expressão”
Sexta-feira, 7 de Novembro de 2003 (Privada/Em Pessoa)
Participantes: Mary (Michael) e Laura (Belagia)
Tradução: Amadeu Duarte
ELIAS: Boa tarde.
LAURA: Boa tarde!
ELIAS: (Sorri) Como vamos prosseguir?
LAURA: Penso que vamos avançar directamente.
ELIAS: Muito bem.
LAURA: Na verdade, e para recuarmos um pouquinho, eu queria verificar um possível outro foco. Terei feito parte do evento do Donner Party, como membro? (Pausa) (Nota do tradutor: Donner Party refere-se a um evento sucedido com um grupo de pioneiros que se dirigiam para a Califórnia em vagões puxados por cavalos, e que devido a um conjunto de contratempos se viram bloqueados em pleno Inverno de 1848-49 na Sierra Nevada, presos na neve, acabando por ter que recorrer ao canibalismo para sobreviverem)
ELIAS: Como essência observadora, sim.
LAURA: De uma das crianças do Donner Party?
ELIAS: Sim.
LAURA: A moça chamada Leanna?
ELIAS: Sim.
LAURA: Ultimamente pareço vir a inclinar-me mais para a observação das essências do que para focos efectivos, o que não deixa de ser interessante.
O tópico que mais estou a observar na minha vida, exactamente agora é o da liberdade de expressão. Penso que se trate duma questão fundamental para mim. Certas coisas que notei constituírem maneiras de ser na minha vida, pelo que sinto ser mais Sumafi na essência e mais Sumari no foco. Durante muito tempo senti ser mais verdadeira em relação ao aspecto da essência Sumafi pessoal e quase ignorei o aspecto Sumari do meu foco.
Quando era criança, eu era criativa e uma artista prolífica. Por altura dos meus nove anos eu produzi uma vida em casa bastante dura para mim, de muitos modos, e por essa altura passei a suprimir a minha expressão de criatividade e mesmo a minha liberdade de expressão nas relações. Algo mudou no meu íntimo que me levou a começar a dar corpo à ideia de não ser capaz de me expressar da forma que eu era, e de seguida passei imenso tempo da minha vida de adulta a tentar reconquistar essa liberdade que senti ter-me permitido a mim própria enquanto criança. Ainda tenho consciência de receios relacionados com isso, e hoje gostava de debater isso.
ELIAS: Muito bem. Mas que receios avalias que sejam?
LAURA: Medo de ser criticada – esse parece ser um bastante significativo. Não importa quantas vezes escute mencionar o facto de que crio a minha realidade ou obtenha a experiência directa disso, esse medo apresenta-se-me quase como uma constante, a menos que me concentre a sério em mim mesmo. À medida que vou vivendo a minha vida do dia-a-dia não detecto necessariamente isso, mas tenho uma consciência de segundo plano em relação a isso, da sua presença constante.
ELIAS: Portanto, aquilo que estás actualmente a experimentar não é necessariamente uma expressão desse medo se actualizar continuamente na tua vida do dia-a-dia, tal como o expressas, mas como uma forma de antecipação subjacente constante.
LAURA: Sim, é exactamente tal como o colocaste.
ELIAS: A sugestão que te estendo é a de que foques mais a tua atenção no que estás realmente a criar e no que estás efectivamente a fazer e a expressar, o que não é sinónimo da criação dessa manifestação da antecipação.
Ora bem; reconhece também que o medo não se acha associado ao instante, mas está associado à antecipação do que possa ocorrer em termos futuros e em associação com o que tenha ocorrido no passado, mas não representa a confirmação pessoal em meio ao que estiveres realmente a criar agora, por continuares a vacilar entre o passado e o futuro, em razão do que se gera uma falta de apreço pelo que estás actualmente a criar, o que é significativo.
Além disso, reconhece igualmente que para poderes expressar a tua liberdade, também precisas gerar uma abertura para te tornares receptiva. E a criação duma abertura para recebermos exige o que é quase um pré-requisito, a expressão da vulnerabilidade ou exposição. Se te permitires expor-te conforme és também produzirás uma abertura por meio da qual passarás a poder receber. Se não te expuseres não poderás tornar-te receptiva? Porque se não expressares tal vulnerabilidade, bloqueias e deixas de conceder permissão ao acto de receber. Tal receptividade, o acto de receber, é importante, por constar da permissão que conferes a ti própria para receber da parte dos outros e da concessão duma abertura (receptividade) para contigo própria. Nesse sentido, isso produzir-te-á a liberdade para te expressares de maneira mais completa e essa liberdade de expressão.
Bom; a hesitação acontece em associação com o temor. Mas se te recordares a ti própria de que esse temor é gerado em associação com o passado e com o futuro e não está realmente associado com o momento; apesar de poderes sentir isso no momento ele não está associado ao momento. Não está associado ao que estás a gerar no momento nem ao que estiveres a experimentar no momento.
Se no momento estiveres a gerar uma determinada experiência por intermédio do qual te estejas a confrontar com esse medo momentaneamente e se der uma expressão de interacção entre ti e outro indivíduo que te confirme tal temor – passando, por isso, a actualizar-se por meio do outro indivíduo a criticar-te ou pelo comportamento que estejas a assumir – podes deter-te nesse instante e reconhecer que, da concentração que fazias nessa antecipação, tu terás atraído esse indivíduo para te reflectir aquilo que estavas a criar no teu íntimo.
Bom; nesse instante poderás reconhecer não ser necessário. Tu criaste isso para validares o medo que sentias. Mas também incorporas a capacidade de reconfigurares essa energia nesse instante e de te reconheceres, e ao fazeres isso, ISSO irá reconfigurar a energia do outro indivíduo e desse modo alterar o cenário e alterar a situação. E a expressão sofre uma mudança.
Se reconheceres poder expressar a criação desse medo momentâneo numa experiência real, permite-te deter-te e tomar consciência de ti própria – não desvalorizar-te, o que representa a reacção automática – mas considerar-te de um modo gentil, e permitir-te expressar apreço seja pelo que for, independentemente do que isso possa englobar, nessa altura. Pode tratar-se de apreço por outro indivíduo, pode tratar-se de apreço por algum elemento ligado à situação, pode tratar-se dum apreço por ti própria, por algum modo. Não importa. A intenção consiste em interromperes esse padrão e interromperes aquilo que estiver a ser produzido. Por isso, a despeito do quanto possa parecer diminuta ou incompatível a apreciação que teces no momento, permite-te reconhece-la e expressá-la.
LAURA: Penso que isso represente um ponto importante, porque conforme estavas a dizer em relação à criação desses momentos, penso que isso seja verdadeiramente raro. O que ocorre mais é eu criticar-me nessas alturas. Agora já se tornou raro encontrar alguém que critique a expressão que assumo. Penso que isso costumava ser mais frequente.
Por exemplo, eu tenho lições de flauta e sempre que toco em frente à minha professora sinto-me nervosa. Aquilo que interpreto do que dizes é que quando sinto esses nervos, e começo a contrair-me, ela talvez tenha expressado apreço e dado alguma sugestão. E é por essa razão que lá vou, porque de cada vez que lá vou, o meu desempenho melhora e torna-se mais livre e prazenteiro. Não mais acato aquilo que diz como uma desaprovação crítica, o que penso ser interessante. No que toca a isso eu alterei o ponto de vista que tinha. Ao mesmo tempo, ainda preservo esse estado de nervosismo, esse velho hábito do nervosismo.
Então o que entendo que estejas a dizer é para parar, talvez no instante em que sinto essa energia nervosa e para expressar por palavras algum tipo de apreço pelo que está a suceder nesse momento.
ELIAS: Sim.
LAURA: Não mentalmente e como que a esconde-lo e guardá-lo para mim...
ELIAS: Exacto.
LAURA: ...mas na direcção do exterior, nesse instante?
ELIAS: Sim. Permite-te expressar isso, porque isso gera vários tipos de acção. Interrompe o padrão familiar. Interrompe o medo. Dá lugar à libertação de tensão e da energia que estás a reter, o que perpetua essa ansiedade. Além disso também permite um reconhecimento de ti própria, por estares a prestar atenção a ti própria e a validar a tua experiência e por não te desvalorizares por teres começado a dar lugar a essa experiência de novo mas em vez disso estares a voltar a percepção e a reconfigurar essa energia. Por isso, isso move vários tipos de acção em simultâneo que se prestam ao reforço da confiança em ti e da aceitação que obténs e desse modo da permissão que concedes a ti própria.
Nesse momento, podes estar a expressar ao outro indivíduo algum reconhecimento em termos de valorização que na estimativa que fazes pode ser tão simples e insignificante quanto expressar: “Gosto do estilo do cabelo que hoje trazes”, o que nessa altura te poderá parecer bastante ridículo. Porque eu tenho consciência de que numa altura de ansiedade, pode tornar-se num desafio traduzir estima por intermédio duma expressão qualquer. Por isso, o que ocorre é que podeis começar a pensar e a pensar e a tentar analisar: “Por que exactamente poderei manifestar apreço? Deixa-me descobrir o que poderei passar neste instante a apreciar.”
Permite-te unicamente deter-te, reconhecer o que estás a experimentar, descontrai e dá permissão ao que quer que estejas a apresentar a ti própria, independentemente de te parecer estar relacionado com a ansiedade que sentes ou não. Se se tratar duma expressão de validação dum elemento qualquer da tua experiência e da interacção que estiveres a ter, permite-te expressá-lo, porque todas essas outras acções ocorrem nessa mesma.
LAURA: Isso é diferente. Estou nessa situação e digo que isso é o que está a ocorrer neste momento e sinto a sensação - cá está ela. É claro que o céu não irá desabar nem nada de mau acontecerá, no entanto trata-se deste velho padrão de ansiedade. Mesmo permanecer em meio à situação e reconhecê-la, sentir o meu corpo, viver o momento com toda essa ansiedade, isso não provoca a menor diferença. Apenas permaneço especada nessa ansiedade, mesmo que me volte para o exterior nesse momento. Isso parece-me um tipo diferente de abordagem da coisa.
ELIAS: Exacto. Porque o que estás a procurar é um meio para reconheceres mas também incorporares uma acção que te interrompa esse padrão. Tu já identificaste o padrão assim como identificaste a crença, mas a identificação duma crença e o mero reconhecimento dum padrão pode não te proporcionar necessariamente um acto de alteração dessa conduta.
LAURA: Penso que só o facto de me colocar nessa lição de flauta semanal constitui uma aceitação dessa crença. Por isso, tens razão – procedi à identificação dos passos todos! Identifiquei, senti a coisa sem me desviar dela, e aceitei-a, sim, é isso que está a ter lugar. De facto vou-me colocar propositadamente nessa acção por querer verdadeiramente aceitar esse aspecto pessoal. Contudo, nessa experiência semanal, a coisa não se alterou.
ELIAS: Correcto, o que acontece por tu não estares a empreender uma acção efectiva para alterares o comportamento. Confirmo-te o facto de não estares a tentar eliminar a crença nem as influências que exerce, mas tu não estás a empreender o acto de escolher. Estás a continuar...
LAURA: Estou unicamente a aceitar e não a escolher uma nova abordagem.
ELIAS: Não é necessariamente uma questão de escolher uma nova abordagem, apesar de o poderes identificar desse modo, se o preferires. É meramente uma acção de reconhecer não estares bloqueada, de não seres uma vítima desse padrão e de que incorporas escolhas, e de que podes implementar uma outra acção e como tal alterar a percepção que tens desse modo alterando igualmente a influência exercida por essa crença.
Tal como referi previamente, cada crença comporta muitíssimas influências. Tu poderás escolher a influência que preferires mais, e podes reconfigurar a energia. Podes manipular a tua energia e manipular a crença de um modo que se adeqúe mais à tua preferência.
Podes incorporar esta crença da percepção dos outros, reconhecendo que isso terá criado automaticamente uma influência em ti que te deixa amedrontada, mas podes incorporar bom humor com essa mesma crença, reconhecendo que ela continua a existir e que pode continuar a ser expressada. Mas ao interrompe-la e ao interromperes a reacção automática podes escolher divertir-te e usares essa mesma crença a título de inspiração ou como motivação em meio a diversas expressões que incorporares, percebendo a coisa como um jogo ao invés duma obrigação.
LAURA: (Ri) Bem sei que tenho isso em mim. Recordo-me em criança cheia de alegria a tocar musica em frente das pessoas.
O meu marido e eu brincamos com a piada de nos termos clonado um ao outro. Nós temos um filho e uma filha, e produzimos ou escolhemos... penso que eles nos terão escolhido, por serem parecidos connosco. O Zane é tão parecido com o meu marido, e a Cyan assemelha-se tanto a mim que chega a ser estranho. Eu observo-a a tocar toda contente e até ao momento ainda não escolheram tornar-se ásperos com eles próprios por intermédio da maluqueira dos pais.
Por isso, estendo-lhes o meu reconhecimento pelas escolhas que elegem, e penso que seja sensacional. Mas além disso também penso que constitua uma opção importante tê-los presentes na minha vida, por serem tão completamente quem são e serem tão libérrimos nas expressões que assumem. Tenho que conviver com isso no dia-a-dia e depois ver onde eu... sinto vontade de recorrer à frase “fico desapontada”. É isso o que ocorre de facto comigo. Eu sinto que me desaponto a mim própria de um modo qualquer neste foco.
ELIAS: Ah! Bom; isso pode igualmente constituir uma oportunidade de alterares a percepção que tens, por escolheres expressar a personalidade e as qualidades e talentos que incorporas neste foco, e optares igualmente por despender este foco de um modo particular em relação à família, à tua família.
Bom; como uma continuidade disso no teu foco, tu empregas um reflexo de ti própria no caso da tua filha só que tomas parte num papel diferente. Tu és agora a mãe e ela assume o papel de filha no reflexo que te presta, que produz diferentes escolhas. Mas tu estás igualmente a produzir escolhas diferentes no papel de mãe, ao instaurares uma direcção diversa no modo como interages com a pequena e pelo que admites assim como pelo que te concedes, e desse modo pelo acto de te apresentares a ti própria como um exemplo mais por uma expressão de permissão e de aceitação. Por isso permitiste-te explorar lados diferentes, por assim dizer, da mesma moeda.
Ao invés de perceberes isso como uma forma de desapontamento contigo própria, tu permitiste-te mover-te numa direcção diferente e expandir efectivamente a consciência que tens dando lugar a uma expressão mais significativa da tua liberdade e de ti própria, o que se reflecte na tua filha. Porque haverás de explorar meramente um elemento duma experiência? Mas geralmente, em vez disso as pessoas permitem-se explorar diferentes aspectos duma mesma direcção.
LAURA: Isso conduz-me ao próximo tópico. Enquanto mãe, de certo modo torna-se num desafio para mim, porque é claro que sem qualquer conhecimento de criarmos a nossa realidade, aí as regras tornam-se bastante óbvias em relação ao modo de criarmos os catraios. Uma vez conscientes de que criamos a nossa própria realidade e de que eles criam a sua própria realidade a toda a hora, eu nem sempre estou certa do modo como sentirei vontade de abordar certas e determinadas situações no que diz respeito à liberdade de expressão que eles evidenciam.
Tenho vindo a explorar diversas ideias relacionadas com a função da mãe. Uma versa sobre a coerção e a ausência de coerção, e a outra consiste na educação pela vertente de dizer à criança: “Isto é o que precisas aprender.” A outra vertente disso passa pela criança descobrir o que ele ou ela quererão aprender. E eu estou algures aí pelo meio, constantemente a andar para a frente e para trás. Gostava de obter um sentido mais claro das minhas preferências.
ELIAS: Não se trata de nenhuma questão do tipo claro ou escuro (ausência de meio termo) nem de isto ou aquilo.
Bom; compreende igualmente que se trata duma cooperação. Vós não estais a co-criar mas estais a cooperar. Tu incorporas as tuas crenças; eles incorporam as crenças deles. Não te iludas por meio da interpretação errónea de que os pequenos não incorporam crenças apenas por terem escolhido nascer nesta mudança de consciência numa altura diferente da tua. Sim, eles expressam-se de modo diferente, e sim, têm uma maior consciência de se estarem a orientar-se a si próprios, e estão, por assim dizer, conscientes de opções relativas às crenças que sustentam. Mas não se trata duma questão de esses pequenos se encontrarem isentos de crenças.
Lembra-te, tal como eu tenho declarado muitas vezes, as preferências constituem crenças pelas quais tendes preferência. Podes incorporar certas preferências e os pequenos incorporarem preferências distintas. Isso não quer dizer que as tuas estejam erradas e as deles estejam certas ou vice versa.
Nisso, é uma questão de cooperação e de vos permitirdes mover juntos – não pelo comprometimento nem por meio da sujeição – mas pela cooperação, reconhecendo que podeis não vos encontrar necessariamente de acordo em determinados sentidos sem que isso tenha importância. Podeis mesmo gerar cooperação sem concordância. Porque mesmo sem existir concordância, se expressares uma aceitação genuína das diferenças podeis cooperar uns com os outros. A cooperação perde-se se as diferenças se tornarem num problema. Se a diferença se tornar numa luta e num desafio, a cooperação deixa de se expressar.
Tal como declarei, não se trata duma questão de claro e escuro, a função de pai ou de filho como um absoluto tal como deva ter sido expressado no passado, porque vós estais todos a tornar-vos mais conscientes das vossas crenças e das influências que exercem e da aceitação e da permissão, pelo que esses papéis se tornam esbatidos.
Talvez te permitas abordar esses pequenos por meio dum papel diferente. Ao invés de te perceberes ou de te projectares como uma autoridade, permite-te projectar-te de modo semelhante ao que fazes no caso dos adultos. Não os percebes como uma autoridade no trato contigo nem no que tens para com eles; vós partilhais. Se não te sentires em acordo com um outro adulto, reconheces isso como uma diferença mas permites-te avaliar e passar a uma expressão de cooperação, mesmo no caso de continuar a não existir um acordo.
Mas nas funções de pai e de filho, isso transforma-se numa luta por poder, cada função a tentar de exercer poder pela sua independência. Estes são termos fortes que contêm associações marcantes. Cada função incorpora igualmente uma crença respeitante ao papel que exerce e ao papel do outro. Os filhos também te percebem e ao teu companheiro, nas suas crenças, como uma autoridade, mas isso representa um desafio para o seu movimento natural de se orientarem a si próprios.
Tu desejas conceder permissão aos pequenos por se estarem a orientar a si próprios, mas não desejas alimentar qualquer conflito nem briga com eles no caso de evidenciarem desacordo em relação a ti. Isso é chave - reconhecer que cada um de vós incorpora preferências. Eles ESTÃO a orientar-se a si próprios, tal como já tens consciência, e o acordo nem sempre é necessário, por gerar uma resposta automática que vai provocar conflito e briga por dever existir acordo para cooperardes e para criardes harmonia – mas não necessariamente. Podeis expressar harmonia e cooperação sem acordo nem assumirdes outras escolhas – não o compromisso, nem os termos claro e escuro.
LAURA: Existe esta filosofia do cuidado por parte dos pais chamada cuidados não coercivos, em que gastam imenso tempo com as questões não do compromisso mas do que designam por preferências comuns, e está a gerar-se muito debate em relação ao que essas preferências comuns compreendam. A ideia é a de que ninguém se comprometa mas juntos talvez poderem passar a desistir daquilo que pensavam querer e descobrir algo ainda melhor – melhor não é o termo – mais de acordo com a sua preferência e o facto deles preferirem mais do que originalmente pensavam preferir. Isso requer muito trabalho e tempo e aprendizagem em relação ao modo de o conseguir. Uma parte de mim deseja encaminhar-se nesse sentido, mas aí uma outra parte de mim deseja tornar-se mais socialmente aceitável, suponho.
Existe um montão de funções que sinto ser-me exigidas, enquanto mãe. Por exemplo, a minha filha escolhe não ir à escola; o meu filho escolhe ir. Muito bem – um vai à escola e o outro não vai. A minha filha não quer ir à escola todos os dias e por vezes ela quer tirar uma folga, com o que estou completamente de acordo. Contudo, suspeito que isso não seja compreendido por parte da administração da escola, pelo que acabo por fazer com que ela tire a folga e depois...
ELIAS: Ah. Ora bem; pára aí.
LAURA: ...esse tipo de conflito provoca-me desconforto.
ELIAS: Por não te estares a admitir nem te estares a proporcionar a tua liberdade. Estás a camuflar, em associação a um padrão familiar - o medo em relação à crítica por parte dos outros. Para evitares o medo oriundo deles, tu crias uma camuflagem, e como tal arranjas uma desculpa em relação à tua filha. Isso é escolha DELA. É escolha tua participares e estares de acordo, e isso tu não precisas de justificar.
LAURA: Então ligo para a escola e digo, “A Cyan hoje não vai à escola”? Sem nenhuma explicação?
ELIAS: Se isso for a tua escolha. Não precisas justificar-te.
LAURA: O Zane beneficia do programa escolar de permanência em casa que a escola pública oferece de modo que pode usufruir destes programas intensivos que eles disponibilizam, cinco ou seis horas por semana, assim como das excursões. No entanto, uma vez por mês, eu tenho que comparecer e mostrar aquilo que ele fez na disciplina de matemática e na de leitura. E eu estou numa fase em que realmente não sinto vontade de o forçar a ler se ele não tiver vontade de ler. Ele sabe quando deve ler e lê quando sente vontade. Não quero necessariamente mostrar uma lista de livros que impressione os professores nem páginas cheias de trabalhos que ele tenha completado de forma coagida para termos alguma coisa a mostrar aos professores. Se ele pretender aprender matemática por meio do jogo do Monopólio, tudo bem para mim.
Mas, uma vez mais, é o medo de ser criticada ou de não fazer o correcto enquanto mãe e tudo o resto. Penso que não esteja adequadamente capaz de aceitar essa crença.
ELIAS: Além disso, como referi, não adoptes o modo preto no branco. Presta atenção a ti própria. Presta atenção aos teus filhos mas não a ponto de te excluíres a ti própria. Não é uma questão de concordares com o que a criança pensa querer a cada momento e em todas as situações.
LAURA: Talvez possas validar esta impressão. Eu descobri esta semana que por meio dos lamentos do Zane em relação à matemática, eu penso que ele quer que o force a estudá-la.
ELIAS: De certo modo. Não é preciso designares isso como forçar, só que por vezes a tua participação torna-se numa compensação e gera-se uma motivação da parte dele pela tua interacção e pela inspiração da parte de outros e um lembrete exterior de que o que parecerá ser uma obrigação pode ser percebido de um modo divertido.
LAURA: Nós passamos por esta coisa das lamúrias e de começar a apoiar a cabeça quase diariamente. Assim que começamos a atravessar essas dificuldades todas e ele realmente faz os trabalhos – e eu já empreendi imensos esforços para descobrir meios pelos quais o consiga motivar a faze-los, que penso correspondam ao modo que ele concebe e compreende as coisas – aí ele começa, “Olha aqui isto!” e começa a sentir espanto. Assim, nesse sentido, sinto que após termos atravessado tudo isso, passamos a estar de acordo e a coisa soa perfeita. Mas aquilo que não me agrada é todas aquelas lamúrias e o aspecto de ansiedade que ele apresenta.
ELIAS: Estou a compreender. Mas permite-te avaliar e reconhecer o que TU estás a criar nessa interacção. Antes de mais, tu antecipas a briga antes dela se apresentar. Além disso geras igualmente uma associação de já não te encontrares de acordo e de que o modo pelo qual poderás ser bem sucedida é somente através do acordo.
LAURA: Certo, eu acredito fortemente nisso.
ELIAS: O que consiste naquilo que estávamos a debater. Vós podeis cooperar sem qualquer acordo.
LAURA: Não entendo isso, mas penso que voltarei atrás e o observarei. (Ri)
ELIAS: Mas podes escolher passar a interagir com os outros que se achem na proximidade física dele, porque eles poderão igualmente proporcionar uma partilha de experiências que possam demonstrar este conceito.
Nesse sentido, tem igualmente em mente que esses pequenos não são muito diferentes de ti. Quantas vezes não terás empregue o acto de pensar desejares alguma manifestação ou quereres obter alguma orientação ou expressão, quando na realidade o teu pensar não corresponde necessariamente ao que genuinamente queres e pode representar uma tradução imprecisa?
Os teus filhos experimentam uma coisa semelhante. Eles também são indivíduos e fazem parte da vossa espécie, tal como tu. E à semelhança de ti, incorporam as suas crenças e os mesmos mecanismos do pensamento e da escolha e da comunicação, mas podem não reconhecer necessária nem automaticamente que os processos do pensamento que elaboram nem sempre são exactos.
Reconhece igualmente que os indivíduos não incorporam actos que não lhes tragam uma recompensa. Por isso, a recompensa que recebes nessa situação conflituosa reside na validação das tuas crenças: a realização é obtida através do trabalho; a realização ou o êxito é alcançado por meio de alguma luta. Tu proporcionas a ti própria uma expressão de consumação, mas antes disso geras todo o conflito e toda a luta. Além disso, expressas a percepção que tens do pequeno que não está de acordo contigo e que a realização se expressa de forma bem sucedida por intermédio do acordo e não da cooperação, por a cooperação só poder ser alcançada através do acordo. Isso consiste numa verdade, mas que não é verdadeira.
Nesse sentido, a recompensa dele passa por uma interacção intensa contigo e pela total atenção e concentração que lhe dispensas. Também encontra outra recompensa no exercício do poder dele, e a frustração que sentes está ligada à recompensa que recebe em termos de validação do seu poder – não pelo facto desse poder ser mau, mas de ser susceptível de se manifestar por modos que possam ser mais benéficas e menos conflituosos.
LAURA: Eis uma ideia que tive. Tomos concordamos com uma maior dose de liberdade de expressão isenta de coerção para a vida dele do que certamente a que a maioria dos garotos na nossa sociedade alcançam, de forma a que obtenha o menor conflito possível ou razão para sentir conflito no seu viver. Por vezes penso que chegue a gerar este pequeno conflito de forma a poder experimentar um pouco de conflito e talvez a tornar-me capaz de perceber o poder que lhe assiste aí, em meio ao conflito.
ELIAS: Por vezes.
LAURA: É engraçado, porque nós não andamos às voltas em relação à matemática. Eu conversei com ele acerca de não fazer nenhuns cadernos de exercícios e ele passou a fazer aquilo que quer, e diz que também não os quer fazer. Ele quer que eu o obrigue a trabalhar neles, no entanto passamos por esta pequena dança todos os dias. Foi o que me fez pensar que talvez ele queira trabalhar neles e pense que o desejar.
ELIAS: Permite que te identifique outra coisa, que não é distinta aos teus olhos nem aos daqueles que percebes não mais como crianças. Eles expressam uma energia natural no sentido de se orientarem. Mas também expressam crenças. Esse acto natural de se orientar a si próprio não vos é familiar. É um tanto mais familiar no caso dos pequenos, por não se sujeitarem ao absoluto dos papéis; Mas continua a ser um tanto inabitual, por ainda não terdes realizado a mudança. Por isso, da falta de familiaridade dessa orientação pessoal, por vezes resultam dificuldades. E tu também experimentas isso.
As pessoas expressam fortemente desejar expressar essa liberdade em vários sentidos. Desejam dispor dessa liberdade no seu foco, mas começam a produzir a expressão dessa liberdade duma forma crescente e começam a ficar confusos. Bom, que haverão de fazer? De que modo irão dirigir a energia deles? Que acção passarão a empregar? “Qual será a preferência que tenho? Que é que quero? Disponho desta liberdade mas não tenho a certeza quanto ao modo de a implementar.” Os pequenos têm consciência de dispor de liberdade, e sabem estar a orientar-se. Mas por vezes também sentem dificuldade com essa liberdade, porque aquilo a que estão habituados é a estruturar.
Por isso, “Se eu me permitir conduzir e empregar a acção que desejar e produzir o que quiser, isso traduz uma liberdade formidável. Que será que quero?” Prevalece a incerteza. O que impera como factor comum nessa incerteza é passardes automaticamente para a assumpção do que designaríeis como generalização e uma ideia vaga: “Quero felicidade; quero ser capaz de expressar a minha liberdade pessoal em todas as áreas.” A criança dirá: “Quero aprender”, e nos vossos termos ou nos deles, “Quero obter resultados”; “Quero explorar as minhas habilidades e o que poderei realizar.” Mas... de que modo?
Eles valorizam os seus feitos e a exploração que obtêm das habilidades de que dispõem, porém nem sempre têm a certeza quanto ao modo de controlarem essas habilidades. Não se trata duma situação de os orientar mas de gerardes uma cooperação com eles e de partilhardes com eles, participando desse modo de uma forma que lhes apoie essas habilidades.
Se ainda sentires confusão, volta-te para o teu próprio caso. Permite-te produzir uma associação qualquer em ti própria com comportamentos ou com actividades ou com expressões que tenhas referido não querer fazer. Nesse sentido, poderás expressar para ti própria a certa altura: “Eu não quero fazer nada. Não quero fazer seja o que for além de folgar.” Se concederes a ti própria tal acção durante um período prolongado, acabarás por te aborrecer, por não ser convidativo nem desafiador. Por isso, passas a adoptar a jovialidade por meio das coisas que te estimulam, por meio da exploração disso, porque essa é também a razão porque te manifestaste nesta dimensão.
Lembra-te de que eles não são diferentes de ti. Por isso, se estiveres a experimentar conflito ou desafio na interacção que tiveres com eles, explora o teu caso e o que te motivará tal conflito em ti, e poderás reconfigurar isso e mudar o cenário dando desse modo lugar a um cenário diferente, um cenário completamente novo.
LAURA: Estavas a falar de generalidades, e eu de facto gosto de auscultar esses curtos momentos do meu viver. (Ri) Penso que eles revelam muita coisa. Como por exemplo eu trazer à baila o cenário do nosso pequeno livro de matemática ou o de me encontrar na lição de flauta – esses cenários para mim dizem-me muito acerca do que se passa de facto e do modo como abordo as crenças que tenho. Fico-te grata por teres debatido esses pequenos exemplos da minha vida de modo tão minucioso.
ELIAS: Não tens de quê. (Ri de modo abafado)
LAURA: Obrigado, Elias.
ELIAS: Não tens de quê, minha amiga. Fico na antecipação do nosso próximo encontro, e continuarei a estender-te encorajamento e energia de apoio para o teu desafio. (Ri)
LAURA: Oh, antes de te ires, posso-te colocar duas questões? Há umas duas semanas estava no concerto e vi uns pontos de luz arredondados a brilhar e a cintilar directamente diante dos meus olhos. Senti que fosse uma comunicação da tua parte. A seguir, o sem abrigo em frente ao McDonald, de olhos azuis claros – terás estado mesmo envolvido nessa interacção?
ELIAS: Foi uma projecção de energia. Não se tratou duma manifestação súbita nem duma aparição da minha parte, mas existe uma incorporação da minha energia, no caso daquele indivíduo, que se expressa através de ti.
LAURA: Eu apenas notei que os olhos dele pareciam incongruentes de qualquer jeito com a situação dele, e tive um debate interessante. É um outro pequeno momento de que talvez te fale numa outra altura qualquer.
ELIAS: Muito bem! (Ri) Para ti, com um enorme afecto, minha amiga, au revoir.
LAURA: Au revoir.
NOTAS:
(A fim de suscitar um entendimento mais cabal da temática aqui explorada, entendi apresentar o excerto que se segue, que contém pontos de vista suficientemente esclarecedores e que poderá suscitar um esclarecimento adicional ao meu leitor)
...
VICKI: Faz todo o sentido para mim, mas ele colocou umas questões pertinentes. Portanto, se um garoto decide que ir à escola deixou de ser divertido, nesse caso ele deverá deixar de ir à escola?
ELIAS: Sim.
VICKI: E isso não representará uma coisa pouco prazenteira provavelmente, digamos, para os pais?
ELIAS: Cada indivíduo incorpora, no seu próprio foco, as próprias escolhas. Por isso, tu não te baseias nas acções dos outros; e se não estiveres a dispor de diversão, tu dispões igualmente de escolhas, a fim de eliminares o que te estiver a causar conflito. Acredito que hás-de concordar que, se uma criança não estiver a obter prazer durante os anos de aprendizagem, razões não faltarão para que isso seja eliminado de forma a permitir que obtenha prazer. Além disso, esse mesmo indivíduo pode escolher deixar de ir à escola, por assim dizer, mas isso não significa que venha a experimentar prazer no facto de deixar de a frequentar.
Cada indivíduo possui uma identidade; coisa que, no foco físico, este aspecto da consciência oferece resistência temporária a todos os demais, procurando desse modo estabelecer a sua identidade. Nesse sentido, descobrirás que os indivíduos a quem é negada a expressão pessoal da sua identidade tendem a ser mais duros em relação a todo e qualquer um que lha ameace ao se apresentar como uma autoridade. A autoridade simboliza, para vós, outro indivíduo que vos diga o que fazer ou o modo como faze-lo, ou o que pensar ou o modo de ser. Nesse sentido, se tiverdes estabelecido a vossa identidade de uma forma consolidada, haveis de encontrar muitos indivíduos que vos reivindiquem isso, mas não vos importareis por isso não vos afectar, porque essa parte ou esse aspecto da vossa consciência estará em coesão e não sofrerá ameaça alguma na sua identidade.
Isso conduz-nos de volta à expressão que usei contigo, de que se incorporares a essência duma forma consistente, eliminarás muitos dos conflitos e passarás a dispor de muito mais prazer, se não mesmo duma forma contínua. Poderás dizer, “E se um indivíduo não tiver vontade de cultivar a terra? Que haveremos de comer, se ninguém cultivar alimentos?” Incorrecto! Sempre há quem encontre prazer e diversão nesse trabalho. Há sempre quem encontre prazer no processo de aprendizagem. Aqueles que não sentem prazer em aprender também não estão a aprender!
Por isso, derrotais o vosso propósito! (Riso, seguido de acordo, por parte do grupo) Vós adoptais na vossa realidade aquilo que achais de prazenteiro e positivo. Decidis passar a incorporar o que acreditais ser negativo ou não prazenteiro quando vos convenceis de não serdes capazes de lograr a outra coisa. Por isso, saís-vos bem e produzis com toda a eficiência por meio do que designais como aspectos negativos. Em ambos os casos, vós criais de um modo eficiente. Sois competentes em ambos os aspectos. Sempre há essências que venham a empregar-se, em todas as áreas do foco físico, a fim de cumprirem com as vossas necessidades.
Na área da educação, isso está completamente limitado ao caso inerente ao foco físico; porque na essência, toda a essência que se manifesta fisicamente comporta um desejo e uma paixão natural por aprender. Isso é exemplificado logo nos primeiros instantes da inspiração, à nascença. Mesmo antes de inspirar a vida, a essência, ao crescer dentro do útero, usa de aprendizagem e de desejo e de crescimento. Por isso, a questão dum indivíduo focado no físico que não sente prazer com a aprendizagem resulta dum efeito directo do foco físico, e das regras que terão usado nas vossas sociedades e nas vossas comunidades. Vós reprimistes-vos e aos vossos filhos, e encorajais a separação. Ao vos separardes encorajais igualmente o conflito e a ausência de prazer. Se vos sintonizardes, havereis de notar existirem indivíduos que não são tão encorajados a separar, e as suas essências expressam-se por uma sede de conhecimento físico; é aí que encontrais a diferença.
Quanto à pergunta que me lançaste: “Então, que é que faremos após isso ter sido alcançado? Isso está tudo bem e seria excelente se fossemos todos criados na perfeição, mas não somos. E se uma criança não desejar permanecer na escola, nesse caso que acontecerá?” Isso será a escolha do indivíduo, e ele lidará com essa escolha na realidade convencional oficial que todos tereis criado; e tu, quanto mãe, também dispões de escolhas. Se não te sentires de acordo, então não concordes! Se não experimentares prazer com a desistência dessa criança, então só precisas formular as tuas próprias escolhas, uma das quais obviamente consiste em te desligares da situação - o que me é mais fácil a mim de te dizer do que tu conseguires implementar! Mas se confiares genuinamente na essência e compreenderes de modo autêntico que cada indivíduo cria a sua própria realidade, aí não haverás de experimentar nenhum conflito com isso.
A frase mais difícil que alguma vez vos terei declarado é a de que vós criais a vossa realidade, porque isso não vos incorpora meramente a vós mas a todos os indivíduos distintos de ti e separados de ti, por eles também criarem a sua própria realidade; e na vossa realidade, cada um de vós criou premissas de certo e errado, de acordo com o que passais a criar a vossa realidade. (Pausa) Mas o Elias está novamente a ser frustrante!
VICKI: Não, eu estava mais a pensar no Michael, na conversa que tive com o Michael outro dia.
ELIAS: Oh, o Michael já se sente (suficientemente) frustrado!
VICKI: Um dos exemplos que ele usou na conversa que tivemos, bom... se uma mulher tiver um filho e decidir... (Vicki estende o copo ao Elias e ele toma um gole)
ELIAS: Obrigado.
VICKI: ... e decidir ter deixado de ser prazenteiro após um mês ou dois: “Isto não tem mais piada, vou levar esta criança e deixá-la á porta ou deitá-la para o caixote do lixo e vou continuar com a vida de prazer.” Ainda estou a ouvir o Michael a dizer-me isso na noite passada. Penso que terias que supor que por essa altura, a criança também estaria a criar a sua própria realidade?
ELIAS: Aqui, isso está excessivamente simplificado; mas essencialmente, isso seria acertado.
VICKI: Acontecem coisas dessas na nossa realidade!
ELIAS: Diria que sim! Não é que jamais tivesses ouvido falar na ocorrência de casos desses na vossa realidade física. Eles acontecem deste a alvorada dos tempos. Não se trata de nada novo! Vós associais noções de certo e de errado a isso, pelo que o percebeis como moralidade. Mas essencialmente isso não passa de experiências. O que não quer dizer que esse indivíduo que abandona a criança esteja a obter prazer! O problema que experimentais é que muitos nem sequer fazem uma ideia do que o prazer ou a diversão queiram dizer, e isso em si mesmo constitui a base. Eles não têm um vínculo e apenas estabelecem escolhas com base no que lhes traga diversão. Estabelecem escolhas com base na separação e em suposições. Por isso, podes empregar a indagação “E se,” que eu também vos posso estender, a ti e ao Michael, que em face de todos esses “E se,” eles não estão a estabelecer escolhas por diversão. Eles nem sequer entendem a sua realidade. Vós entendeis. Existe toda uma diferença.
VICKI: Daí, a declaração vaga.
ELIAS: Absolutamente.
VICKI: É mais ou menos o que eu calculava, mas...
ELIAS: Tal como eu te digo de forma generalizada que não existe certo nem errado; ou tal como digo, que vós criais a vossa realidade. Não tem refutação. O Michael muitas vezes pode ter vontade de discutir, mas isso não altera coisa nenhuma. Trata-se de realidades. São verdades. Ele pode dar por si na experiência de ver essas verdades a partir duma perspectiva nova – sob uma outra designação, por assim dizer – no caso da Rosa (Nota do tradutor: Rosa, neste caso, refere-se à filha mais velha da Mary que saiu de casa cedo por opção própria para seguir a sua vida, ao contrário da Elizabeth); e a diferença, se a Elizabeth incorporar sentido de união ao invés de separação, no modo como um indivíduo poderá naturalmente expressar impulsos e criatividade e prazer e um desejo por todos esses aspectos da essência, os quais são naturais se não forem bloqueados. (Sorri, seguindo-se uma pausa)
Talvez as vossas crianças não devessem ir às vossas escolas. Talvez devessem aprender a unir-se ou a relacionar-se, e aí talvez passassem a desejar aprender conceitos relativos ao seu universo, tais como a anatomia deles ou astronomia ou as suas matemáticas. Ou a ler, por com toda a certeza desejarem dispor de muitos livros! Eles dispõem de mananciais de conhecimento ao alcance da mão e rejeitam-nos, devido a que o vosso foco tenha estabelecido uma tal separação que eles deixam de se interessar mais pelo que são concretamente. Tal como vós, que vos encontrais aborrecidos com o vosso enfoque físico, eles não se interessam! Talvez ele devesse pensar nisso e preocupar-se em se divertir, e deixar de se preocupar com o facto de outro indivíduo estar a obter prazer!
VICKI: Pela parte que me diz respeito, penso que se trata dum conceito incrível.
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